quarta-feira, julho 29

Resoluções de férias (ou não): aumentar a família

Passar férias com um filho pequeno não é necessariamente estar de papo para o ar com imenso tempo para pensar - não mesmo - mas a divisão de tarefas com o mini, as idas à praia e a outros sítios que nos inspiram e nos deixam relaxados e mais conversas a dois fazem-nos ter aquela sensação de final de ano e de vontade de começar novos projetos. Já me vieram dois ou três à cabeça mas inevitavelmente aquele que mudará mais a minha vida será o segundo filho. Como decidi tirar uns anos para ter os filhos todos seguidos, a decisão não tardará mas, enquanto andamos aqui a ganhar coragem, dei por mim a fazer listinhas sobre as vantagens e desvantagens de ter filhos com idades próximas:

O bom
1. Brincadeiras parecidas, maior proximidade de interesses e eventualmente maior cumplicidade entre  os filhos  
2. Bloco familiar mais fácil de gerir no futuro - se um tiver 10 anos e quiser ir ao cinema, é chato ainda ter um bebé de dois que não pode ir...
3. Os mesmos livros escolares
4. Fraldas e afins em modo concentrado - não dá tempo para nos esquecermos como se lida com um bebé, basta mantermo-nos atualizados 

O menos bom
1. Desgaste maior meu e do pai a curto prazo 
2. Possibilidade dos filhos encobrirem mais os disparates uns dos outros sendo mais próximos 
3. Despesas maiores mais concentradas: creches, universidades, erasmus...
4. Maior dificuldade em distribuir os miúdos pelas ajudas quando saímos os dois, sobretudo quando pensamos em ir ao terceiro

Confesso que uma das coisas que mais me preocupam é a gravidez com um bebé tão mexido em casa, estar sempre no chão com ele, os pontapés, pegar-lhe ao colo para quase tudo... E os primeiros tempos de habituação de ter dois comigo, gerir a amamentação a um enquanto o outro tenta deitar tudo o que pode para o chão e põe as mãos em tudo o que não deve, saber o que faço a um enquanto adormeço o outro. Sei que é uma questão de prática e que depende muito dos bebés, mas é um desafio enorme que me assusta e muito. A questão de pôr o Henrique na creche quando o próximo nascer é uma forte possibilidade e ajudaria muito a gerir a situação, mas não quero que se sinta posto de parte ou preterido agora que já se habituou a estar comigo em casa, mas também sei que aos dois anos será uma óptima altura para deixá-lo ver mais mundo... São daquelas decisões muito pensadas e temidas mas que depois se tomam de um dia para o outro, como a mergulho que damos sem pensar, mesmo sabendo que a água está gelada... É preciso coragem! 

segunda-feira, julho 27

As primeiras férias a três (parte II): o que trouxemos (e voltaríamos a trazer)



Fazer malas para dois, era fácil. Para três ou a mais a logística é um bocadinho maior, mas ainda se faz sem grandes dramas. Na minha opinião, o melhor é tentarmos sempre visualizar as rotinas do bebé. Se ainda não anda é fundamental a espreguiçadeira. Se já gatinha ou começou a andar há pouco, como o nosso, a cama de viagem faz de parque e a cadeira da papa é essencial para controlá-lo, pelo menos à mesa. O resto depende muito da casa para onde se vai. Nós vimos há anos para o mesmo sítio e já sabemos que podemos contar com máquina da roupa, ferro e que está bem apetrechada em termos de utensílios de cozinha.

Este ano juntei assim alguns itens à nossa bagagem e o carro veio um bocadinho mais atulhado que o costume. O que não pode faltar para o mini, além da roupa que é quase tudo o que tem para esta idade:

- Cama de viagem da Chicco (é herdada e um bocadinho pesada, mas é bem sólida e fácil de montar)
- Cadeira da papa IKEA (tão fácil de desmontar e tão prática que já não sei viver sem ela)
- Varinha mágica e 1,2,3 para os purés de frutas e para a única sopa que fiz nas férias para ele (congelei e vou tirando para ir intervalando com as Blédina e afins, se viéssemos diretamente traria várias congeladas para evitar o trabalho, talvez para o ano...)
- Lancheira térmica pequenina e aquelas coisas que se põem no congelador a refrescar (nome?) para levarmos os iogurtes e a fruta dele para a praia
- Intercomunicadores
- Bóia para a piscina
- Banheira insuflável, que também serve de piscina no terraço
- Medicamentos e afins: Benuron, Fenistil, Vigantol, Mitosyl
- 2 mudas de cama e 2 toalhas de banho
- Saco com brinquedos de praia e saco de brinquedos para casa que inclui 1 ou 2 livros e mais alguns brinquedos na minha mala e no carro
- Biberons, caixinhas plásticas da Avent para a fruta da praia, babete plástico da papa
- 1er Gel Lavant da Uriage que dá para o corpo e cabelo (o champô deixamos em casa), creme Xémose da Uriage (super hidratante para a pele do mini recuperar devidamente das agressões da praia) e creme protetor fator 50 mineral da Avène
- 1 pacote de fraldas e 3 de toalhitas (foi preciso reforçar)

Além da nossa roupa e produtos de higiene, costumo também trazer:
- Esfregão da loiça (não dá jeito nenhum andar a comprar packs em férias e depois trazer tudo para cima)
- Detergente da loiça e roupa em doseadores mais pequenos (este ano o da roupa está a dar imenso jeito porque não há t-shirts limpas suficientes para as que um bebé suja, já fiz duas máquinas e assim também evito o excesso de trabalho quando regressar a casa - chamem-me louca mas prefiro assim) 
- Rolo de cozinha
- Kit com sal e especiarias em miniatura
- Kit de medicamentos (gosto sempre de ter uma pastilhinha ou um cremezinho para toda a maleita e bem jeito me dá)

O que me fez falta e devia ter trazido:
Kit de costura (o saco do chapéu da praia rompeu-se e é uma seca transportá-lo assim)

Se ainda estão para ir e a fazer malas, boas férias! 

domingo, julho 26

Os momentos que não fotografamos são os melhores

Não sou uma óptima fotógrafa, nem acho que deva andar sempre de telemóvel ou câmara em punho. Sou terrível a escolher filtros no Instagram. Por mais que tente partilhar em imagens fragmentos da minha vida, eles serão sempre apenas resquícios da essência dos meus dias, daquilo que realmente vejo com os meus olhos. Quando estou a viver momentos mesmo bons é quase um esforço lembrar-me que quero registar aquilo em fotografia, porque eu sei que o melhor vai mesmo ficar guardado dentro de mim. Também é por isso que adoro sessões fotográficas e me disponho a abrir a porta da minha casa e a mostrar-nos nas nossas imperfeições, ainda que seja difícil, porque de outra forma teria muito poucas fotografias em condições. Gosto tanto de arte que estudei a sua História na faculdade, mas sou incapaz de produzir algo artístico no domínio da imagem. Aqui encontram, por isso, muito mais textos do que fotografias, com o filtro do meu olhar sobre as coisas, com a rapidez ou a lentidão que a vida permite, com a peneira dos valores que os meus pais e o mundo me deram, com as gralhas de cansaço e da necessidade imediata de partilhar uma ideia. E por muito que estejamos num tempo em que se vêem muito mais imagens do que se lêem textos, espero que estes dias valham a pena porque, tal como não acredito que um artista passe a vida a pintar telas em branco, ou a procurar encontrar o brilho de um vidro, ou ainda o equilíbrio perfeito das cores, se não fosse por uma obcecada paixão e determinação, acreditem também que não insistiria em pôr esta minha família em primeiro lugar na minha vida e em falar sobre todos os detalhes que nela me despertam curiosidade, se não fosse pelos mesmos motivos.

sábado, julho 25

Dá vontade de engolir




Cada vez que olho para este miúdo, surpreendo-me sempre, não dá para "consumi-lo" e ficar satisfeita durante muito tempo, é sempre preciso olhar e beijar mais e mais. Basta afastar-me dois minutos e quando volto lá se renova o encantamento, é como se o visse pela primeira vez. Acho sempre que não há imagens que transmitam o suficiente o quanto ele é encantador aos nossos olhos em todas as suas expressões, gestos e sons. Também deve ser isto ser mãe.

sexta-feira, julho 24

Os três copinhos de leite



Quando era adolescente e até um bocadinho mais tarde, incomodavam-me sempre os comentários no regresso de férias sobre o meu tom de pele muito branco, perguntavam-me se tinha ido mesmo à praia, chamavam-me "bifa", entre outros mimos. E eu a rir lá ia aguentando aquilo, e fazendo um esforço para estar ao sol mais tempo, apesar de detestar o excesso de calor, chegando mesmo a tomar cápsulas potenciadoras do bronzeado e a usar cremes especiais, mas a minha melanina - ou a falta dela - simplesmente não colabora. Há meia dúzia de anos que deixei simplesmente de me preocupar com o bronze. Por mais que me protegesse com protetor 30, expor-me ao sol em demasia significava quase sempre escaldão num ou noutro interstício onde não tinha posto tão bem o creme e, não só era um inferno ficar às manchas, que por vezes se notavam todo o inverno, como sempre tive imenso medo das doenças de pele.

É por isso que, agora com o Henrique, não me incomoda nada que façamos praia só nas horas boas. Este ano os melhores amigos da nossa pele, já que somos os três uns copinhos de leite, têm sido, além da sombra, chapéus e óculos de sol, os protetores 50 da Avène - mineral para o mini, a conselho da pediatra. Não se pode dizer que seja a tarefa mais agradável besuntá-lo de ponta a ponta e espalhar bem para não ficar com aquele ar de fantasminha Casper, porque esperneia por todos os lados, mas pomos todos antes de sairmos de casa e ficamos muito mais descansados. É um investimento de tempo que compensa em menos chatices na praia (com areia à mistura este ritual ainda é mais complicado neles, e assim basta ir repondo aqui e acolá) e sem dúvida em saúde. Quanto aos comentários, hoje é para o lado que durmo melhor. Apesar de estar a léguas, adoro ver mulheres lindas e brancas como a Julianne Moore, Marion Cotillard, Anne Hathaway e sei que tenho muito mais possibilidades da minha pele envelhecer melhor.

terça-feira, julho 21

As primeiras férias a três (parte I): os ritmos de hoje e os de antigamente


A parentalidade é uma surpresa constante. Não só estamos sempre a lidar com um ser em transformação, como estamos permanentemente a ter de alterar e rever aquilo que já fazíamos antes dele chegar, férias incluídas. Chegámos no domingo ao final do dia ao mesmo sítio onde passamos as férias de Verão há anos, Tavira. Adaptação tem sido a palavra de ordem. Andamos a testar um plano estratégico que seja bom para todos, equilibrismo que geralmente pende mais para o que é bom para o minúsculo do que para nós, mas gostamos de o ver feliz e estamos conscientes que os primeiros anos  - de todos os filhos - são os mais difíceis (temos pelo menos aí uns seis anos disto, vá... com a dificuldade a crescer de ano para ano mas a experiência a aumentar).

Eis a comparação das nossas rotinas antes-H. e pós-H.:

O despertar
Antes: Acordar às 10h/10h30 sem pressas
Agora: Acordar às 07h sempre, ele não dá tréguas: aqui sou eu que asseguro o biberon, o pai acorda durante a noite para pôr a chucha enquanto eu finjo que estou morta (geralmente não oiço mesmo, salvo se estiver sozinha em casa com ele), despachamo-nos rápido porque ele está com a energia toda e não há quem o segure em casa sem se atirar a tudo o que é esquina

O dia
Antes: Praia das 11h até às 20h à sombra de uma palhota, com almoço leve levado de casa ou comprado no bar da praia
Agora: Praia das 08h às 10h/10h30 sem direito a palhota, porque não vale a pena pagar por espreguiçadeiras se vamos estar a brincar com ele na areia, e com chapéu de casa para podermos regular à vontade do freguês, arranjar um lugar fresco para o iogurte da manhã, metê-lo no carro e aproveitar a sesta dele num café da cidade para pôr a nossa leitura em dia, até ele acordar e começar a ficar demasiado impaciente. Almoço em casa seguido de sesta, geralmente para todos. Praia novamente das 17h30/18h às 20h.

O anoitecer
Antes: Chegar a casa da praia e desfrutar daquela sensação maravilhosa de tirar o sal da praia, pôr creme, secar o cabelo com secador e passar a placa de alisar, maquilhagem, perfume... e por fim sair para jantar fora e passeio na cidade, concertos ao ar livre, saltinho a Vilamoura ou a outra cidade mais movimentada se nos apetecesse.
Agora: Chegar a casa, pai toma banho a correr, eu passo-lhe o bebé para o duche, preparo-lhe roupa e visto-o mal sai, pai veste-se e dá-lhe jantar enquanto eu tomo banho num ápice com passagem rápida pelo secador e no máximo um bocadinho de rímel. Depois é metê-lo no carro e rezar para que adormeça ferrado (a praia ajuda) para podermos jantar sossegados e que só acorde lá para a sobremesa. Deitamos cedo para estarmos fresquinhos no dia seguinte.

Quanto mais interiorizado isto estiver e melhor aproveitarmos os tempos de descanso dele, melhor funciona para todos. Se há coisa que tenho aprendido, desde que estou em casa com o Henrique, é que contrariar o ritmo dos bebés só traz chatices, birras, dores de cabeça. Não vale a pena fingirmos que somos muito cool, muito relaxados para termos um bebé a chorar, infeliz, cheio de calor ou cheio de sono. É meio caminho andado para nós próprios termos uma crise de nervos porque nem aproveitamos o que queremos fazer, nem ele está bem.

Tivemos 10 anos para nós, agora é justo dar-lhes a eles o espaço dele(s), o tempo dele(s). Nós vamo-nos revezando para termos os nossos momentos  pedindo ajuda aos avós e tias para as saídas a dois, quando estamos em Lisboa ou em Coimbra. Rapidamente os filhos deixarão de querer vir de férias connosco e nessa altura voltaremos a ter a praia para nós, as palhotas, as espreguiçadeiras (mas morreremos de saudades destes tempos e vamos recordá-los de mojito na mão, tenho a certeza). Agora é deixar a onda passar e desfrutarmos com toda a alegria a maravilha que é acordar com um bebé feliz a palrar, brincar horas às forminhas com ele na areia, mostrar-lhe as gaivotas, as conchinhas, dar-lhe beijinhos quando está em modo croquete, ser o aconchego dos soninhos dele quando regressamos da praia...

A felicidade sem filtros



sexta-feira, julho 17

Quem é afinal esta mãe que vos escreve?




Prefiro claramente escrever a falar em público, mas este convite da jornalista Sara Marques resultou num dois em um. Por um lado dar-lhe material de trabalho, por outro dar-me a conhecer aqui um bocadinho melhor. Fica o resultado de uma conversa breve mas muito simpática, num dos meus sítios preferidos, o Parque de Jogos 1º de Maio. Obrigada, Sara.

quinta-feira, julho 16

O Henrique anda a ler o blogue


Só pode. Depois de me ter queixado que ele andava impossível e que já não sabia o que fazer, ontem e hoje voltou ao seu estado normal de anjo na terra. De repente come outra vez lindamente, sem birras e sem nos obrigar a manobras de distração ao nível do Cirque du Soleil. Tem dormido sestas até grandes demais, obrigando-me a adiar combinações em honra do repouso de Sua Excelência. E já temos uma cama de viagem herdada que tem servido de parque na perfeição. Ah, até nos deixa dar abraços e beijinhos, que retribui com gritinhos de satisfação delirantes... Estou no céu mas isto das fases das crianças tem qualquer coisa de muito bipolar. Deixem cá ficar esta versão, está bem? Prometemos cuidar atentamente. É que o cansaço assim até sabe a rebuçados.

A mãe dá #1 Uma coroa da BeBunXi



Para comemorar as primeiras 12 mil visitas do blogue, em menos de dois meses, a mãe juntou-se a uma marca amiga para presentear um dos nossos leitores. A BeBunXi é uma marca portuguesa com brinquedos, roupa e acessórios para os nossos pequeninos feitos à mão por uma mãe arquiteta e cheia de bom gosto. Juntas vamos oferecer esta coroa de príncipe ou princesa às bolinhas, que é simplesmente de babar - já estou a imaginar uma sessão fotográfica com ela posta no meu minúsculo, mas esta vai mesmo para vocês!... Para se habilitarem só têm de:

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O passatempo é válido até dia 31 de julho, e o feliz contemplado será escolhido através do random.org e contactado por email.




segunda-feira, julho 13

Coisas que eu faço


Corte Inglés. Um casal, ela grávida, os dois com cara de ponto de interrogação em frente a um monte de cadeiras da papa. Para mim, todas um trambolho, cheias de interstícios para limpar, algumas lindas de morrer, como a da Stokke, mas demasiado caras. Eu que já estive tantas vezes naquela situação em busca da utilidade, do conforto e da segurança ao melhor preço mas com milhares de opções à frente, e com um bebé a salvaguardar-me de parecer uma doida, nem pensei duas vezes: " - Desculpe meter-me mas se estão a pensar comprar uma cadeira da papa, escolham a do IKEA, aquela a menos de 20€ que, além de ser uma pechincha, faz o mesmo que as outras todas e ainda dá para levar de férias. A sério, uma cadeira da papa não é uma espreguiçadeira perfeita, nem uma excelente secretária por isso não acreditem nas que misturam isso tudo". Eles pareceram francamente aliviados. Ainda pediram opiniões sobre espreguiçadeiras. E eu, sem ninguém me ter pago para nada disto ou pedido de opinião, fui à minha vida como se fosse normalíssimo fazer aquele papel de guru da maternidade com desconhecidos (mentira, andava à procura de um parque e bem me teria dado jeito uma mãe experiente por perto).

Henriq(uieto)!


Os dias andam agitados. Há novas movimentações cá em casa. O Henrique de repente começou a gatinhar a toda a velocidade para a frente (já gatinhava, mas só para trás!) e por todo o lado, sobretudo para onde não deve: fichas elétricas (tapar: check!), dvd, box e afins, quer roer as pernas das cadeiras e mesas, bate com a cabeça nas grades da cama por tudo e por nada (as proteções são baixinhas, vamos ter de providenciar melhores). Na hora do nosso banho, a espreguiçadeira, já é para esquecer, vira-se a ele e à cadeira. Andamos por isso em busca de um parque, tipo tábua de salvação, particularmente importante para mim, que estou com ele todo o dia em casa e preciso de fazer coisas prementes como vestir-me, fazer xixi, cozinhar e não posso estar o tempo todo em cima dele a toldar-lhe os movimentos. As investigações estão quase terminadas, por força da urgência. Cá em casa, talvez devido ao cansaço ou à muita vontade de aproveitarmos bem os tempos livres, tendemos a não antecipar muito estas questões e ainda não nos tínhamos dado muito mal. Até agora...

Por outro lado, de há uma semana para cá começou a desafiar-nos, e a sério, com birras de ficar roxo, a bater na colher da sopa e a espalhá-la por todo o lado, a não querer adormecer na hora da sesta, nem no colo, por vezes. Estamos a tentar não deixar passar em branco o assunto para não darmos azo a crises piores. Ler alguma coisa sobre isto mas é tudo tão contraditório - mimos extra vs disciplina.

Para mim, é muito difícil não transparecer que fico zangada naqueles momentos de tensão, canto para fingir que não me está a afetar, tento distraí-lo, resolver o problema de cada birra em particular, mas é inevitável não pensar que em cada gesto o estamos a educar ou a deseducar. As dúvidas são mesmo mais que muitas. No final, por mais desafiantes que sejam os dias, que nem escrever me deixam - ou aproveito as mini sestas para dormir e ganhar forças para as birras seguintes ou começo a escrever e deixo a meio para ir pôr uma chucha ou tentar novamente embalar - não consigo deixar de olhar para ele, deliciar-me com as caras amorosas e dar-lhe ainda mais mimos nos momentos bons, porque não acredito nisso de crianças com excesso de amor. E penso que ele tem tantas outras coisas boas como dormir as noites inteiras desde as nove da noite, e já quase desde o início, que talvez isto seja só uma fase ou que podem ser os dentes a começar a chegar finalmente. Agradeço também ser eu a lidar com isto tudo diretamente e das culpas me poderem ser imputadas, se quiserem ir por aí... Prefiro ser eu a gerir tudo isto durante o dia, e o pai durante o resto do tempo, a eventualmente pensarmos que não estão a tratá-lo bem na creche. Somos os pais com as nossas virtudes e defeitos e estamos a aprender tudo sobre este bebé, tal como ele. Já devem ter reparado que gosto sempre de finais felizes, e de desabafos com conclusões positivas. Às vezes inibo-me até de escrever muito zangada, porque está na minha natureza ver o copo cheio, lutar sempre por dias melhores. Esta é a minha vida e por muitas outras que pudesse ter escolhido é muito fácil chegar à conclusão que esta é a melhor, que tenho tanta sorte e que tudo isto é suado porque é das poucas coisas que merecem realmente mantermo-nos erguidos e unidos. Ainda que às vezes possa parecer, mesmo fisicamente, esgotada e atarefada a resolver a logística toda à nossa volta, trago sempre um par de sorrisos guardados no bolso para estas alturas. E eles sabem como ninguém ir lá buscá-los.

domingo, julho 12

O melhor que fizemos: escolher o Serviço Nacional de Saúde


Quando o Henrique nasceu, a insegurança de vivermos a parentalidade pela primeira vez e o facto de precisarmos de um ninho para garantir que tratavam do nosso filho sem demasiados sobressaltos e desconfortos, fez-nos escolher as consultas de uma pediatra do Hospital da Luz. Parecia-nos a continuação natural do parto, que correu tão bem ali, e como tínhamos uma boa referência dada por amigos, acabámos por fazer lá as consultas dos cinco primeiros meses, todas as vacinas, uma urgência, análises.

Chegou uma altura em que percebemos que ele estava super saudável, ainda não nos tínhamos decidido por nenhum seguro e os gastos começavam a ser incomportáveis - sobretudo pensando que gostaríamos de dar as mesmas coisas a três filhos. Apesar da competência técnica nunca ter sido posta em causa, nunca sentimos uma empatia pessoal com a médica, achávamos as consultas muito curtas para o tempo de espera e ficávamos com a sensação de que ela andava às aranhas sobre o nosso processo, que havia pouco espaço para perguntas e as respostas aos emails/sms em horas de aperto um bocado a despachar.

Fui tentar resolver o nosso problema batendo à porta do centro de saúde da nossa nova área de residência. " - Não há médico de família para ninguém". Era o que temia. "- Mas vá ali abaixo à Unidade de Saúde Familiar USF), pode ser que a possam inscrever". Não fazia a mínima ideia do que tal coisa era, mas cheia de boa vontade lá fui de sorriso arreganhado a dizer que eu, o meu filho e os próximos dois (a fazer charme claramente) precisávamos de um médico. Na altura não percebi se me tinham achado graça a mim, se aos lindos olhos do Henrique, mas inscreveram-me de imediato e hoje sei que são simplesmente ultra competentes. Ainda que as vagas de médicos também não abundem por lá, tivemos a sorte da vida e podemos dizer que a nossa querida USF (um projeto-piloto do Serviço Nacional de Saúde mas com autonomia própria, que complementa os cuidados de saúde primários) é uma das maiores descobertas nos últimos tempos.

Como dizia, o cuidado com o utente começa logo no atendimento simpático e eficaz, na sala de espera pouco ou nada atulhada, porque a marcação e os tempos de consultas são eventualmente geridos a pensar nisso, o espaço é neutro, está bem cuidado dentro de um estilo austero perfeitamente adequado às necessidades, o nosso médico é atencioso, completo e faz questão de conhecer e documentar todo o agregado familiar (estamos os três a ser seguidos lá) e o corpo de enfermagem absolutamente competente e carinhoso. Na prática na Luz esperávamos uma hora para sermos atendidos em 15 minutos, aqui esperamos no máximo 15 minutos para sermos atendidos e, no caso do Henrique, passamos primeiro por uma enfermeira que pesa, mede, dá as indicações sobre alimentação de forma clara e pormenorizada, respondendo a todas as perguntas e dando abertura para outras abordagens trazidas pelos pais, avaliando ainda as questões de desenvolvimento. Passamos ao médico que o passa a pente fino. Não estamos lá menos de uma hora entre as duas coisas, e sem conversas desnecessárias. Talvez nas próximas consultas seja mais rápido porque ele está ótimo e já têm todo o historial. Connosco é tudo muito mais rápido mais igualmente eficaz e as análises também funcionam bem.

Com este acompanhamento do médico de família acabamos por evitar muitas consultas de especialistas (fora as óbvias: dentista, oftalmologista, ginecologista, no meu caso...) e sentimos que estamos permanentemente sob vigilância e com tudo em dia. É claro que se trata de um clínico geral mas, quando não há nenhum problema em particular, não vejo necessidade de fazermos o seguimento dos nosso filhos exclusivamente no pediatra. Ainda não experimentámos as urgências, mas para já estamos fãs. Sentimo-nos a irradiar saúde e mesmo bem tratados, tal e qual aqueles protagonistas sorridentes de fotografias de anúncio - e, por isso, não poderia deixar de trazer aqui as maravilhas desta componente do Serviço Nacional de Saúde.


sexta-feira, julho 10

Já somos mais que as mães


Quando comecei isto de ser uma mãe com blogue, e não blogger, pensei mais em mim e no Henrique, e na falta que nos faz registar estes momentos bons e desafiantes que passamos juntos. Claro que queria ser lida mas via essa parte como um bónus e a verdade é que me entusiasma muito mais escrever não só para nós, ser útil também aos outros. Estou por isso muito feliz por estarem aí a acompanhar-me nestes dias. Nem sempre tenho tempo para tantas ideias, e olhos e cabeça fresca para corrigir tantas gralhas, mas este processo de fazer blogue uma extensão, mais ou menos natural, de mim também é progressivo e também se deseja que a minha vida seja muito mais que virtual, se não teria pouco para contar. Para mim ter um blogue não é uma maratona, mas uma corrida de fundo e quanto mais me mostrar exatamente como sou mais feliz ficarei. Esse descascar da cebola faz-se aos bocadinhos, quer nos posts mais íntimos, quer nas preocupações mais práticas. Acreditem que não são só vocês a descobrir-me, há também aqui uma pessoa muito curiosa por se conhecer a si própria. 

quinta-feira, julho 9

Desafio Noras/Sogras - Quando nasce uma mãe, nasce também uma avó

A minha sogra e eu juntámo-nos e chegámos a consenso. Criámos juntas 10 regras para as noras e 10 para as sogras que, não sendo obviamente universais, tocam em muitos pontos que nos parecem sensíveis nesta relação que, apesar de parecer mesmo um cliché, fica realmente mais tensa com o nascimento de um bebé, sobretudo se for primeiro filho e primeiro neto, como foi o nosso caso.

A ideia não é assim cobrirmos todos os problemas que existem entre noras e sogras ou passarmos a ser ambas perfeitas, porque todas temos dias menos bons e isso da perfeição não existe, mas mostrar que é normal haver dificuldades nesta relação - muitas vezes até é com as mães, e não com as sogras - e que é possível com respeito, diálogo e espaço chegar-se a um estado confortável em que partilhamos os seres mais importantes das nossas vidas sem desconfianças e com menos tensões.

As nossas fontes foram a nossa própria experiência, à qual juntámos alguns contributos de amigos e a preciosa ajuda das mães do grupo do Facebook 4Mom's, onde partilhei a vontade de fazer este desafio, recebendo o testemunho de várias mães. A todos, mas sobretudo à minha sogra, obrigada.





Sogras

1) Respeite o espaço do casal - não faça visitas sem perguntar primeiro, em especial nas horas de sono do bebé, bata sempre à porta antes de entrar no quarto, saiba entender sinais naturais como uma chamada sem resposta ou uma porta fechada. Não marque qualquer tipo de compromisso, familiar ou com amigos, focado nos seus netos, sem consultar primeiro o seu filho e nora.

2) Depois do nascimento de um bebé, quer seja o primeiro ou o quinto, os pais, e sobretudo as mães, precisam de tempo para "lamber as suas crias" e reencontrar os ritmos da família. Aceite naturalmente que nesses dois ou três primeiros meses, a maior ajuda que poderá dar é estando por curtos períodos de tempo com o bebé, levando comida feita, ajudando nas tarefas domésticas. Se a ansiedade não se apoderar de si, esse espaço será apreciado e rapidamente terá o seu como avó.

3) Evite por tudo tirar o bebé do colo da mãe. Depois de pedir para pegar nele, espere que o bebé lhe seja colocado por ela nos seus braços. Se a mãe precisar de ter o seu junto dela, respeitar o momento sem pressionar. Evite dizer que faz alguma coisa melhor que ela para justificar o pedido de colo.

4) Não exerça qualquer pressão sobre a amamentação com comentários sobre a qualidade do leite, peito da mãe, peso do bebé ou duração da mamada - este é um momento apenas de mãe e filho e deve ser vivido com toda a tranquilidade e longe de preocupações, salvo se lhe for pedida ajuda, que deverá dar respeitando toda a intimidade da mãe.

5) Sempre que sentir que não está a ser bem tratada ou respeitada no seu papel de avó, fale diretamente com a sua nora e numa conversa calma mostre-lhe o quão importante é para si estar com os seus netos, que entende e respeita as regras nas quais a sua nora e o filho querem educar os seus próprios filhos e que sabe que ela é uma excelente mãe. Não faça queixas ao seu filho, isso poderia prejudicar o casal e certamente quer ver o seu filho feliz e ter mais netos.

6) Respeite as regras dos pais no que toca a educação da criança, em particular em questões sensíveis como reação a birras, alimentação, sonos, saúde, tempos e programas de televisão e outros dispositivos semelhantes e nunca interfira nos castigos. Ensine os seus netos a respeitar as regras dos pais mesmo em sua casa, isso promoverá a união familiar e uma melhor educação das crianças. (Se tiver vários netos de vários filhos diferentes, não se esqueça que as indicações de cada um podem ser diferentes e, apesar de poder ser confuso, devem ser respeitadas na mesma).

7) Não dê contraordens à ama ou educadora dos seus netos nem tente tirar informações, são os pais que devem construir essa relação. Aparecer neste contexto sem avisar também pode ser mal interpretado.

8) Comporte-se de forma igual com o seu neto, quer esteja só na presença do seu filho ou na presença da sua nora e evite comentários sobre o seu estilo de vida, afinal o seu filho, apesar de continuar a amar os pais, escolheu-a para partilhar a sua vida, quer goste ou não dela.

9) Não esteja sempre a culpabilizar os filhos pelo pouco tempo que passa com eles e com os seus netos. Tente "negociar" pelo menos um dia por semana em que esteja com eles e tudo o que venha por acréscimo é pura felicidade, nunca "de menos".

10) Quando estiver com os seus netos e surjam dúvidas sobre as regras impostas ou que surja alguma situação inesperada, telefone ou comunique com os pais. Eles irão apreciar e ficarão mais sossegados se souberem que o faz em vez de tentar resolver a situação sozinha.


Noras

1) Dê a oportunidade à avó de criar uma relação de proximidade e afeto com os netos, promovendo o contacto, se possível semanal, e envolvendo-a nas tarefas dos seus filhos regularmente. Assista com prazer aos momentos de cumplicidade e amor entre os seus filhos e os avós, deixando-os ter o seu espaço próprio sempre que possível.

2) Ensine os ritmos e preferências do bebé e/ou criança, relembrando-os sempre que necessário de uma forma calma, evitando qualquer tipo de confronto, sobretudo quando os seus filhos forem mais velhos e já perceberem a situação mas lembre-se que, desde muito cedo, um bebé percebe as tensões e que vai ser atingido caso haja um mau relacionamento. As regras que estabelecer com a sua sogra devem ser as mesmas para a sua mãe.

3) Dê espaço à sua sogra para que ela, se assim o desejar, possa fazer tarefas rotineiras do bebé como dar um biberon ou a comida, mudar uma fralda, vesti-los... Mesmo que não seja feito exatamente como gostaria, na prática isso terá pouca importância face ao prazer que dará à sua sogra. Terá todo o tempo para fazer estas coisas no dia-a-dia à sua maneira. Se não se sente confortável com algum pormenor, acompanhe a tarefa e vá orientando calmamente.

4) Sempre que se sentir mais irritada, lembre-se que ama o seu marido, que ele foi educado pelos seus sogros e que estes têm esse mérito. Lembre-se também o quão triste ele ficaria de ver as pessoas que mais ama zangadas.

5) Elogie a sua sogra sempre que fizer sentido, diga-lhe as coisas boas que sabe que sabe que o seu marido aprendeu com ela e como gostaria de ser tão boa mãe.

6) Nem os pais nem os avós querem que os seus filhos ou netos se magoem. Se por acaso isso acontecer durante a estadia com os seus sogros tente perceber a situação mas nunca os culpe diante das crianças. Se alguma situação mais perigosa puder ser evitada, poderá dizer-lhes em privado.

7) Já viu que a sua sogra trata bem dos netos, sabe que ela respeita as suas regras, dê-lhe esse prazer e deixe-os com ela. Aproveite o momento para fazer coisas que goste como estar com os seus amigos ou jantar tranquilamente com o seu marido. Quando for buscá-los, agradeça-lhe e tente saber como foi o tempo que passaram juntos mas fique sobretudo contente com o sorriso dos seus filhos.

8) Sempre que possível fale diretamente com a sua sogra. Se não se sentir com coragem ou estiver mais fragilizada, peça ao seu marido mas não faça disso uma regra. O seu companheiro irá apreciar a maturidade demonstrada por saber resolver as suas próprias divergências diretamente com a sua mãe e a sua sogra também se sentirá mais próxima de si e entenderá melhor os seus problemas de viva voz.

9) Se os avós são o seu apoio fundamental e são eles que cuidam habitualmente dos netos enquanto trabalha, evite sobrecarregá-los também aos fins-de-semana. O espaço funciona para ambas as partes.

10) Ensine os seus filhos a respeitar os avós da mesma forma que respeita os pais, nunca diga mal deles e mostre-lhes, à medida que eles forem ficando mais velhos, como podem ajudá-los com tarefas simples como apanhar ou alcançar objetos, carregando alguns pesos, lendo-lhes um jornal ou revista, fazendo-lhes simplesmente companhia pedindo-lhes que contem as histórias das suas vidas. Lembre-se das suas próprias memórias com os seus avós e mostre aos seus filhos como essa relação é um tesouro precioso nas suas vidas.


terça-feira, julho 7

Interregno para reflexão

A minha sogra querida e eu andamos a apurar as regras do nosso desafio nora/sogra e temos o nosso fumo branco quase a sair pela chaminé, para podermos lançar ao mundo as nossas conclusões. Não é fácil vermos preto no branco as coisas que nos foram difíceis ultrapassar, gera obviamente muitas interrogações sobre o que sentiu e sente de parte a parte, e ganhamos também novo fôlego para todas as dificuldades que ainda temos pela frente, mas só vos digo: tenho uma Senhora sogra corajosa. Casei com um homem bom, ganhei uma família mesmo boa também. E este blogue tem-me saído melhor que terapia familiar.

domingo, julho 5

"Este blogue é sobre os Dias da Mãe, mas também poderia ser sobre os Dias do Pai"



Ontem foi dia de nos encontrarmos com a Sara Marques, uma jovem jornalista da geração escreve-fotografa-filma-edita cheia de vontade de vencer, que precisava de material de trabalho e se lembrou de mim, mãe-a-dias com um blogue recente. Tivemos uma conversa muito simpática e descontraída em que eu, um bocadinho franzida pelo sol e igual a mim mesma num "dia de trabalho", expliquei quem sou, porque escolhi este estilo de vida, se sempre sonhei com a maternidade e de onde partiu a ideia de escrever sobre Os Dias da Mãe. Em breve publico aqui o vídeo para ficarem a conhecer-me um bocadinho melhor.

Quantas atividades cabem em 2h30 de uma manhã de domingo?

07.30 Chora. Salto da cama. Ponho chucha. Lavo as mãos e dignifico-me minimamente. Vou fazer biberon. Tiro da cama e dou abraços e beijinhos de bom dia. Dou biberon. Brinco com ele. Mudo fralda. Tiro pijama sujo e ponho body. Como enquanto brinca. Quer o meu pão e iogurte, dou côdea para roer e um bocadinho do meu iogurte. Tiro loiça da máquina e volto a lavar a que não ficou bem limpa. Ponho loiça suja. Canto. Vou apanhando brinquedos e lavando para voltar a dar. Ponho água a ferver para cozer frango. Distribuo sopa que ainda estava na panela por frascos. Descasco pêssego, pico e ponho em frasco para o almoço. Encho de ar almofada da cadeira da papa que já estava mole. Varro o chão das migalhas que ele fez. Ponho-o na espreguiçadeira a brincar. Tomo banho, maquilho-me e visto-me. Sento-o no chão a brincar. Descoso e coso novamente botões das jardineiras para ficarem maiores. Chora porque deu com um boneco na cara. Consolo. Volto a mudar a fralda. Ponho-o na cama para descansar um bocadinho, já está rabugento de sono. Desosso o frango e ponho a arrefecer. Faço máquina de roupa. Volto ao quarto várias vezes para pôr a chucha. Não dorme mas está podre. Chora. Embalo uma vez. O meu menino é d'oiro, é d'oiro o meu menino. Ponho no berço. Chora. Volto a embalar. Ponho na cama. Dorme. Escrevo um post e descanso por uns minutos.

Este post é um exercício sobre mim só por acaso. Não quero com ele vangloriar-me do que faço ou do que deixo de fazer. O pai acordou três vezes durante a noite e eu não, por isso não entrou nestas atividades matinais. Tenho a certeza que cabem muito mais tarefas na agenda de pais de dois, três, quatro, cinco ou mais filhos. Desejo-vos um dia tão feliz como o nosso.


sábado, julho 4

A minha mãe é mais textos



Eu bem peço que me tirem fotografias com ele, mas não é fácil consegui-las. Somos mais de viver do que de registar por aqui. São tão poucas que isso me entristece um bocadinho porque adoro ver as fotografias que tenho com a minha mãe . Vou continuar a batalhar por momentos destes, que isso das selfies não é bem a mesma coisa...

sexta-feira, julho 3

Irritações

Semana de exaustão, rotinas de descanso nem sempre cumpridas, muitas birras pelo meio, adaptação a uma nova fase do Henrique mais mexediça, com agenda pontuada por vários programas óptimos mas intensos. Nada de novo, a vida não é perfeita para ninguém mas não precisamos de nos conformar com isso ou de falar só das coisas boas. O que me chateia é nem sempre sentir que me posso queixar como qualquer pessoa que trabalha e chega a sexta-feira exausta, a maldizer o patrão e a precisar de um copo, sem que venham questionar a minha escolha de ficar em casa e de ter filhos. (Prefiro mil vezes este cansaço e não preciso de andar sempre a repetir que esta é a vida que escolhi e que não a trocava por nada neste preciso momento.) 

Nada que um bom copo de vinho branco, peixe fresquissimo grelhado e morangos aromáticos, comprados no mercado esta manhã, e uns quadradinhos de chocolate, a dois, não tenham resolvido.  

quinta-feira, julho 2

Oito


Eu podia gostar de ti para sempre sem que me desses nadinha em troca. Os primeiros meses, só os três, foram um bocadinho duros com todas aquelas cólicas do demónio, alguma dificuldade em adormecer-te e, apesar de te teres tornado um santo bebé que dorme noites quase inteirinhas e come tudo o que lhe puserem à frente, lá vais fazendo a tua birrinha diária de demarcação de território. Estamos cá para te mostrar quem manda ainda durante uns bons anos, para cuidar de ti e para te amar. Quiseste primeiro retribuir-nos com um sorriso, depois gargalhaste connosco, comes as nossas bochechas com baba, já pões os bracinhos à volta do nosso pescoço e este mês deste-me a mim o maior presente de todos: gritaste mamã, não uma mas muitas vezes. O que é que eu poderia querer mais? Nadinha de nada.

Mas não, além disso, ainda passaste a mostrar a toda a gente que me queres a mim, à tua mãezinha. Estendes-me os braços quando estás farto do mundo, choras desalmadamente, como se fosse emigrar, quando saio do teu quarto, nunca apreciaste tanto adormecer no meu colo como agora, deliras que vá no carro a dar-te a mão e a fazer-te festinhas e ficas louco quando te dou beijinhos nos sinais vermelhos. Já estás maior mas afinal parece que até gostas de ser pequenino outra vez, que gostas de ser o menino dos papás. Para mim, foi o melhor mês de sempre (não tinha sido o anterior afinal?), a consagração. E podia parar por aqui mas aconteceram muito mais coisas:

...Já gatinhas, mas só para trás! Adoras enfiar-te debaixo de cadeiras, mesas... chegas onde queres a rebolar, mas para a frente ficas ali indeciso a abanar-te, sem saber pôr um joelho à frente do outro. Parece que vais arrancar a todo o momento, falta só um bocadinho para perceberes melhor essa dinâmica.

...Começaste a dizer adeus com a mão e pareces felicíssimo com a proeza.

...Deixaste de ter medo da guitarra do papá e passámos a incluí-la nas nossas brincadeiras, adoras dedilhar e bater na madeira.

...As idas à piscina inundaram os nossos domingos de manhã de felicidade (pena que pare no verão mas iremos de férias para a praia em breve para te exercitares). O pai regalou-se a chapinhar contigo no meio dos outros pais e bebés, foi maravilhoso ver-vos ganhar essa confiança um no outro. Também experimentei uma vez e adorei todo o teu à vontade na água, não tens medo nenhum.

...Aproveitando a deixa ele passou a dar-te duche de manhã, para aproveitarem todos os minutos que ele tem contigo em casa. Gosto do à vontade que já ganharam os dois nesta tarefa de perícia.

...Agora já não estranhas nenhum dos teus avós ou tias, chegas e arrasas os corações todos com os teus arrulhos de pombo e turras. Ninguém aguenta tamanha paixão de bebé.

Estás um menino às direitas. Se soubesse o quanto era bom ter filhos, já teria começado há mais tempo, mas depois penso que, se assim fosse, provavelmente não existirias tu e por isso está tudo muito bem assim contigo, neste tempo tão certo que é o teu e o nosso.