quarta-feira, maio 27

Londres: a primeira viagem sem ele(s)



Fiz há poucos dias a primeira viagem sem os meus homens. Já tinha feito sem o homem grande mas, claro, nunca sem o meu homem minúsculo. A decisão foi tomada num impulso, em janeiro, quando o Henrique ainda tinha só três meses e a maternidade ainda se estava a impregnar de mim, devagarinho.

Desde o primeiro mês que o deixamos com os avós e as tias para ir arejar mas sempre controladamente, sempre por um par de horas ou na loucura de um casamento, uma tarde e um serão. Nessas primeiras vezes, e até há não muito tempo, morria de saudades, corroía-me por deixá-lo e desunhava-me a deixar a logística toda pronta para quem viesse.

Desta vez também preparei afincadamente o que seria preciso com carinho, mas além de ficar com os avós, nos quais tenho toda a confiança para lidar com ele, ia ficar com o pai. Talvez por tudo isto doeu menos. Permitiu-me viver, ser só eu outra vez, por a vida em perspetiva, arrumar ideias, caminhar horas sem estar a pensar na fralda que tenho de mudar e em todas as rotinas necessárias a um bebé mas tão avessas a quem nunca gostou de calendarizar demasiado a vida, de aprofundar a relação com a minha prima a quem fiz companhia. E até de maturar a ideia de voltar a ter um blogue.

E não me sinto culpada de ter tido muitas saudades mas de não ter morrido, de não ter ficado incapacitada de usufruir da oportunidade que me estava a ser dada porque acredito piamente que pais completos e resolvidos consigo mesmos (e viajados!) só podem dar crianças muito felizes. (Ou isto ou estou a ser uma enorme egoísta.)

Reencontrá-los e o grande sorriso do minúsculo quando me viu foi tão grande que me apeteceu agradecer mil vezes aos dois por fazerem de mim uma pessoa realizada.

(Agora que a maternidade já se apoderou de mim até às entranhas das entranhas, talvez pense duas vezes ao tomar estes impulsos. Contradições que fazem parte do processo.)

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