terça-feira, junho 30

Uma família do tipo "Amo-te"


Para quem cresceu tão tímida na verbalização e concretização dos afetos como eu, que demorei anos a conseguir aprender a dar aquele abraço forte sem constrangimentos, há poucas coisas tão íntimas como dizer "Amo-te". É esse tipo de família que partilha sentimentos que quero, sem constrangimentos na linguagem dos afetos mas sem cair em banalidades. Não saberia construir este edifício sem o meu cúmplice maior.

segunda-feira, junho 29

Desafio mãe/sogra


Desde que fui mãe pela primeira vez que tenho tentado ganhar confiança neste papel, mas nem sempre é fácil e muitas vezes há quem saia um bocadinho mais atingido neste processo, sobretudo as pessoas mais experientes e com sentido de iniciativa que, ao quererem ajudar, acabam por nos fazer sentir mais limitadas nessa descoberta. No meu caso, cliché dos clichés, foi a minha sogra querida, a quem já confessei por diversas vezes a dificuldade que tenho em partilhar este ser maravilhoso que ambas amamos - o nosso Henrique. E é porque ela sabe que tento melhorar que me sinto confiante de escrever aqui sobre o assunto.

Conscientemente, quero que ele tenha a melhor relação possível com os avós de ambos os lados, que guarde memórias tão boas da infância com eles, quanto eu com os meus, e que nós possamos também usufruir um bocadinho do tempo a dois e com os nossos amigos, graças à ajuda preciosa deles. E, na realidade, é isso tudo que tem acontecido. Por motivos de disponibilidade e porque vamos visitá-los muitas vezes, acho que o Henrique nem nunca ficou tanto tempo com alguém como com os avós de Coimbra, os meus sogros, em quem tenho a maior da confiança - não fossem eles os pais de dois filhos maravilhosos  - um deles o homem que escolhi para partilhar todos os meus dias (há melhor argumento?).

Na prática, há por vezes desencontros de opiniões sobre um ou outro aspeto de educação ou na forma de nos relacionarmos com o bebé, em que nós pais temos opiniões específicas baseadas naquilo que vamos aprendendo e que estamos a tentar aplicar (não queremos que ele fique baralhado com as regras) ou fruto da experiência que temos por naturalmente conhecermos melhor o nosso filho. Quanto mais segura me sinto como mãe e mais consciência tenho das necessidades do nosso bebé, porque passo a maior parte do tempo com ele, mais facilidade tenho em chegar-me à frente e resolver, com ajuda de uma boa gargalhada, às vezes, estas pequenas questões tentando transmitir-lhes as manias dele - e as minhas - de fase para fase, partilhando as nossas preocupações e aproveitando todos os momentos em que posso deixá-lo com os avós para fazê-lo, para que todos possamos adorar este bebé querido, conscientes que nós somos os pais, eles os avós e cada um tem o seu papel fundamental.

Por tudo isto, e porque assumo que o meu feitio pode ser muito crítico, mas sei que sou tendencialmente conciliadora e que tenho a sorte de estar a lidar com avós amorosos e cheios de boa vontade, acho que temos conseguido chegar a bom porto e que temos sabido gerir estas pequenas diferenças. Decidi por isso aventurar-me e convidar a minha sogra para escrevermos juntas uma série de dicas de boa convivência de noras e sogras no que respeita aos filhos/netos, um guia prático que para nós será muito útil e espero que também possa servir a tantas tantas amigas, quase todas, que se sentem e ressentem com estas questões. Em breve partilharei aqui os frutos desse trabalho conjunto. O desafio está lançado!

sábado, junho 27

Mãe bulldozer



A maternidade está associada a imagens ternas, gestos suaves e sons delicodoces mas dou por mim todos os dias a sentir que o retrato não está completo. Além dessa parte fofinha, que esta lá, claro, encontrei escondido em mim um autêntico bulldozer que abre e fecha um carrinho 10 vezes por dia e o atira para dentro da mala do carro, que carrega um bebé de quase 10 kg num braço, enquanto transporta diversos objetos no outro, que abre portas pesadas para deixar passar o dito carrinho, a criança e vários sacos de compras do supermercado, que aprende que há partes do corpo, nomeadamente traseiras, que servem para empurrar variadíssimas coisas. Mãe de alma e corpo inteiros portanto. 

Imagem: Nick Veasey

quinta-feira, junho 25

Restaurante baby friendly #1: Búzio, Praia das Maçãs




No fim-de-semana passado rumámos a Sintra, cheios de vontade de algum tempo de qualidade a três para carregar baterias, algo que não tem sido fácil nos últimos tempos cá por casa. Precisamos mesmo muito de férias e de desligar muitos cabos.

Acabámos num restaurante a que o pai já tinha ido com um cliente do escritório, o Búzio, na Praia das Maçãs. Não ia com expetativas nenhumas, eu que ando sempre em cima da Time Out e afins, e sou bastante crítica com os sítios que escolhemos. Não sei se foi a descontração ou não, mas acabou por se revelar a escolha perfeita para toda a família.

Começámos logo por ter de dar o almoço ao Henrique. Havia espaço para o carrinho entre as mesas, cadeirinha para colocar na mesa e, apesar do restaurante estar cheio, é suficientemente espaçoso para não ter demasiado barulho. Aqueceram a sopa dele, trituraram manga e reservaram o resto para nós, tudo na maior das simpatias, rapidez e atenção. No fim, o pai pôde mudar-lhe a fralda porque o trocador estava fora da casa de banho das mulheres - há pormenores tão simples que fazem a diferença!

Só trouxeram as ostras que tínhamos pedido no momento exato em que ele acabou. Raros são os restaurantes que, não sendo de luxo, conseguem ter a sensibilidade para conseguir os timings perfeitos. Acabámos por comer a fruta da época, umas sardinhas, as melhores da temporada, até agora, e para sobremesa, um leite creme divinal, um dos melhores que já comi na vida. Não é barato (cerca de € 50 os dois mas as entradas e saídas encareceram, a dose de sardinhas era €10) mas depois da experiência atribulada, barulhenta e impessoal da Adega das Gravatas do fim-de-semana anterior, a simpatia e qualidade deste Búzio fizeram com que ganhasse um espaço especial nos nossos roteiros. Recomendo.

Imagem: BestTables

quarta-feira, junho 24

Adoro os dias banais

Adoro os dias em que conseguimos esquecer-nos que temos isto e aquilo para fazer, ou que estamos a dever um encontro a este e aqueloutro. Adoro simplesmente os dias em que há fraldas para mudar, refeições para cozinhar, casa para limpar, máquinas de roupa para fazer, passeios normais no parque ao final do dia, família que aparece, idas banais ao supermercado e marido querido para adorar naquelas horinhas em que o mini está a dormir, enquanto vemos programas de televisão desinteressantes calmamente, sem estar à procura do filme perfeito para emoldurar a noite. Tudo banal, com muito mimo pelo meio, mas sem calendários. Tudo isso é especial porque é raro.

terça-feira, junho 23

5 mitos sobre as mães-que-ficam-em-casa (sobre a minha vida)



1. Deves ter imenso tempo agora
Eu também dizia isto antes de ter filhos, mas acreditem que encavalitar todos os cuidados e estímulos que uma criança precisa, e sobretudo os mimos que lhe queremos dar, já que optei por ficar em casa para isso mesmo, ocupa cerca de 90% do meu dia útil. No resto do tempo, ou estou a cair de cansaço, ou estou a tentar ser dona da casa, mulher cúmplice, filha, neta, nora, cunhada prestimosa, amiga presente, uma espécie de blogger principiante, e ainda a tentar manter-me atualizada na minha área profissional, entre todas as coisas de que gosto e preciso de fazer para me sentir inteira. Nada disto faz de mim uma pessoa cheia de tempo propriamente. Tento é ter prioridades, como toda a gente.

2. Cansas-te de não falar com pessoas
Quando se está em casa com um bebé querido somos o alvo preferido dos tempos livres dos avós e dos amigos, o que é verdadeiramente maravilhoso, por isso falo mesmo com muitas pessoas. Além disso, saio sempre de manhã e à tarde e o meu bairro mais parece uma aldeia. É a D. Dulce das frutas e legumes, a D. Teresa do peixe, a menina da caixa do supermercado que já nos conhece, a porteira, os vizinhos...

3. Agora a tua profissão é ser mãe
Eu gosto muito de ser mãe, de tratar da casa e de arrumar como ninguém aqueles assuntos chatos como ligar para a EDP, resolver chatices na loja do cidadão, aniquilar o bicho da madeira cá de casa, de cozinhar, mas nenhuma dessas funções é a minha profissão. Conto ter dois, três filhos e não sei vou ficar com todos eles em casa. Vou ficar enquanto puder, enquanto sentir que está certo e tivermos condições financeiras para tal ou enquanto não surgir uma oportunidade profissional mais aliciante. A minha profissão passa pela comunicação, assessoria de imprensa, produção de conteúdos para web. São dois mundos diferentes e cada um tem o seu lugar na minha vida, sendo que os meus filhos terão sempre o lugar principal, mas adoro desafios e estou sempre atenta a todas as ofertas dentro da minha área, faço inclusive, sempre que posso, alguns trabalhos em regime de freelancer. Quando tiver de deixá-lo na creche assim farei, sem remorsos. Tenho a certeza que ele será muito feliz se souber que eu também o estou.

4. Deve ser tão aborrecido 
Acreditem que me divirto muito mais com o Henrique, do que com muitas pessoas com quem me tenho cruzado... Tenho imensas saudades da boa disposição da equipa com quem trabalhava, de entrar na sala de manhã e de começar logo o dia com umas gargalhadas, mas não só esta foi a minha escolha por agora, como realmente é hilariante dar gargalhadas consecutivas com um bebé que puxa continuamente pela nossa imaginação e para quem somos uma parte considerável do seu mundo. Não olho definitivamente para o relógio, como se faz em muitos empregos...

5. Deves sentir-te tão presa
É verdade que a maioria dos meus dias são ao serviço das rotinas dele, mas tenho a sorte de ter um bebé bastante bem comportado e consigo levá-lo para imensos sítios, combinar programas de amigas e até reuniões com ele. Os avós ainda trabalham e dois deles vivem em Coimbra, por isso não tenho ninguém que fique com ele dias inteiros, mas tanto eles como as tias, e até amigos nossos, se disponibilizam e fazem babysitting regularmente para podermos ter vida social, para eu poder ir ao médico ou tratar de um ou outro assunto a que não o posso levar. Claramente não penso, ai que chatice que tenho aqui este pequeno estorvo que não me deixa fazer nenhum. Na maior parte das vezes é mesmo - que maravilha de vida é esta, a quem é que posso agradecer esta sorte gigante?

segunda-feira, junho 22

Dias felizes: adeus diabetes, olá bom colesterol

Eu sabia que a história da diabetes gestacional geralmente se extinguia realmente no próprio fim da gravidez, como o nome indica, mas precisava de ver no papel os resultados aos primeiros exames de rotina para ter a felicidade de saber que não preciso de voltar a picar-me e que a minha vida não vai voltar a ser aquele inferno de contas e de comida a mais e a menos por obrigação. E ainda tive outro bónus: o meu colesterol está dentro dos parâmetros! Vou só ali dançar loucamente com o Henriquinho para comemorar:


Eu, utilizadora de jeans de maternidade no pós-parto, me confesso


É puro comodismo, mas não quero acreditar que sou a única a fazê-lo, a usar as suas fabulosas calças de maternidade, com aquele espaço tão confortável para a barriguinha, já bem depois de ser mãe. Até a maravilhosa Kate Middleton exibe a sua barriguinha de 5 meses depois de sair da maternidade... Pois eu, confesso, usei os meus dois pares H&M até este fim-de-semana, sete meses depois do parto e de supostamente já não precisar delas. As outras serviam-me, e eu uso-as também, mas havia sempre aquele desconforto, aquele ligeiro aperto e em casa sabia-me mesmo bem estar mais à vontade para rebolar com o minúsculo pelo chão ou para andar pelo bairro. Não era bonito, não, por isso já sentia há um tempo que andava a precisar de uma dignidade que aquelas calças - quase de fato de treino -  não me davam.

Pois ontem aproveitei a folga dada pelo maridão, que esteve fora uns dias, e fui fazer compras sozinha para as Amoreiras, feliz da vida e apostada em acabar com esse degredo com pernas. A Mango tem as melhores calças do mundo para nos fazer sentir maravilhosas e confortáveis - skinny mas de cintura subida. A minha mãe usa, as minhas irmãs usam, eu uso e somos muito felizes com elas. Dantes levava uma pilha de calças para o provador e se gostasse de umas era uma sorte, agora levo uma pilha e gosto de todas, só sou esquisitinha com as lavagens da ganga. Por isso trouxe dois pares, já estou a dar-lhes uso (mesmo sem a bainha feita, chiu) e já tenho os dedos azuis de tanto tocar nelas! O número (40) até é o mesmo de antes de engravidar, e não me dá o maior orgulho, não mas, com o pouco tempo que tenho para comer e tudo o que me mexo, acho que vou conseguir baixá-lo para o 38 até ao outono, pelo menos. Quero lá saber se não sou a mãe mais boazona do verão - sou feliz para caraças! Antes do próximo bebé, vou emagrecer, ai se vou. Quero partir de bom pé, para aguentar a estafa do barrigão a correr atrás do Henriquinho.


domingo, junho 21

Música para bebés na Casa do Gil: a repetir


Ouviu, brincou, ficou a conhecer novos instrumentos, quis puxar os cabelos de outras mães e meter-se com os outros bebés. Claro que ainda é bastante pequenino para conseguir interagir em todos os momentos, mas acho que ainda assim tirou proveito da sessão. Até porque está familiarizado com as cantorias do pai e adora mexer na guitarra dele. E ainda trouxemos imensas amostras para casa! Vamos querer experimentar mais atividades da Fundação do Gil. 

A manhã foi mesmo o único momento deste sábado em que a temperatura esteve suportável. Depois disso, e com este ar irrespirável, fechámo-nos em casa os dois e e o dia passou-se entre brincadeiras, borrifos e sestas. Só voltámos a conseguir sair às 18h para visitar a tia, que já está muito melhor e a avó de Coimbra, que tão raramente pode ver o neto tantos dias seguidos. Hoje também vamos começar bem: é dia de piscina com o pai já connosco!

sábado, junho 20

Agarrem aquela mãe



A sério que eu não costumo ser uma pessoa violenta. Sobretudo na estrada. Não sou daquelas pessoas que se irrita com o próximo porque esse próximo geralmente sou eu: a naba. Então desde que nasceu o minúsculo que são uns calores para mudar de faixa, uns calafrios para entrar na auto-estrada ou em qualquer 2ª circular desta cidade, prefiro ir ali sossegadinha na faixa da direita, sem incomodar ninguém, a deixar passar os que entram, faço sempre pisca, olho sempre por cima do ombro para evitar esse mortífero ângulo morto... Quando algum lá fica doente comigo pela quantidade de carros que deixo passar antes de me aventurar a entrar nalguma via rápida ou em qualquer outra situação em que as pessoas são geralmente demasiado afoitas para o meu gosto, e as vejo a barafustarem, peço muitas desculpas e aponto para o ovo do bebé à procura de misericórdia. Nem sempre a consigo é certo, mas adiante.

Ia eu a dizer que não sou violenta na estrada, mas isso não é completamente exato. Se passei a ser uma condutora muito mais cautelosa, passei também a ser um peão muito mais exigente. Já não basta o estado execrável dos passeios, mas sobre esses não posso insultar ninguém diretamente, só posso rabujar, votar melhor para a próxima, e tornar-me uma espécie de atleta de alta competição de trail urbano, seja lá o que isso for. Mas com os energúmenos dos condutores, que não conseguem mostrar um chavelho de respeito pelas pessoas que se lhe apresentam a pé na rua, com esses sim posso soltar toda a raiva temporária que há em mim.

Assim, quando me virem na rua a levantar muito os braços e a agitá-los freneticamente, enquanto ponho dois dedos nos olhos - "não me está a ver?" - e outro na testa - "você é louco?!!!" -, enquanto abano a cabeça com um ar de reprovação do tamanho do mundo, poderá dever-se à minha fúria com a forma de conduzir de alguns cocós com pernas que por aí andam . É que há camiões e veículos de toda a espécie que se dão ao luxo de nos contornar na passadeira, e eu até sou bastante rápida, ou que fingem não nos ver na borda do passeio a tentar atravessar. Mas o mais comum é mesmo estacionarem praticamente em cima da passagem de peões, obrigando-me a ir quase para o meio da estrada, para saber se posso atravessar (tal é a regularidade desta situação em Lisboa que me pergunto se o usucapião não alterou o código da estrada). Aqueles que estacionam em cima do passeio mesmo enquanto estamos a passar também têm direito a brinde da minha parte .

Sei que envergonho muitas vezes quem vai comigo, mas tudo isto é tão frequente que dou por mim a fazer este papel de louca varrida como se estivesse a defender todas as pessoas com as mesmas dificuldades que eu, quer tenham um carrinho de bebé, uma cadeira de rodas, umas muletas, uma bengala, o que seja. Agarrem-me que eu vou-me a eles.

sexta-feira, junho 19

Este fim-de-semana todos à Casa do Gil

As atividades ao ar livre voltam, este sábado, aos jardins da Casa do Gil, com um programa imperdível dos 0 aos 4 anos, e com um preço/donativo de apenas € 10 por sessão. Ainda há vagas para todas as atividades (ver programa no cartaz abaixo)e as inscrições são por e-mail. Ao contrário de muitos outros programas infantis em agenda, aqui toda a família é bem-vinda, ainda que em algumas atividades, como a Baby Zumba ou À Roda do Barro, participem apenas um dos pais e filho/a. Oportunidade para o outro pai, ou mãe, tirar umas fotografias mesmo giras para o álbum de família.

Nós estamos ansiosos pela nossa sessão de Música para Bebés!



Localização e outros contactos da Casa do Gil aqui


quarta-feira, junho 17

A contar os dias para as férias

Andamos a precisar tanto de desligar como de pão para a boca. Já não aguentamos o ruído dos dias, da cidade, do trabalho, dos e-mails a pingar. Há uma sensação de esgotamento enorme cá em casa que se revela às vezes na falta de paciência para ultrapassar todos os desafios diários. 

Não vejo a hora de rumarmos a Sul, ao nosso Algarve, a Tavira, à ilha, a Cacela Velha. De deixar os telemóveis em casa, vestir os fatos de banho e calçar os chinelos, dormir sestas longas, ler, fazer a nossa cura de peixe grelhado e de fruta da época. Este ano vai ser ainda mais especial, vamos mostrar tudo isto ao Henrique e viver umas férias de acordo com os ritmos dele, tentando tirar também algum tempo para os dois. Precisamos tanto do pai e do marido durante alguns dias só para nós. Que Julho chegue rápido. 







terça-feira, junho 16

Vida de pernas para o ar



Voltaram as pequenas obras lá em casa, que nos obrigaram a sair por um dia ou dois para evitar cheiros de tinta e eventuais intoxicações. Não ficámos totalmente descansados relativamente ao episódio de indisposição do minúsculo, que relatei aqui há duas semanas. A tia Catitas foi operada hoje e os avós paternos estão cá - correu aparentemente tudo bem, mas ficamos  todos nervosos e cheios de vontade de vê-la, claro! O pai numa daquelas marés intensas de trabalho e eu cheia de dores no estômago sem poder engolir quase nada, parecem pedras.

Com tudo isto, andamos a puxar um bocadinho pela capacidade de adaptação do Henrique. Já voltou ao nosso quarto, depois de já estar habituadíssimo ao dele, e já regressou outra vez. Sestas em cima da cama da avó com milhares de almofadas à volta. Comer ao colo, no carrinho, sofá, onde for. Viagens a meio da noite no ovo de uma casa para a outra. A nossa rotina muito certinha das semanas anda longe mas vou tentando assegurar que está equilibrado em termos de sono, comida e estímulos para evitar grandes picos de stress, sinto que essa é a minha missão. Tudo há-de normalizar, esperemos.

segunda-feira, junho 15

Dilemas de mãe #4

Passar a refeição toda numa guerra porque ele quer atirar-se para dentro dos pratos da sopa e da fruta, e eu não quero que ele suje a cozinha a um ponto ainda mais calamitoso que o habitual, ou deixar que explore a comida com as mãos e que faça toda a porcaria que quiser à volta dele, feliz da vida. Uns dias deixo, outros nem por isso. 

domingo, junho 14

Dão vontade de sair a correr



Estes ténis da nova coleção cápsula Photosyntesis da Nike são tudo de bom para as minhas valentes caminhadas pela cidade. Cada vez mais desportiva durante o dia, enfant oblige, mas sem perder aquele lado feminino que adoro.

Pessoas que me despertam paixões: Ties - Catarina Macedo Ferreira



Esta miúda cândida é uma tremenda força da natureza. E não é só porque tem três filhos e está a caminho do quarto. É porque ter filhos fazia parte dos sonhos dela e está a cumpri-los. E ser artista também fazia, e ela também o é. Melhor, deu a volta à vida e conseguiu fazer as duas coisas ao mesmo tempo, casar-se com o grande amor pelo meio, tornar-se uma das fotógrafas de famílias mais reconhecidamente talentosas com o Ties e ainda assim continua a tentar procurar nos desequilíbrios, com que sempre nos deparamos, o equilíbrio entre os seus mundos, sem tentar não se perder a ela pelo caminho. Não mente - o que é tremendamente difícil percebemos que é mesmo tramado (o cansaço, as birras, engordar e emagrecer, a relação com um corpo marcado pelos nascimentos) e depois há outras em que temos dificuldade em descomplicar e ela está lá para mostrar que não é assim um bicho de sete cabeças tão grande (anda com os filhos de transportes públicos, deixa-os sujar tudo às vezes para serem felizes, leva-os para o trabalho, tem muitas vezes o marido fora de casa, cultiva o romantismo mesmo com toda esta vida atribuladíssima). E eu nem a conheço assim tão bem.

Descobrimo-nos quando eu andava à procura da minha fé, foi minha "monitora" dos grupos de jovens na igreja do Campo Grande com 16/17 anos e ainda assim tive a ousadia de a convidar para fotografar o meu casamento não-religioso (mas cheio de fé no meu homem e na humanidade!), e não pensei duas vezes em indicá-la quando nos ofereceram uma sessão para lembrar para sempre o meu barrigão de outono e para retratar pela primeira vez, oficialmente, a felicidade de termos connosco o nosso Henrique. Aliás, a fotografia da capa do blogue, deste postdeste e deste são dela e já mereciam os devidos créditos. A Catarina já é quase a fotógrafa oficial dos momentos importantes da Minha família e gostava que continuasse a sê-lo. Já lhe teci pessoalmente os maiores elogios como fotógrafa, porque no seu rasto de luz distintivo, nos seus ângulos íntimos, no seu despretensiosismo mas real envolvimento, me encontrei como me vejo e me descobri como não tinha coragem de me conhecer. Porque, e isto é tão importante num fotógrafo, nos faz sentir tão confortáveis nestas coisas das sessões, não sendo obviamente perfeitos.

Hoje é a primeira vez que, timidamente lhe faço esta pequena homenagem mais pessoal. A minha primeira pessoa que me desperta paixão, mostrada aqui no blogue, é ela (e para ela), a Catarina dos laços, que não deixou de ser todas as coisas que é por ser mãe. É mais ainda. Exatamente o que eu gostaria.




A fotografia dela e da família foram roubadas do Instagram, podem segui-la aqui.

Uma amostra das fotografias dela que se confundirão para sempre com a nossa história:

 






sábado, junho 13

Dia pós-manjerico


Ser pai e mãe também é ressacar alternadamente.

No tempo das cesarianas: a minha


Naqueles nove meses em que nos preparámos para ser pais pela primeira vez, nunca pensámos realmente que o parto poderia ser alguma coisa diferente daquela imagem suada que nos entra pelos olhos e pelos ouvidos, desde sempre. Treinámos respirações, estudámos desde a primeira fila do curso no Centro Pré e Pós Parto o momento das primeiras contrações à fase da expulsão, estratégias de alívio da dor... Na verdade, só queríamos que o nosso filho nascesse bem e que eu, no meu papel, e o pai, no dele, estivéssemos à altura dos acontecimentos para recebermos de braços abertos aquele momento, aquele filho fruto de um tão enorme amor.

Sobrevivi aos habituais enjoos, dores várias, insónias, stress laboral, diabetes gestacional tardia... não sou daquelas mulheres que adoram estar grávidas, mas também não encarei como uma cruz. Senti quase todo o processo como necessário para a minha preparação física e mental. Não delirei com o facto de ser o centro das atenções, nem que o meu corpo estivesse sempre sob vigilância cerrada mas deliciei-me com o amor com que a minha família e o mundo me rodeou, com a celebração daquele globo terrestre à minha frente, com a beleza física que senti por dentro e por fora, com a emoção absolutamente inesquecível de poder amar o meu filho desde as entranhas, sem precisar de uma cara.

O colo estava mais que perfeito para ele nascer, estava virado de cabeça para baixo, até cedo de mais, mas nos últimos dias a barriga continuava alta e a cabeça dele continuava a não encaixar na minha bacia. Continuava a não me passar pela cabeça uma cesariana mas, apesar de eu não ter engordado mais de 9/10kg, havia a possibilidade do bebé estar, à conta da diabetes gestacional, maior do que seria desejável. Passei do descanso para as caminhadas intensas Av. de Roma acima e abaixo. Sem nada acontecer, decidimos com o nosso médico provocar o parto às 40 semanas.

As águas rebentaram a poucas horas de irmos para a maternidade. A sensação de acordar com dores, de me levantar para medir contrações e de sentir toda aquela enxurrada pelas pernas abaixo foi deliciosa. Fez-me sorrir no escuro e apressar a saída de casa de tanta emoção. Agora é que era. Fomos mais cedo, felizes da vida, demos entrada no Hospital da Luz e percorremos aqueles corredores vazios radiantes, como se fôssemos os primeiros pais no mundo, e esperámos com muita tranquilidade que o momento chegasse mas não chegou. As contrações não eram fortes o suficiente para avançar com o processo e a bolsa rota decidimos partir para cesariana.

Nunca fui operada, sou uma medricas de primeira, mas só queria vê-lo, não me importava mais nada. Só pensava para enfrentar os medos: um desafio de cada vez, agora o cateter, vá, não vais chorar. A carinha dele a sorrir-me e a dar-me força em cada momento. Às 11h partimos para o bloco. Todas as enfermeiras impecáveis, o espaço demasiado bom para haver algum tipo de queixa. Como o Paulo só pôde entrar quando já estava tudo preparado, dei as mãos à enfermeira e sorri de nervoso quando chegou a hora da epidural. Senti zero dor. A cara dele outra vez. Fui puxada que nem um peso morto para a mesa do bloco. Panos verdes, rádio ao fundo. Sorriso nervoso e imenso sempre na cara. E eles sempre ali, um já sentado ao meu lado, o outro ainda por chegar. Não ouvi nada de assustador (temia ouvir o nome dos instrumentos do bloco!), só senti a puxarem-me de uma lado para o outro, barulhos de água, foi preciso respirar fundo muitas vezes, morder o lábio umas quantas vezes, apertar as mãos suadas, porque o processo tem pouco de pacífico em sensação mas nenhuma dor, claro, graças à anestesia. E o Paulo sempre ali, grato no olhar por ser eu a passar por aquilo, a olharmos um para o outro, cientes da coisa absolutamente única e inesquecível que nos estava a acontecer, uma intensidade que nunca senti na vida.

Depois de muitos puxões, senti que o agarravam e tiravam, ouvimos aquele choro que para nós já era todo ele, sem o termos visto ainda. Às 11h55 da manhã de 1 novembro aconteceu-nos Tudo. Tudo o que há de mais inexplicável em tudo o que já senti na vida. O meu Luís, o meu Dr. Avô, médico, pai, avô, de coração - e que privilégio inexplicável tê-lo ali - trouxe-nos aquele bebé vermelhinho, ainda tão perdido no mundo e já tão amado. O Paulo só se distanciou nessa altura para ajudar a vesti-lo e ainda bem, porque era a extensão de mim que precisava naquela altura para acompanhar o nosso filho. Coser, zero dor outra vez, só ele, só, só ele na cabeça, nos ouvidos, no coração. Os três corações a baterem acelerados e juntos naquela sala, longe mas perto. E depois eles a virem os dois ter comigo, o Paulo com aquele sorriso maior que a cara, e o Henrique muito enrugadinho junto a mim, com aquele cheiro doce. O mundo a parar e outra vez a sensação que somos os primeiros pais da humanidade.

Depois o recobro, o início da amamentação, os dois ali ao pé de mim, e eu a sentir que podia alimentar-me daquele momento para sempre.

[Não sei o que é um parto normal, mas sei que o meu parto de cesariana foi emocionante, galvanizante, viciante, de uma beleza única para mim. Não percebo quem vê as mães de cesariana como menos mulheres. Percebo que haja milhões de vantagens num parto vaginal, como foi mostrado esta semana na SIC, na reportagem "No Tempo das Cesarianas", mas desta vez foi a natureza que escolheu. Os próximos serão o que puderem ser, mas gostava que passássemos pela experiência de um parto normal. Sobre as escolhas não médicas que podemos fazer, acredito que cada mulher faz o melhor para o seu filho, para a sua família, mesmo que isso signifique não querer associar um momento maravilhoso a algo que considerem traumático. Se há coisa que aprendemos a fazer quando somos mães é a não julgar tanto as outras mães.]




sexta-feira, junho 12

Boas notícias: neste restaurante a Salmonella e a toxoplasmose ficam à porta


O restaurante Sushic, que já foi considerado por um blogue japonês como um dos melhores sítios para comer sushi no mundo, inventou uma das coisas mais bem lembradas e queridas que já vi: um menu mamã, a pensar nos desejos das grávidas e lactantes. São precisas 48h de antecedência para prepará-lo, e por isso é preciso marcar atempadamente e custa € 29,50 (bom sushi é difícil ser barato). O peixe é sujeito a um congelamento (adeuzinho Salmonella), os legumes, as frutas e as ervas aromáticas são desinfectados (idem toxoplasmose) e há cocktails sem álcool daqueles que enganam mesmo bem. Paradisíaco, não? E a ASAE aprova? Segundo o Observador, nem uma única contra-ordenação no dia anterior à reportagem.

Boas notícias, não. Extraordinárias, sim, porque fui daquelas afortunadas (ou não) que foi desaconselhada a comer sushi durante a gravidez*. Posso dizer que havia alturas em que trepava pelas paredes. Que via uramakis e hosomakis a rolar diante dos meus olhos nos meus sonhos, quais peças de Candy Crush demoníacas. Então na fase dos enjoos era tudo o que me apetecia... só comi sushi cozinhado do Noori da rua onde trabalhava, onde eram uns fofinhos e me aturavam com todas as aquelas especificidades, de tirar a paciência a qualquer um, mas convenhamos que, para quem prefere sashimi, não é bem a mesma coisa...

Uma das primeiras coisas que comi depois de voltar da maternidade foi: sushi. O meu desejo secreto é que o meu adorado Dr. Avô não leia esta publicação e que diga que não posso na mesma e mimimi, e que não é não ou que fica à minha responsabilidade. E que o restaurante de Lisboa abra a tempo da próxima gravidez, porque este fica em Almada.

*Grávidas a quem o médico não proibiu sushi na gravidez ou amamentação não são para aqui chamadas (ficamos um bocadinho violentas quando nos atiram isso à cara, ok? Mas ligeiramente felizes por vocês, vá).

Imagem: Jorge Simão/Observador




quinta-feira, junho 11

O que andamos a ler: voltar à biblioteca



Cada vez mais adepta de aproveitar todos os recursos do meu bairro: o mercado, o centro de saúde, os jardins e também a biblioteca. "Queixei-me", numa publicação lá atrás, da falta de renovação dos livros infantis cá em casa, pois bem, vou começar a dar mais a uso ao meu cartão das Bibliotecas Municipais de Lisboa  - BLX. Assim vou comprando só os preferidos dele(s). A ideia de partilha de livros já fazia sentido para mim mas, de há alguns anos para cá, só tinha por hábito ir às bibliotecas buscar livros de estudo para a faculdade. Poder incutir ao Henrique este hábito vai muito ao encontro dos valores que gostaria de lhe transmitir.

Estes ainda estão um bocadinho à frente da idade dele, mas a leitura e a nossa interação fazem toda a diferença. Dois deles - "Este livro está a chamar-te" e "Uma onda pequenina" são da coleção Cantos Redondos da Planeta Tangerina e são bastante experienciais, convidando os mais novos a percorrerem os livros com os cinco sentidos, a fazerem parte dele. Vou guiando as mãos pequeninas pelas páginas, aproximando e afastando o livro e descrevendo as formas e objetos. "Andar por Aí" também da Planeta Tangerina e o "Livro dos Porquinhos" da Kalandraka são os mais narrativos, e são também os meus preferidos entre estes cinco pelas histórias, que permitem uma leitura mais teatral, e pela ilustração mais colorida que lhe desperta mais a atenção. Já conhecia o "Selma" da Jutta Bauer e agora fiquei também a conhecer o "Quando a mãe grita". São bastante minimais em texto e ilustração, o que dificulta um bocadinho para bebés tão pequeninos.

 Vou partilhando aqui as nossas escolhas.

terça-feira, junho 9

Report piscina: temos nadador!



Estávamos cheios de medo que, depois de tanta expetativa, a coisa desse para o torto porque ele estava cheio de sono. A logística de balneário é um pouco complexa, enquanto ele ainda não anda sobretudo, e ainda bem que estávamos os dois lá para assegurar essa parte.

Pelo cantinho do vidro, de onde vi a aula toda, pareciam os pais patos com os seus patinhos, todos muito Teletubbie com as toucas enterradas até aos olhos. A dificuldade esteve mais do lado do pai, em assegurar que ele não engolia nenhum pirolito, que dele. Andou todo compenetrado a levar brinquedos de um lado para o outro da piscina, a segurar bolinhas entre os braços, a dar saltinhos tontos ao colo e mergulhos, tudo sob as orientações e olhar vigilante do professor. Tenho dificuldade em imaginar que, aos sete meses, ainda tenha reminiscências da vida dentro do meu aquário, mas a verdade é que nada daquilo lhe pareceu muito estranho. Estava feliz da vida a chapinhar entre os outros bebés, e essa parte é mesmo fundamental estando em casa e não convivendo com muitas crianças da idade dele no dia-a-dia...

Estamos muito contentes com esta atividade nova tão relaxante, sobretudo por podermos usufruir do nosso bebé num ambiente confortável, pele com pele, em plena brincadeira, mas também para promovermos a longo prazo uma relação mais segura com a água.

Efeitos colaterais importantes: a moca de sono é tão grande a seguir que dá ao pai a oportunidade de ler o jornal de ponta a ponta, como é raro conseguir fazer desde que ele nasceu, e a mim de poder desaparecer durante duas horinhas para fazer o que me der na real gana. Porque nós também merecemos.

segunda-feira, junho 8

Natalidade: batemos no fundo e agora?...



Com mais habilitações literárias mas também mais envelhecidas. Assim são as mães portuguesas de hoje neste retrato apresentado pelo Expresso, depois de termos atingido os novos mínimos de natalidade em 2014 e de continuarmos a colocar em risco o equilíbrio demográfico e o direito à reforma.

Tudo isto me preocupa, agora ainda mais que estou a viver em pleno a experiência da maternidade. Escolhermos ficar em casa é batermos de frente com a realidade da ausência de quaisquer incentivos para o fazermos. Num quadro mais geral, ter filhos em Portugal é apercebermo-nos desde cedo na gravidez que é preciso, mesmo antes da criança nascer, inscrevê-la numa das pouquíssimas IPSS, e ainda assim não garantir creche, preferirmos prescindir de uma série de coisas para poder assegurar as vacinas fora do Plano recomendadas pelos pediatras. É darmos um valor imenso aos empréstimos entre amigas e às vendas em segunda mão, aos grupos de mães que fazem um verdadeiro serviço público a partilhar tudo o que é promoções e estratégias de poupança, porque os bens para crianças são realmente muito caros, entre tantos outros desafios para a economia familiar.

Revolta-me também ter amigas, a receber pouco mais que o salário mínimo, que querem muitíssimo ter filhos, e debatem-se com orçamentos não sabendo se vão ter capacidade financeira para assegurar uma vida digna a um filho. Ou outras que até recebem um pouco mais mas que não conseguem suportar duas creches, ver a conta do supermercado e as contas lá de casa a dobrar ou triplicar. Tudo isto enquanto nos fazem sentir que somos todos culpados pela insuficiência de nascimentos no país, que estamos é preocupados com as carreiras, enfim...

Não custa assim lembrar algumas medidas de incentivo à natalidade, algumas delas que já têm vindo a ser faladas em Portugal, mas ainda estão penduradas sabe-se lá porquê (falta de estratégia dos sucessivos governos provavelmente), e outras que têm vindo a ser postas em prática noutros países da UE. A lista é aberta a todas as sugestões. Posto isto aqui ficam algumas medidas que me parecem fundamentais para criar um ambiente propício ao nascimento de mais crianças em Portugal, na loucura até gerar um novo babyboom (estou a navegar no cansaço e a delirar, é certo):

- Prolongamento da licença de maternidade/paternidade com direito a subsídio equivalente a, pelo menos, 2 terços do ordenado até ao primeiro ano de vida do bebé

- Reforço da rede pública de creches e pré-escolar ou/e subsídios para pagar a amas

- Integração de todas as vacinas recomendadas pelos pediatras no Plano Nacional de Vacinação - a Prevenar foi um enorme passo mas faltam a Bexsero (2 a 4 doses, dependendo da idade cada uma a cerca de € 95 e a Rotateq/Rotarix, 2 doses a € 71 cada - como é possível continuar a restringir estas vacinas, sobretudo a Bexero contra a Meningite B, a quem tem mais dinheiro?)

- Isenção de IVA nos produtos essenciais à vida de uma criança (ovos, cadeirinhas auto, fraldas, biberões, leites de substituição, papas, livros escolares, roupa...)

- Incentivo do trabalho de um dos membros do casal em part-time

- Compensação para um dos membros do casal que queira deixar o emprego para ficar com os filhos

- Possibilidade de compartilhar a licença de parentalidade com os avós

- Benefícios fiscais em aquisição de automóveis e descontos em transportes públicos, no combustível e nos supermercados

- Agravamento das consequências para as empresas que despeçam grávidas ou puérperas

- Criação de um prémio por nascimento e reposição dos escalões dos abonos de família

Venham as vossas contribuições!







domingo, junho 7

A maior da rua dele



Levá-lo para casa ao colo, a dormir, bem aconhegadinho junto ao peito, com mil cuidados, e sentir-me uma heroína.

Hoje é o primeiro dia de... piscina!


Fiz questão que fosse com o pai à primeira sessão de iniciação aquática para bebés para passarem tempo de qualidade juntos, para terem mais uma primeira experiência a dois. Afinal foi ele que lhe deu banho em exclusivo durante os primeiros meses, até eu ganhar coragem e meter mãos à obra. É justo o campo aquático ficar por conta do pai. Estou aqui ansiosa por saber como correu e de experimentar também, claro. Depois conto tudo.

Ah, a touca mini e a fralda de banho ficam-lhe a matar. Só nos dá vontade de rir.

sábado, junho 6

O melhor do meu dia: a tia Marta



O Henrique tem a sorte incrível de ter três tias. Duas vivem bem pertinho e não podiam ser mais presentes nos dias dele e isso é mais que precioso. A terceira, a minha irmã Marta, por contingências profissionais, vive fora de Portugal mas sempre que vem cá aproveita cada minutinho com o minúsculo e eu delicio-me com isso. Ver a minha companheira de brincadeiras e arrelias rendida, a construir uma relação com ele, comove-me profundamente. É quase uma confirmação da nossa adultez, da passagem de irmã crescida para mãe, da irmã do meio para tia. Estamos tão crescidas e isso sabe tão bem.

Hoje o encontro dos dois foi definitivamente o melhor do meu dia.

quinta-feira, junho 4

A vida tal como ela é


(Aviso à navegação, para ler rápido como se fossem cláusulas contratuais em letras miudinhas - Para quem achava que os Dias da Mãe seriam só rosas, a gerência - moi-même - alerta que as maravilhas da maternidade incluem infelizmente o que se vai passar a seguir, lamentando o sucedido e prometendo compensar a/o estimada/o leitora/o com dias melhores)

Ontem à tarde sentia-me uma mãe à beira de um ataque de nervos com a casa imunda das obras (que recomeçam para a semana). Valeu-me o meu pai que levou o Henrique a passear para eu poder lavar e esfregar, pelo terceiro dia consecutivo, a casa toda daquele pó finíssimo que penetra qualquer armário, mas até vou fazer de conta que essa parte não existe. 

Hoje, quando já estávamos a tentar voltar às nossas preciosas rotinas, o minúsculo engasga-se no berço durante a sesta. Pego nele aflita, dou-lhe umas palmadas nas costas e vomita tudo à nossa volta e a nós também de cima a baixo. Equilibrismos dignos de um ringue de patinagem para nos tirar aos dois dali. Bebé traumatizado do esforço mas aliviado, confirmo que está tudo bem e, sim, parece mesmo só ter-se engasgado. Limpá-lo, vesti-lo, ele já super divertido com a "brincadeira" e pô-lo a salvo no berço. Uf. Tirar a minha roupa pelo meio para não sujar mais nada e começar a limpar chão, armários, grades exteriores do berço, sapatos arrumados ali perto... Quanto mais limpo mais parece haver para limpar. E mais ele guincha no berço. Limpo afincadamente enquanto canto para ele e ele entretanto ferra, sabe-se lá como. Refugio-me no chão no único canto do quarto que não está a secar, exausta, a precisar urgentemente de um banho e de comer alguma coisa mas a pensar que ao menos isto eu consigo resolver, ao menos nestas coisas eu posso valer-lhe, há males tão piores... O esforço da limpeza num dia como noutro ajudaram-me a encarar melhor o caos à minha volta. Recupero o fôlego e retomo a luta. Ele está bem e isso basta-me.



Coisas que dão imenso jeito: Epark



Como é que há pessoas que ainda não usam o Epark, a aplicação dos parquímetros de Lisboa, senhores? A sério, expliquem-me.
Cada vez que poupo uma caminhada à chuva à procura do dito, com o Henrique a apanhar água, apesar da capa do carrinho - porque não posso deixá-lo sozinho no carro, não é? - ou com ele ao colo, a fazer malabarismos para tirar as moedas da carteira, com ele a querer mexer em tudo o que é botão e a atirar-se para o chão, até me esqueço que os senhores da EMEL podem ser uns sacaninhas. 

Carrego com 10 euros de cada vez no multibanco e quando chego a algum lado é só sacar do telemóvel mal estaciono, programar aquilo (nunca reconhece se é zona verde, amarela ou vermelha, tem de se escolher manualmente mas é fácil - ainda têm de melhorar mas passa vá), ir à minha vida e a 15 minutos do fim recebo um alerta. Se não usar tudo ainda devolvem o dinheiro. Os nervos que se poupam... E isto é apenas com um filho, imaginem com uma ranchada deles a correr em todas as direções. Ouso dizer que é uma das melhores invenções de sempre para as mães e pais lisboetas. 

As mães também se querem vaidosas #1: batom, chique concentrado

Não sou de todo a mãe mais vaidosa de todas. Já fui mais e gostava de voltar a ser. Além das caminhadas diárias pelo nosso bairro para o minúsculo adormecer, não faço exercício de forma constante - mas um dia falaremos mais sobre o assunto, e talvez vocês me ajudem até a ter a determinação que me falta nesse campo - mas agora estou focada noutras coisas, em viver este bebé o mais que posso, para dizer a verdade. Sem vergonhas de não ser completa. Sou aquela mãe que apesar de ter voltado ao peso inicial continua a ter alguns gelados da Artisani, uns bons copos de vinho e uns hambúrgueres a mais na balança, mas cuido de mim, gosto de me arranjar quando saio com o maiúsculo, não vivo sem máscara de pestanas no dia-a-dia e acho que todos nós - mulheres e homens - devemos cuidar da nossa imagem e ter gosto em fazê-lo. Por tudo isso, hoje inicio esta rubrica de coisas que eu gosto e que me fazem sentir tão bonita, como mereço (já dizia o Sr.L'Oréal, mas não teve sorte na lista).

Um bom batom, ou rouge à lèvres para sublimar todo o chique que ele merece na vida de uma mulher, de uma cor assumida ressuscita-nos nos dias em que nos sentimos verdadeiramente arrasadas, é o suficiente para fazer brilhar qualquer top branco (abundam no meu armário em todas as formas e feitios) ou para fazer esquecer que não tivemos tempo para quase mais nada, e dá a confiança extra para entrar em qualquer lado de cabeça erguida, por isso ando sempre com um ou vários na carteira. Na minha pele super branca acho que ficam melhor os rosas ou vermelhos e prefiro aqueles que ficam sequinhos e mates nos lábios e deixam dar beijinhos e fazer todas as coisas com o nosso bebé sem enchê-lo de marcas na roupa. Ficam alguns dos meus preferidos:


Chubby Stick da Clinique (uso o nº 10 Bountiful Blush): são um bom hidratante de lábios com cor, sem termos de nos preocupar se os limites estão todos perfeitinhos ou se estamos a dar cabo da ponta do batom porque é em forma de lápis. Rápido e eficaz, ótimo para todo os dias portanto. [Foi-me oferecido no meio de um milhão de presentes para o Henrique pelas minhas amorosas amigas do trabalho que tiveram a melhor ideia de sempre: mimar a mãe].


Perfect Rouge da Shiseido (uso o RD 516): o meu batom preferido para qualquer dia que precise de confiança, é um rosa forte, feminino e sem quaisquer equívocos - estou com batom de dia e assumo-o.


Sephora Rouge (não sei o número, é um dos mais fortes de todos): foi o meu primeiro batom a sério e adoro usá-lo para sair à noite com a roupa mais básica, mas cuidada, de sempre. A cor tem personalidade suficiente para arrasar o resto.









terça-feira, junho 2

Hoje foi dia de... Vacinas


Hoje foi um daqueles dias que eu fico feliz por despachar porque não gosto lá muito dele. Foi dia de vacinas. E não é só porque não gosto de agulhas ou porque fico sempre com o coração do tamanho de uma ervilha ao vê-lo sofrer... É porque sinto que o traímos.

Aqueles segundos entre a palhaçada total que estamos a fazer para relaxá-lo, conscientes que é para o bem dele - qual programa familiar de fim-de-semana no jardim -  e a perceção que está algo a magoá-lo muito é dos demónios. Dá mesmo para ver naquele escasso momento de transição na cara dele que fica surpreendido com a nossa atitude miserável. "Vinha eu aqui tão bem disposto e fazem-me isto, seus pais vis?" Depois esquece-se daquilo e fica lindamente, mas eu não. 

segunda-feira, junho 1

O Dia da Criança não foi hoje


Obras em casa a começar bem cedo afastaram-nos de programas idílicos neste Dia da Criança e baralharam-lhe as rotinas do sono com o barulho. Queria ter ido à Feira do Livro, comprar-lhe um livro, um balão e rebolarmos na relva. Há um ano por esta altura tinha desejos de farturas de lá mas depois veio a desmancha-prazeres da diabetes gestacional e tirou-me as manias. O melhor que fizemos foi mesmo darmos um daqueles nossos passeios bons de final de tarde, para arejar a casa e deixar secar as tintas e as massas, os dois podres de sono, ele a poder dormir, eu nem por isso. Siga para bingo, o jantar é Mac e o serão Prison Break, que começámos agora a ver pela primeira vez, enquanto o minúsculo dorme até as 07h que nem um santo.

Conclusão: o nosso Dia da Criança não foi hoje, há-de ser noutro dia. Ele ainda não sabe o que é um calendário, e nós temos a certeza que qualquer dia banal com ele é tão mais especial e que só lhe interessam mesmo os nossos sorrisos e beijinhos. 

Sete


Hoje fazes 7 meses, meu minúsculo matulão. Parece que foi há uma vida que te tive dentro de mim e que te sentia às voltas na minha barriga, qual peixinho a crescer à velocidade da luz e a dar grandes turras nas paredes do aquário. Imaginava-te uma miniatura do teu pai porque era o amor maior que tinha, agora tenho dois. E de tanto pensar assim saíste mesmo quase igual a ele (nas alturas mais difíceis posso confessar-te que quase espremia esse pensamento pelos poros todos do meu corpo, sobretudo quando o Dr. Avô te tirou de dentro da minha barriga, e continuo a pensar assim em ti quando me dói alguma coisa ou preciso mesmo de coragem).

Todos os teus meses foram especiais mas acho que vou guardar um carinho especial por este que passou por terem acontecido tantas coisas boas.

...Agora já posso cozinhar para ti muito mais sopas e purés de fruta e ver a tua cara de felicidade a comer o que te preparei com carinho já sentado qual pequeno rei na tua cadeira da papa (e tu um dia vais perceber que a comida é mesmo muito importante na família da mãe, daí o primeiro lugar nesta lista)

...Já te sentas bem direitinho e aguentas mais do que um minuto ou dois nessa posição, por isso podemos inventar brincadeiras novas a partir de agora

...Entreténs-te muito a brincar com as mãozinhas, fazes-me imensa companhia enquanto cozinho (lá está!), tomo banho, arrumo a casa

...Tomaste o teu primeiro duche comigo e avizinham-se muitos mais de paródia completa

... Foste pela primeira vez à praia e não tiveste medo nenhum da areia e da água (só ficaste um bocadinho birrento de cansado mas com o treino chegas lá)

...Tivemos de baixar o estrado da tua cama porque já te penduras todo como se quisesses levantar-te

...Já pões as mãos à volta do meu pescoço quanto te vou buscar ao berço de manhã

...Cortámos-te o cabelo e já pareces um senhor (não paro de olhar para ti e exclamar por dentro o amor que estás!)

...És cada vez mais portátil, posso sair à rua sem sentir que és uma pequena bomba-relógio do choro porque te portas que nem um príncipe (só estranhas bastante as pessoas novas mas eu até gosto disso, às vezes)

...Tenho descoberto ainda mais segredos teus naqueles bocadinhos de pele que te fazem rir à gargalhada e deixei de por base na maior parte dos dias para poderes ensaiar à vontade o campo de aterragem dos teus beijinhos

Tens tudo o que há de bom num bebé pequenino que ainda se embala mas já tens pequenas coisas mesmo boas de "crescido" que eu amo. Cada vez te amo mais, é isso que te queria dizer. Parabéns a ti, parabéns a nós os três.