terça-feira, outubro 13

Onze




Onze meses de ti e continuas a bater recordes no número de sorrisos que me despertas todos os dias. Chego ao fim do dia rota de brincar contigo, de gatinhar atrás de ti e às vezes de cabeça perdida de ter de te dar a volta quando me resistes mas, assim de repente, não há nada que me pareça demasiado dramático se tu estiveres bem e feliz. E a vida tem sido generosa connosco, continuamos a passar os dias inteirinhos juntos e a divertir-nos à brava. Todos os dias o pai e eu ficamos simplesmente felizes de acordar porque tu estás lá com aquele sorriso e, apesar de já fazeres completamente parte da nossa vida há meses, ainda olhamos muitas vezes um para o outro surpreendidos a perguntar-nos como é que nos foi acontecer assim uma coisa tão boa.

Vá, mãe. Deixa-te dessas coisas, vais tu dizer-me...

Bom, queria apenas que soubesses um dia que este mês ganhaste mais dois dentes, mais um baixo e um em cima - já tens três e sem noites mal dormidas, apenas algumas birras de irritação com o incómodo. Passas a vida a explorar estas novas pedrinhas que tens na boca com a língua da fazer estalinhos.

E, apesar de ainda não dizeres mais nada senão ma-ma-ma-ma, estás cada vez mais comunicativo. Consegues perceber quando te peço para me dares alguma coisa - dás-me comida à boca, o que é bastante adorável -, entendes quando te digo para me penteares e passas o teu pente assim à superfície dos meus cabelos com a maior satisfação do mundo, apontas para a banana e para o cão de peluche quando te pergunto onde está... um rol de coisas simples que nos deixam boquiabertos quando acontecem. Ficas muito muito satisfeito quando és compreendido.

Outra das tuas proezas é segurares as tuas bolas com apenas uma mão, com ela assim estendida e a bola apenas equilibrada nos teus dedinhos pequeninos. Ficas radiante quando consegues fazê-lo. Estás a aprender a atirar a bola à mãe, qualquer dia já conseguimos jogar em família.

Tens vindo também a desenvolver uma paixão especial pelos animais. Ficas louco de felicidade quando vês cães, gatos, patos, pombos... acho que vais conseguir dar-me a volta e ensinar-me a perder os meus medos com alguns deles. Afinal também vieste para nos ensinar tantas coisas felizes...






sábado, outubro 3

Cadeiras para o carro: dúvidas e mais dúvidas

As viagens de carro têm sido bastante difíceis, sobretudo quando vamos os três e ele fica sentado lá atrás, ainda no ovo, virado para o banco, em sentido contrário à marcha. Chora imenso e só se cala quando pomos músicas infantis ou quando eu mudo para trás e faço trinta por uma linha para entretê-lo. Está quase a deixar de caber nele, e talvez por isso o desconforto.

Tenho andado a fazer muitas perguntas nas lojas e aos amigos para comprarmos a nova cadeira do carro. O problema é que as respostas e as teorias que obtenho divergem: há os que acham que se deve continuar com uma cadeira virada para trás porque, quanto mais tempo ficarem nessa posição, mais seguro será em caso de acidente. E outros que passam automaticamente para as outras cadeiras já viradas para a frente, o que eu acho bem mais interessante para eles verem o caminho e se entreterem mais. Pelo que percebi, a primeira opção obriga a comprar duas cadeiras (grupo 1 e 2/3) e a segunda apenas uma (grupo 1/2/3), ainda que numa primeira fase com um redutor, caso escolhamos uma que o tenha, caso contrário fica a nadar. Em termos de segurança, não percebo como é que uma solução é melhor que outra se ambas as cadeiras são homologadas e seguem as regas de segurança definidas pela União Europeia. A verdade é que os nossos amigos mais próximos optaram por esta última solução de ter apenas uma cadeira e eu fico aqui entalada entre argumentos... Se optar por uma 1/2/3 estou inclinada para esta Be Cool Thunder, que vi na Prénatal e me parece equilibrada entre conforto, preço e qualidade.



sexta-feira, outubro 2

Sapatos: até quando vais resistir pequeno Mogli?

Não há nada mais querido que os pés de um bebé. De inverno dão vontade de morder, mesmo através dos collants, e de verão é a loucura total. O Henrique ainda para mais é um acrobata e anda sempre de pernas no ar a morder os pés. Nunca achei, por isso, muita graça a sapatos decorativos, e o Henrique andou, até aqui, com os pés à solta - descalço ou de meias antiderrapantes.

Desde que começou a gatinhar e a pôr-se em pé, comecei a pensar que talvez uns sapatos lhe endireitassem os calcanhares, que ele tanto dobra e que lhe dificultam a tarefa de andar. A inércia e as teorias de que não há nada como o próprio pé encontrar o seu equilíbrio venceram durante uns tempos mas, agora que começa a ficar frio e que nos emprestaram uns sapatos de primeiros passos da Chicco, gostava de conseguir pôr-lhos. Conseguir, sim, o verbo é mesmo esse porque a tarefa não tem sido fácil. Tem medo dos sapatos, encaracola o pé todo e ao fim de muitas lágrimas dele e suor nosso, é sabido quem vence a batalha. Por mais ajudantes, bonecos que lhe ponhamos à frente, nada feito. Até quando vou ter um pequeno Mogli descalço?

Uma amiga ofereceu-se para ajudar e vamos experimentar uns Bobux com submarinos amarelos e mais moles, tipo segunda pele, que fizeram as maravilhas do bebé dela. A minha expectativa é que lhes ache graça e que não se sinta tão apertado. Se não funcionar, e porque já ando a sonhar com eles há bastante tempo, acho que lhe (me) ofereço uns Moleke de franjinhas nos anos... Aí, se não gostar deles, choro eu.





segunda-feira, setembro 21

Dez



Ando desaparecida, eu sei. Sono (muito sono) na hora das sestas, as birras dos primeiros dentes, muita organização de assuntos fora e dentro de mim e, vá confesso, alguma preguiça levaram-me a este com os dois pés mais na vida offline. Às vezes também sabe muito bem... Assim, a publicação sobre os dez meses do Henrique, festejados no dia 1 de setembro, tardou mas não ficou esquecida. Aqui vai, dedicada a ele, para que um dia leia cada "capítulo" da sua grande e longa história de vida, assim o desejo.

Meu rabanete, pinchavelho bebé, berlinde, carapau manteiga, pirolito gasoso e todos outros nomes ridículos que só o amor gigante que temos por ti justificam que te chamemos,

Este mês não foi mesmo nada aborrecido porque nos surpreendeste, como sempre, com uma data de coisas novas. A que mais me surpreendeu foi quereres começar a comer sozinho. Pegas na colher com convicção, aceitas a custo a nossa ajuda para ir buscar alguma coisa ao prato e depois consegues quase perfeitamente levá-la à boca. Nem sempre leva tudo o que estava previsto e cai metade pelo caminho, mas a tua desenvoltura surpreende-nos. Ainda temos muitos progressos para fazer neste campo - e menos sujidade à volta - mas temos anos de treino pela frente, meu amor. 

Outra coisa importante deste mês foi teres aprendido a cair melhor. Sim, a cair, porque, como ainda não andas mas gatinhas velozmente agarrando-te a tudo a que podes, esta é uma garantia de que não temos de andar mesmo atrás de ti com medo que te magoes. Posso simplesmente ficar sentada numa ponta do quarto a ver-te trepar e a cair em cima da fralda sem grandes danos. É verdade que preferíamos que não batesses tantas vezes de forma mais ou menos suave aqui ou acolá, mas a verdade é que te esqueces em 30 segundos e vais à tua vida.

Mesmo no final do mês, o avô Zé viu-te fazer uma mastigação diferente com a boca e adivinhou que vinham lá dentes. Desta vez, ganhou mesmo a aposta que fizemos e começou a brotar da gengiva um dentinho adorável que dá toda uma nova melodia às tuas dentadinhas na bolacha Maria, e algumas birras justificadas pelo incómodo. 

O pai diz que estás muito menino da mamã e como eu gosto disso! O que mais quero dar-te é autonomia com responsabilidade mas também com amor. Saber que encontras no meu colo o conforto que precisas deixa-me no céu. E não é só comigo que estás mais miminho, também com o pai, com os avós e com as tias. Contrariando a tua tendência para fugir às montanhas de abraços e beijinhos que te damos, agora és tu que pareces gostar de vir ronronar um bocadinho junto a nós. Nem que seja por 3 segundos pousas a cabeça no nosso colo ou ombro e ficas ali a gozar um bocadinho aquele recosto. Estamos com esperança que melhores esse tempo para podermos gozar esses teus mimos de outra forma...

E por fim... estás um palrador nato! Às vezes lá tentamos descortinar algo parecido com uma palavra na tua "conversa" mas só pelo tom conseguimos perceber se estás a dar gritinhos de felicidade, se estás a ralhar ou se estás simplesmente a meter conversa connosco. Bastante engraçada essa tua linguagem...

Ah, e ainda bates palminhas e dás "bacalhaus"...

Eu não disse que era muita coisa? Continuas um bebé perfeitamente adorável e como eu gosto de viver cada um dos teus dias de tão perto...! 

segunda-feira, setembro 7

Corridas em pausa


Quem me segue no Instagram @margarida_osdiasdamae viu-me decidida a correr 3 ou 4 vezes e logo a seguir com uma joelheira a queixar-me de dores. Pois é, a verdade é que já não fazia exercício há quase 18 meses e talvez tenha cometido o erro de recomeçar rápido demais. Fiz uma tendinite em ambos os joelhos e e estou há sensivelmente duas semanas sem correr. No início nem andar sem coxear conseguia. Custou-me muito estar com o Henrique, e com a  febre das arrumações, sem poder quase mexer-me. Nunca tal me tinha acontecido. A juntar à festa tendinites nos pulsos também, muito devido ao peso dele. Com os anti-inflamatórios tudo está a melhorar e já tenho feito algumas caminhadas. Daqui a uma semana, o médico de família diz que já posso voltar aos treinos.

Porquê correr e não fazer outro exercício menos violento? Primeiro, detesto tudo o que meta músicas alta e coreografias, por mais simples que sejam. Sou a pessoa menos coordenada que conheço para esse género de coisas. Esqueçam, que não tento mais, já o fiz demasiadas vezes e fico sempre demasiado envergonhada para tirar proveito das aulas. Segundo, correr não tem horários, posso acordar às 06h e aproveitar que o pai ainda está em casa para ficar com ele ou sair depois do jantar, não dependo de horários de ginásios. Terceiro, é o único desporto que eu sinto que tem efeito no meu metabolismo por ser mais agressivo e que, simultaneamente, me faz sentir bem por se tratar de um desafio pessoal. LGosto da ideia de me vencer a mim própria e de ser eu a gerir os treinos. A única coisa que é melhor que correr sozinha, é correr com o Paulo, o marido querido, mas eu sei que ele corre bem mais que eu e que são dias excepcionais que me são mais dedicados a mim, que a ele. Claro que gostaria de ter alguém que se dedicasse a mim e me obrigasse a mexer ainda mais do que apenas as corridas, mas antes de perder algum peso acho que não vale a pena estar a trabalhar localizadamente o corpo.

Dentro dos sonhos dele

Naqueles dias, sobretudo de fim-de semana, muito intensos e cheios de atividades em que regressamos a casa já em cima da hora do jantar, e ele adormece no carro, não temos muitas vezes coragem para acordá-lo. A ideia de o arrancar abruptamente do sono quentinho para enfiá-lo no banho e dar-lhe de jantar, só para cumprir rotina, não nos convence. Se está ferrado tiramos só as peças de roupa menos confortáveis e deixamo-lo dormir na caminha. Ele está óptimo de peso e não haveria mal em não lhe dar jantar, mas quando não acorda, antes de eu ir para a cama não consigo deixar de lhe dar um biberon de leite para ter a certeza que fica mais aconchegado. A primeira vez que o fiz morri de medo que ele ficasse acordadíssimo e depois já não pegasse no sono, mas nada disso. Dou-lhe umas festinhas, falo baixinho com ele e pego-lhe. Aninhado em mim na poltrona do quarto dou-lhe o leite meio a dormir, meio acordado. Ele fica sempre de olhos fechados mas a beber com convicção. No fim levanto-me com ele encostado ao meu ombro para arrotar e ele mantém-se ali aninhado deliciosamente. São daqueles momentos que quero recordar para sempre de tão ternos. A ideia de poder aconchegá-lo assim, quase dentro dos sonhos, é tão mágica... Da primeira vez até chorei com tamanha beleza. Sendo ele agora mais crescido e mais mexediço, poder novamente tê-lo assim nos braços, de forma a contemplá-lo com serenidade, a servi-lo neste miminho, é quase como se regressasse por instantes ao estado de recém-nascido.

sexta-feira, setembro 4

Chamou-lhe um figo



Como já escrevi aqui antes, tentamos diversificar tanto quanto podemos, dentro dos limites das regras dadas pelo médico de família (que diz para evitar citrinos e frutos vermelhos até aos 12 meses, por exemplo), a alimentação do nosso bebé. Isso significa que não ficamos apenas pelas frutas mais básicos como a maçã, a banana ou a pêra. Gostamos sobretudo de experimentar todas as frutas da época, porque dizem que a natureza nos oferece aquilo de que precisamos, na época em que precisamos. Por outro lado, como é hábito lá em casa, só compramos o que é nacional e tentamos fazê-lo o mais possível no mercado onde as frutas e legumes, que vêm muitas vezes de produções mais pequenas, têm também mais sabor.

Esta semana a nossa vizinha trouxe-nos uma tigela cheia de figos maduros e doces caseiros e pensei logo em dar-lhe. Achei que a textura talvez fosse difícil de aceitar à primeira e decidi juntar dois ou três aos iogurtes naturais da tarde. Foi um sucesso! Adorou e, até para nós, é uma sobremesa deliciosa! Fica a sugestão.

quinta-feira, setembro 3

Mãe a tempo inteiro: regra de sobrevivência #1 - agarrar as manhãs e planear os dias



Ao longo de quase um ano em casa com o Henrique, tenho-me apercebido que há rotinas que tornam o dia fácil de gerir e que a falta delas torna o dia insuportavelmente pesado. Diria que o fundamental é agarrar as manhãs, arranjar-me juntamente com o pai, depois do Henrique beber o leite dele, enquanto ele brinca ao pé de nós na cadeirinha da papa. Encaro o dia com o meu bebé como um trabalho e por isso levo-o a sério. Arrastar-me de pijama, não ter horários para comer e viver em função apenas das necessidades do bebé enquanto nos descuidamos, não é bom para ninguém. De manhã ele está fresquinho e aguenta-se a brincar "preso" enquanto nos arranjamos enquanto, no resto do dia, é mais difícil consegui-lo, e ter um bebé à solta numa casa de banho enquanto tomamos banho é o pânico... Já basta quando começar a andar! Passada essa fase, estou bem para qualquer programa, sobretudo para sair de casa que é a melhor forma de entretê-lo.

Outra coisa que é importante é, por isso, planear as atividades do dia seguinte, de preferência na noite anterior. Sem grandes elaborações, equilibrar a semana entre programas que sejam dedicados às crianças e a nós - os nossos variam no bairro e em jardins, visitas à família e amigos, programas especiais como a Quinta Pedagógica ou o IKEA, com os quais ele delira, mas também atividades essenciais como tarefas domésticas, compras no supermercado e no mercado, tratar de assuntos burocráticos, fazer alguma compra necessária... Ele entretém-se imenso a olhar para tudo, mesmo nestas andanças e toda a gente se mete com ele, o que também é excelente para a socialização.

Nos dias em que não conseguimos arranjar nada de especial para fazer fora de casa, é preciso ter algum espírito criativo para criar atividades que lhe despertem interesse. Além dos brinquedos dele, pequenas coisas como caixas para batucar, chaves para fazer barulho, papéis para rasgar, tecidos para fazer tendas e esconde-esconde, colheres e molas da roupa para roer ou água no bidé para chapinhar são coisas simples que fazem as maravilhas dele. Até papel higiénico experimentámos ontem desenrolar! Também ouvimos músicas para crianças no Spotify (os cd's da Carochinha sobretudo), que tento aprender para cantar para ele, conto-lhe histórias com muitos gestos e voz teatral. Tento deixá-lo brincar sozinho, para que saiba entreter-se, mas despertar-lhe o interesse em novas coisas com que possa fazê-lo. Entre brincadeiras, refeições e soninhos, o dia passa mesmo muito rápido. Chegamos os dois estafados às 20h, hora de chegar o pai, do jantar e da caminha para ele.


quinta-feira, agosto 27

Dormir juntinho a ele, um desejo impossível


Nas noites em que ficamos só os dois em casa, o mini e eu, fico com uma vontade louca de o trazer para o pé de mim e de dormir com ele. Ter aquela coisa boa, com cheirinho a bebé do banho recém tomado, a respirar tão suavemente ao meu lado é uma verdadeira guloseima. Quando era mais bebé, chegámos a dormir assim com ele nas manhãs de fim-de-semana e era uma verdadeira delícia. Na verdade acho que não dormia, ficava só a apreciar a nossa obra de arte... 

Nesta fase mexediça em que está seria, infelizmente, demasiado perigoso. Agora não conseguiria mesmo dormir sossegada com medo que ele caísse da cama, mas fico completamente derretida a vê-lo dormir no berço nas suas posições estapafúrdias e a sonhar com o dia em que possa cumprir esse desejo, só uma vez de vez quando como me lembro de fazer com a minha avó... Memórias tão doces essas de expulsar o meu avô (dizia na minha inocência que "os avós já não namoravam por isso não precisavam de dormir sempre juntos!" - o riso da família materna toda, ainda hoje) e de adormecer com a história do coelhinho das couves. Não importava que fosse a mesma, o sabor de adormecer assim embalada pelas palavras e pela sua voz é inesquecível. 

Não



No domingo rimo-nos à socapa quando percebemos que ele já sabe o que é um "não". Quando se aproxima de algo mais perigoso, redireciono-o e digo-lhe que aquilo não é para ele. Para grande espanto nosso, nesse dia ia direito à mesa da televisão e eu disse-lhe "não, Henrique" e ele recuou, olhou para mim e foi para outro lado. Voltou a tentar e foi exatamente a mesma cena. É muito interessante para nós, que somos pais pela primeira vez, ver como é realmente possível educá-los desde cedo e como as nossas ações têm influência no comportamento deles. Parece básico, mas não deixa de ser surpreendente assistir ao crescimento de um filho como um espectáculo digno de pasmo.

terça-feira, agosto 25

Amour


Quando o mini adormece cedo e conseguimos jantar a horas, uma das coisas que mais gostamos é de ver um filme. É dos poucos programas a dois que não mudam, porque temos a sorte de ter um bebé querido que nos dá quase sempre noites óptimas. Também adoramos ir ao cinema mas acho que só fomos uma ou duas vezes desde que ele nasceu. 

Esta semana não nos apetecia ver nenhuma americanice, e conseguimos ver finalmente o Amour do Michael Haneke. Para quem não viu, o filme retrata a degradação do membro feminino de um casal e a dedicação do marido até ao derradeiro fim. A história tem tudo para ser de chorar de uma ponta à outra, mas a beleza do relacionamento entre os dois na dignidade com que mantêm velhas rotinas, na forma como preservam algum pudor, nos interesses como a música que preservam e os animam, mesmo durante a doença dela, tornam o filme tão natural que acaba por ser um murro no estômago a seco, sem lágrimas. Pouco conversámos sobre o filme, mantivemo-nos acordados e presos à televisão nos momentos mais silenciosos e difíceis e sinto que fomos dormir aconchegados por nos termos também um ao outro. Muito temos para caminhar até lá mas acho que estamos no bom caminho. 

Dilemas de mãe #6


Como é que não se perde peso a andar atrás deles o dia inteiro se chegamos ao fim do dia mortas, com vontade de ir dormir imediatamente depois deles ferrarem no sono? Com tanto passeio no bairro, a carregar muitas vezes compras pesadas, com tanto embalo de mais de 9kg, com tanta arrumação, esfregar de bolsado aqui e acolá, varrer bolachas esmigalhadas, dar banho agachada a controlar mil pinotes dentro de água... Como!? Para mim é um mistério... É que nem tempo para comer tenho! Vou acabando o iogurte dele, comendo uma bolacha Maria quando ele também come, atirando meia dúzia de amêndoas torradas para a boca para não desfalecer a meio da manhã... Nada assim tão dramático que justifique estar com mais 7/8 kg acima do desejado. 

sábado, agosto 22

Vício bom

Naquela cara irresistível de estranheza/surpresa que ele faz quando experimenta algo novo. Tento que isso aconteça de 3 em 3 dias (o prazo mínimo para testar se um bebé é alérgico a um novo alimento). Quando não é um novo alimento é a forma como o apresento. Não gosta de melão triturado, por exemplo, mas adora roer um bocado maior que lhe foi com a mão. Nem tampouco de uvas à colher, gosta que lhe parta aos pedacinhos e que lhe vá dando também entre os meus dedos à boca dele. Os olhinhos dele brilham de felicidade de poder provar o que me vê a comer. O prazer da (boa) comida aprende-se de pequenino e a educação também passa por aqui. 

quarta-feira, agosto 19

De mãe para mãe grávida


Gosto de saborear cada fase e mesmo de aprender mesmo com aquelas que não quero lembrar mas ontem, depois de ter estado com uma amiga que está à espera de bebé e que tem as mesmíssimas dúvidas que eu tinha há um ano atrás, fiquei sem vontade nenhuma de estar a viver aqueles momentos de ansiedade agarrada a listas de maternidade, a ter pesadelos com o parto, sem saber exatamente se ia ser capaz de ser mãe. Claro que vou passar por muito disto outra vez quando estiver grávida novamente, e que ainda estou a descobrir tudo sobre ser mãe, mas já não será a mesma coisa nesta espera, já não terei tantas dúvidas como da primeira vez. 

O que mais gostava de emprestar a esta amiga, além de roupinhas bonitas e afins, era a certeza que este grande amor nos dá ferramentas mais que suficientes para enfrentar qualquer logística. O que é bom, nesta perspetiva de quem já passou por essa fase, é que afinal não teríamos precisado de ir à loja Y para comprar uma touca XPTO para a maternidade, ou duas "porque eles pedem", de comprar horríveis cuecas descartáveis para a maternidade porque as de algodão dão perfeitamente, de comprar muitos folhinhos, porque o que interessa é mesmo ter os básicos todos à mão, sem floreados, para aproveitar aquela maravilha que de repente nos cai no colo. Também não são precisas fraldas de marca durante meses a fio (as de marca branca até têm menos químicos e fazem exatamente o mesmo), cadeiras da papa que só servem aos 6 meses, pinturas no quarto de que ele só vai usufruir realmente muito depois, cortinados e afins, mas eu sei que queremos dar o melhor ao nosso bebé e que toda esta correria de tratar, comprar tudo quase até ao promeiro ano de idade, pintar, arrumar e até polir rodapés (eu!) ajuda a acalmar os nervos e faz o tempo andar mais depressa. 

Corro o risco de querer ser prática demais, mas das poucas coisas que eu sei que posso verdadeiramente fazer por ela, depois da experiência demasiado intensa de visitas que tive em casa, é ser prestável e invisível. Já a alertei que só irei vê-la quando me pedir expressamente e irei munida de comida para ela e para o pai, além de tudo o que me pedirem. Sei que vou olhar para ela, antes mesmo de ver o bebé, e dizer-lhe que vai ser uma grande mãe e que já está a dar lindamente conta do recado. Não farei sala e tentarei não sair sem pôr a roupa a lavar e dar um jeito na cozinha. Depois dos empréstimos, que tanto jeito dão, tenho a certeza que na maior amizade está também o espaço que se dá aos pais quando nasce um filho. A experiência afinal conta mesmo para alguma coisa. 

A fotografia é literalmente de há um ano atrás ;)

Querido, quero mudar a casa toda



As férias foram tão boas que me deram imensa energia para arrumar a vida. O facto de saber que, quando começarem os dias mais frios e chuvosos vou perder alguma mobilidade, também me incentiva a querer organizar imensa coisa que envolve andar a fazer voltinhas de carro para aqui e acolá.

Além das corridas que andamos a fazer, separados infelizmente, para alguém ficar com o Henrique, andamos a tratar de imensa coisa cá em casa. Na lista de prioridades está a revisão e alguns arranjos estéticos ao meu Smart, que queremos vender por motivos óbvios, mas também comprar uma cama nova para nós, porque precisamos de melhorar a qualidade do nosso sono e pensar um bocadinho mais no nosso conforto que tem ficado sempre relegado para segundo plano, e ainda uma estante mais segura para a sala para substituir a nossa linda da Altamira (na fotografia), que era dos meus avós mas que, infelizmente, é um verdadeiro perigo para o mini. Queremos também calafetar as portas da rua, para não termos outra conta de eletricidade de 650€ no final do próximo inverno, pendurar uma série de quadros, voltar a organizar o quarto do Henrique para o tornar mais apropriado a um bebé quase andante e tenho também estado a organizar as roupas todas dele e uma série de coisas que quero emprestar a uma das minhas melhores amigas que está grávida. Pelo meio, ainda andamos a pôr as nossas consultas médicas de rotina em dia.

Há tanto para organizar, medir, refletir e tantas contas para fazer no meio disto tudo... mas, na verdade, não estou minimamente cansada destas tarefas! Adoro que estejamos os dois sintonizados no bem-estar da nossa família. Acho que é meio caminho andado para o trabalho dele correr melhor, porque quando chega a casa consegue desligar mais, e o Henriquinho também não precisa de se sentir sempre o centro das atenções. Ao contrário do que se possa pensar, acho que eles gostam muito de nos acompanhar nas atividades de crescidos e de não estarmos sempre em cima deles. E o IKEA, por exemplo, é um belo salão de jogos... demos por nós a dançar com ele na zona dos colchões, e ele fica interessadíssimo a ver todas aquelas coisas novas. Fiquei cheia de vontade de voltar lá, sobretudo num dia de mau tempo, para ficar a brincar com ele na zona dos miúdos, onde há brinquedos diferentes dos de casa, tendas, quartos coloridos... Que felicidade poder focar-me nesta alegria do dia-a-dia, nas coisas simples.

terça-feira, agosto 18

Dentes ou mau feitio?

O Henrique sempre adormeceu no carro, como a maioria dos bebés, e continua a fazê-lo em pequenos percursos, mas nas viagens grandes tem estado impossível. Não adianta eu ir atrás, nem cantarmos todas as músicas que conhecemos, nem ter os brinquedos preferidos perto dele. A última viagem de Coimbra para Lisboa foi tão má, chorava como se lhe estivéssemos a bater, que achámos que só podiam ser dentes. Corremos para a farmácia a comprar um calmante para as gengivas - o Camillia da Boiron - que, na altura, pareceu funcionar. No dia seguinte nada de birras e pensámos logo - bolas,  não são dentes, era mesmo uma sacana de uma birra monumental!

Tem repetido a "brincadeira" para mudar a fralda e às vezes para comer. Nuns dias um bem disposto, noutros um pequeno terrotista, mas sempre bonzinho, como diz o meu pai. E nós concordamos, claro, preferimos mesmo acreditar que estas manifestações barulhentas são a chegada do primeiro dente, algo que para mim começa a ser tão misterioso como as cólicas iniciais.  

Na verdade, acho que ninguém quer assumir que os bebés também têm mau feitio, stress e sono, muito sono. Há sempre ali um álibi pseudo-científico para os salvar. 

sexta-feira, agosto 14

Este miúdo mata-me de amor

Há as birras e há a maior parte dos momentos que são técnicos, em que a felicidade está lá mas não precisamos sempre de estar sempre a pensar nisso para nos sentirmos especiais e sortudos. E depois há aqueles momentos que não dá para descrever porque parecem tontos de simples, mas que são mesmo incríveis no coração de uma mãe. 

Quando está bem disposto depois de comer costumo ficar ali um bocadinho de roda dele na cadeira da papa a brincar até sentir que está pronto para a sesta ou para a noite. Hoje pus a cabeça em cima do tabuleiro para ele me mimar, o que equivale a deixá-lo puxar-me os cabelos, o nariz e tudo o mais, e ele ria-se que nem um perdido de ter ali a sua mamã em vez do prato da sopa. Depois quis o pacote de toalhitas que estava em cima da bancada. Comecei a fazer "cucu, onde está a mamã" e em vez de precisar de me esconder foi ele com o pacote a esconder-me a cara várias vezes. Estávamos os dois tão felizes que só nos ríamos da felicidade de podermos comunicar com algo tão simples. Ele sabia que eu estava a percebê-lo e estava radiante com isso. É tão bom dar-lhe os meus dias, poder estar em casa para presenciar estes momentos. Ainda que os dias não sejam leves - ser mãe é verdadeiramente trabalhar a tempo inteiro - não me canso desta decisão. 

quinta-feira, agosto 13

Voltar a casa

Depois de uns dias em Coimbra com os sogros e a minha irmã mais nova, entre mimos ao Henrique e petiscos divinais, que me dão um bom descanso da cozinha, regressámos a casa. Já não temos mãos e braços extra ou a piscina para chapinhar, mas temos as nossas coisas, os brinquedos todos e as rotinas também acabam por ser reconfortantes. 

É tempo de arrumar as mil roupas do mini que já não servem, organizar a casa e de voltar aos jantares bons a dois e aos minutos preciosos no sofá com o silêncio e a televisão que nos apetecer. Voltámos também ao jardim e aos passeios tranquilos no bairro. Agosto é uma delícia na cidade, é tudo tão mais calmo... 

A coragem do recomeço deu-me energia para voltar a correr. Hoje ainda foi só  o primeiro dia, a ideia é tentar mexer-me pelo menos três vezes por semana. Para já, estou a seguir um plano para iniciados em que vou intercalando a marcha com a corrida. Estive 18 meses sem fazer qualquer tipo de desporto - 9 meses de gravidez e 9 meses de Henrique - e não quero abusar, para além de sentir que estou mesmo pesada. As férias também não ajudam nada... Já estou com aquela sensação terrível de barriga quando me sento e, por isso, tinha mesmo de fazer alguma coisa. Gostava de perder pelo menos 5 kg e, como estamos a pensar noutro filho para breve, e não quero perder a mobilidade que o Henriquinho e a saúde exigem, é mesmo importante fazer este esforço agora. Haja coragem para me levantar às 7h. O lado bom é que é tempo que me estou a obrigar a ter para mim, uma das minhas resoluções de férias. 

terça-feira, agosto 11

E as férias (dos outros) continuam

O verão tem sido generoso connosco. Estar em casa com o Henrique nesta altura do ano é muito menos monótono porque aproveitamos as férias dos avós, tias, primos e estamos muito mais acompanhados. Nos últimos dias fomos visitar os meus avós e ele foi mimado por toda a família, enquanto eu também matava saudades deles e da casa dos meus verões da infância. Aos fins-de-semana tentamos estar mais os três e com a família mais próxima e é raro poder estar assim. Não há nada como dormir em casa dos meus avós, sermos muitos a tomar o pequeno-almoço, beber o café fraquinho e delicioso da minha avó e comer aquelas torradas de pão a sério com manteiga, como quando tinha 10 anos. Fazer tudo isto com o Henrique é muito mais intenso, tenho menos tempo útil para conversar e para sentir verdadeiramente o descanso que dantes sentia só por estar no campo e haver pouco para fazer, mas também é reconfortante partilhar o nosso bebé e ver como todos se alegram à volta do primeiro bisneto. 

Cada vez me sinto menos parte dos netos e mais integrada junto dos adultos. Não que isso não acontecesse já há uns bons anos, sobretudo desde que trabalho (há mais ou menos 10 anos) mas parece que, quanto mais passo pelas provas mais duras da vida - e ter um filho é sem dúvida a experiência mais desafiante que vivi até hoje - mais confiante e crescida me sinto. Já não há tempo para dúvidas existenciais, birras de adolescente, vontade de estar noutro sítio. Agora é mesmo abraçar a felicidade de ter nascido nesta família, ainda que sejamos todos tão diferentes, e de termos a sorte de partilhar a mesma história.

No meio destas emoções, o Henrique consegue sempre surpreender-me no fator adaptação. Andamos a rodar de casa em casa quase de semana para semana e ele não parece estranhar assim tanto. Adorou o mimo e a atenção (acho que tem uma paixão pela minha avó que tem um jeitaço inato para crianças, é impressionante como rejuvenesce junto dele), delirou com os patinhos e com o jardim e também se sentiu à vontade para fazer algumas das suas melhores birras. Anda a delimitar terreno, sobretudo a hora da refeição mas, como está um pequeno texugo, não nos preocupamos nada se não comer tudo... Às vezes perde-se a paciência com esta fase em que nos foge para mudar a fralda, só quer aproximar-se das esquinas mais perigosas ou das fichas elétricas e, muitas vezes, ainda temos de dar uma ajuda para adormecer. Depois de um dia menos bom, lá vem um dia excelente em que está bem disposto e em que tudo funciona bem para me dar forças. E entretanto lá fazemos mais uma viagem para visitar os avós de Coimbra. 






sexta-feira, agosto 7

E o prémio de melhor descoberta das férias vai para... a praia da Fábrica

Eu não era a pessoa mais algarvia de sempre, nem sequer era muito de praia e tinha os preconceitos do costume  relativamente ao Algarve - praias lotadas, filas nos restaurantes, preços inflacionados, mas o marido querido deu-me a conhecer Tavira logo nos primeiros anos de namoro. Esta zona está longe desses infernos que descrevem. Claro que é sempre melhor ir em julho ou setembro, que em agosto, mas nada que não se faça.

Gostamos de variar entre as praias da Lota, Manta Rota, Verde, Barril... mas talvez a que gostássemos mais, até este verão, fosse a ilha de Tavira com o necessário e lindo passeio de barquinho pela ria Formosa, e porque é também a praia da infância dele...

Rapariga cheia de curiosidade que sou, quando ouvi falar que a revista Traveler, do grupo Condé Nast, tinha escolhido a praia da Fábrica, em Cacela Velha, como uma das melhores do mundo, convenci-o a irmos. Esta vilazinha amorosa já é paragem obrigatória há muitos verões para os nossos jantares. A Casa Velha é o nosso restaurante de eleição para comer choquinhos à algarvia, ostras, arroz de lingueirão entre outras iguarias e este ano não foi exceção. O Henrique deixou-nos jantar fora todos os dias, enquanto dormia no carrinho.

Lemos que o acesso a esta praia - e também à de Cacela Velha, que fica mesmo ao lado - é feito em barquinhos de pescadores junto ao restaurante Costa, também conhecido pelo arroz de lingueirão, nesta pequena localidade da Fábrica, por isso ficámos com medo que fosse algo precário, que não assegurasse as condições necessárias a um bebé. Mal chegámos sossegámos quando percebemos que há alguma organização nos barcos, há até uma tabela de preços (1€ para a Fábrica, 1,5€ para Cacela Velha) e horários com travessias até às 20h30, o que nos deixou bem mais descansados, mas também mostra que a procura ainda é alguma... Subido o barquinho a motor, faz-se a viagem de 2 ou 3 minutos para atravessar a ria e logo, logo está-se na praia, que é uma língua deslumbrante de areia, sem palhotas, música alta, nada de concessões, nem de bandeiras ou de nadador salvador, mas a água praticamente não mexe, não há grandes perigos...  Graças à escassez de lugares de estacionamento e do acesso condicionado pelos barcos, há quase uma linha única de chapéus em frente ao mar e, quem quiser andar mais, está sozinho. Foi aqui que o Henrique passou a gostar da água do mar, porque na maré baixa forma umas poças quentinhas perfeitas para os mais pequeninos brincarem. Depois de muito chapinhar, foi ao banho com o pai e gostou muito, a água também estava mais quente que nas restantes praias. Num dos dias até decidimos optar pela aventura de vir pela ria na maré baixa a pé. Mesmo com o Henrique ao colo - que já pesa 9 quilinhos de amor - fez-se bem. O lodo e as partes mais escuras da ria fazem alguma impressão mas também fez arte do momento.

Sinto que isto para mim é que é praia e descanso com o verdadeiro contacto com a natureza, sem ninguém a empatar a nossa vista e espaço. E ainda avistámos bolinhas num dos dias - acho que íamos tarde demais para apanhá-las mais vezes, mas elas andam por lá... Fiquei verdadeiramente feliz de ter descoberto este santuário para as nossas férias deste e dos próximos anos. Até fiquei com vontade de voltar no inverno para procurar uma casinha ali mesmo em Cacela Velha para arrendar no próximo verão.








quinta-feira, agosto 6

Passatempo BeBunXi - temos vencedora!

A coroa do passatempo que fizemos em parceria com a BeBunXi vai viajar até uma cabecinha amorosa nas Caldas da Rainha. Parabéns à grande vencedora - Catarina Correia! 


quarta-feira, agosto 5

Ferrugem e osso


Estávamos tão relaxados no dia antes de voltarmos aos nossos "trabalhos" (as aspas são para o meu), que conseguimos alugar este "Ferrugem e Osso" e nem sentir aquele aperto de domingo, acrescido de final de férias. Foi uma doce transição.

Este filme do Jacques Audiard, que já é de 2012, conta a história de um amor improvável entre um segurança, boxeur e pai muitas vezes ausente de um miúdo de 5 ou 6 anos com uma treinadora de orcas, meio perdida no seu vício da sedução, que fica sem pernas depois de um acidente de trabalho. Ela é protagonizada pela maravilhosa Marion Cotillard e ele é o giro do Matthias Schoenaerts, que eu desconhecia. A forma genialmente bem filmada e trabalhada por Audiard de mostrar a superação da depressão dela no pós-acidente e dele, enquanto pedra bruta que desconhece a verbalização de sentimentos, culminando numa história de amor, deixou-nos rendidos ao filme. Como pais uma das cenas finais, com a quase morte do rapaz dentro de um buraco no gelo, pôs-nos doentes. Fartei-me de me contorcer no sofá. A partir do momento em que se tem um filho as histórias tenebrosas de abusos, desaparecimentos, acidentes e afins tocam-nos mesmo de outra forma... Fora isso, recomendadíssimo.





segunda-feira, agosto 3

Dilemas de mãe #5

Porque é que quando já fizemos tudo o que devíamos, durante a sesta deles, e finalmente pensamos que vamos descansar uns minutos, eles decidem acordar? 

domingo, agosto 2

Nove


Meu Henrique, apesar de seres tão pequeno, todos os meses dás um pulo de gigante. E este foi sem dúvida um mês de muito movimento, às vezes acho que até podias gerar eletricidade cá para casa. Cada vez fico mais feliz de teres nascido em novembro e chegares agora ao verão já a gatinhar. Aconchego das mantinhas e colinho no tempo frio, e pernas ao léu a rebolar na relva e na areia da praia o calor. Assim foi este mês em que te lançaste a gatinhar para a frente e agora já não há quem te pare! Aliás, gatinhas com vontade de te pôr de pé, já te queres empoleirar no sofá, nas grades da cama, fartas-te de dar cabeçadas em tudo o que é sítio, até já caíste de uma cama abaixo. Não passou de um pequeno susto... Pensei que todas estas movimentações iam demorar um bocadinho mais, confesso, mas, se sempre tiveste uma curiosidade louca por tudo quanto conseguias ver, enquanto estavas só ao colo, agora então, a gatinhar por onde queres e te deixam, pareces querer abarcar o mundo inteiro... Tens uma curiosidade enorme pelas folhas, flores, passarinhos e também pelas tomadas de eletricidade e muitas outras coisa onde não podes mexer. És mesmo um rapaz muito dinâmico.

Este foi também o mês das primeiras férias a três e, além de teres adorado a relva e a areia, ao contrário da mãe com a tua idade, também te sentiste em casa com a piscina - o treino dos últimos meses valeu a pena! E, mesmo depois de alguma reticência com as ondas do mar, acabaste dentro de água a tomar banho com o pai em Cacela Velha. Ver-te nas pocinhas a chapinhar e brincar contigo com as forminhas foi das melhores atividades de férias que alguma vez tivemos. E ainda gostas mais dos duches em casa, já levas com belas chuveiradas na cabeça sem te queixares.

Já não dizes mamã, mas sei que vais voltar a dizer em breve e para compensar continuas a elevar os bracinhos na nossa direção quando te queres proteger do mundo. Às vezes parece que não és lá muito menino dos papás, gostas da tua autonomia e finges que não nos ligas nenhuma, mas depois lá cedes aos encantos de um colinho à vinda da praia e encostas-te no nosso peito, ou refilas quando não vou atrás no carro, obrigando-me a fazer quilómetros no banco da frente, virada para trás, a adormecer-te com a minha mãozinha na tua bochecha. Quer queiras, quer não levas com um pai e uma mãe do mais lamechas que há, sempre a esborrachar-te com beijinhos e abraços. Quando estás para aí virado dás umas gargalhadas contínuas que enchem o coração. 

Continuas a tua descoberta dos sons. Além de tocares na guitarra do pai, agora também te dedicas ao piano que os tios Bárbara e Nuno te ofereceram e gostas muito. [Se algum dia me esquecer de te contar, quero dizer-te que o pai antes de nasceres só pegava na guitarra quando estava mesmo feliz e relaxado, nunca gostou de ser jukebox, de tocar discos pedidos, nem mesmo a pedido da mãe, mas desde que tu cá estas ele toca muito e tu sabes o que isso quer dizer? Que ele está muito feliz, que tu o pões muito de bem com a vida. A tua relação com a música é por isso muito importante nos nossos dias. É por isso que gosto de te deixar escrito o quanto tu gostas de explorar os instrumentos musicais que te vão chegando, até aquela maraca com um tupperware e arroz que a mãe inventou. Se na adolescência fores metaleiro, a mamã depois reconsidera esta parte.]

Com tanto movimento e descoberta espacial, tem sido mais difícil ter-te sossegadinho para ler para ti, mas vou persistir. 

Continuas a dormir, a comer muito bem e com uma saúde de ferro. Em todos estes meses apenas uma alergia desconhecida e uma pequena constipação.

Somos uns pais babados e temos motivos para isso. Não nos cansamos de tanta felicidade.

sábado, agosto 1

O meu Reiki secreto

Não sou de excluir à partida ciências que desconheço mas, não sendo seguidora nem aprendiz de nenhuma, tenho apenas o coração e a cabeça abertos para aquilo que não me parecer que traga mal ao mundo ou que seja simplesmente uma burla. É por isso que secretamente, quando estou a adormecer o Henrique, tento com as minhas mãos passar-lhe boas energias, enquanto penso no quanto gosto dele e lhe quero bem. Chamem-me mística, crédula, o que seja, mas acreditem que, quando me concentro mesmo acredito, ele para de chorar mais depressa, que relaxa e adormece. 

quarta-feira, julho 29

Resoluções de férias (ou não): aumentar a família

Passar férias com um filho pequeno não é necessariamente estar de papo para o ar com imenso tempo para pensar - não mesmo - mas a divisão de tarefas com o mini, as idas à praia e a outros sítios que nos inspiram e nos deixam relaxados e mais conversas a dois fazem-nos ter aquela sensação de final de ano e de vontade de começar novos projetos. Já me vieram dois ou três à cabeça mas inevitavelmente aquele que mudará mais a minha vida será o segundo filho. Como decidi tirar uns anos para ter os filhos todos seguidos, a decisão não tardará mas, enquanto andamos aqui a ganhar coragem, dei por mim a fazer listinhas sobre as vantagens e desvantagens de ter filhos com idades próximas:

O bom
1. Brincadeiras parecidas, maior proximidade de interesses e eventualmente maior cumplicidade entre  os filhos  
2. Bloco familiar mais fácil de gerir no futuro - se um tiver 10 anos e quiser ir ao cinema, é chato ainda ter um bebé de dois que não pode ir...
3. Os mesmos livros escolares
4. Fraldas e afins em modo concentrado - não dá tempo para nos esquecermos como se lida com um bebé, basta mantermo-nos atualizados 

O menos bom
1. Desgaste maior meu e do pai a curto prazo 
2. Possibilidade dos filhos encobrirem mais os disparates uns dos outros sendo mais próximos 
3. Despesas maiores mais concentradas: creches, universidades, erasmus...
4. Maior dificuldade em distribuir os miúdos pelas ajudas quando saímos os dois, sobretudo quando pensamos em ir ao terceiro

Confesso que uma das coisas que mais me preocupam é a gravidez com um bebé tão mexido em casa, estar sempre no chão com ele, os pontapés, pegar-lhe ao colo para quase tudo... E os primeiros tempos de habituação de ter dois comigo, gerir a amamentação a um enquanto o outro tenta deitar tudo o que pode para o chão e põe as mãos em tudo o que não deve, saber o que faço a um enquanto adormeço o outro. Sei que é uma questão de prática e que depende muito dos bebés, mas é um desafio enorme que me assusta e muito. A questão de pôr o Henrique na creche quando o próximo nascer é uma forte possibilidade e ajudaria muito a gerir a situação, mas não quero que se sinta posto de parte ou preterido agora que já se habituou a estar comigo em casa, mas também sei que aos dois anos será uma óptima altura para deixá-lo ver mais mundo... São daquelas decisões muito pensadas e temidas mas que depois se tomam de um dia para o outro, como a mergulho que damos sem pensar, mesmo sabendo que a água está gelada... É preciso coragem! 

segunda-feira, julho 27

As primeiras férias a três (parte II): o que trouxemos (e voltaríamos a trazer)



Fazer malas para dois, era fácil. Para três ou a mais a logística é um bocadinho maior, mas ainda se faz sem grandes dramas. Na minha opinião, o melhor é tentarmos sempre visualizar as rotinas do bebé. Se ainda não anda é fundamental a espreguiçadeira. Se já gatinha ou começou a andar há pouco, como o nosso, a cama de viagem faz de parque e a cadeira da papa é essencial para controlá-lo, pelo menos à mesa. O resto depende muito da casa para onde se vai. Nós vimos há anos para o mesmo sítio e já sabemos que podemos contar com máquina da roupa, ferro e que está bem apetrechada em termos de utensílios de cozinha.

Este ano juntei assim alguns itens à nossa bagagem e o carro veio um bocadinho mais atulhado que o costume. O que não pode faltar para o mini, além da roupa que é quase tudo o que tem para esta idade:

- Cama de viagem da Chicco (é herdada e um bocadinho pesada, mas é bem sólida e fácil de montar)
- Cadeira da papa IKEA (tão fácil de desmontar e tão prática que já não sei viver sem ela)
- Varinha mágica e 1,2,3 para os purés de frutas e para a única sopa que fiz nas férias para ele (congelei e vou tirando para ir intervalando com as Blédina e afins, se viéssemos diretamente traria várias congeladas para evitar o trabalho, talvez para o ano...)
- Lancheira térmica pequenina e aquelas coisas que se põem no congelador a refrescar (nome?) para levarmos os iogurtes e a fruta dele para a praia
- Intercomunicadores
- Bóia para a piscina
- Banheira insuflável, que também serve de piscina no terraço
- Medicamentos e afins: Benuron, Fenistil, Vigantol, Mitosyl
- 2 mudas de cama e 2 toalhas de banho
- Saco com brinquedos de praia e saco de brinquedos para casa que inclui 1 ou 2 livros e mais alguns brinquedos na minha mala e no carro
- Biberons, caixinhas plásticas da Avent para a fruta da praia, babete plástico da papa
- 1er Gel Lavant da Uriage que dá para o corpo e cabelo (o champô deixamos em casa), creme Xémose da Uriage (super hidratante para a pele do mini recuperar devidamente das agressões da praia) e creme protetor fator 50 mineral da Avène
- 1 pacote de fraldas e 3 de toalhitas (foi preciso reforçar)

Além da nossa roupa e produtos de higiene, costumo também trazer:
- Esfregão da loiça (não dá jeito nenhum andar a comprar packs em férias e depois trazer tudo para cima)
- Detergente da loiça e roupa em doseadores mais pequenos (este ano o da roupa está a dar imenso jeito porque não há t-shirts limpas suficientes para as que um bebé suja, já fiz duas máquinas e assim também evito o excesso de trabalho quando regressar a casa - chamem-me louca mas prefiro assim) 
- Rolo de cozinha
- Kit com sal e especiarias em miniatura
- Kit de medicamentos (gosto sempre de ter uma pastilhinha ou um cremezinho para toda a maleita e bem jeito me dá)

O que me fez falta e devia ter trazido:
Kit de costura (o saco do chapéu da praia rompeu-se e é uma seca transportá-lo assim)

Se ainda estão para ir e a fazer malas, boas férias! 

domingo, julho 26

Os momentos que não fotografamos são os melhores

Não sou uma óptima fotógrafa, nem acho que deva andar sempre de telemóvel ou câmara em punho. Sou terrível a escolher filtros no Instagram. Por mais que tente partilhar em imagens fragmentos da minha vida, eles serão sempre apenas resquícios da essência dos meus dias, daquilo que realmente vejo com os meus olhos. Quando estou a viver momentos mesmo bons é quase um esforço lembrar-me que quero registar aquilo em fotografia, porque eu sei que o melhor vai mesmo ficar guardado dentro de mim. Também é por isso que adoro sessões fotográficas e me disponho a abrir a porta da minha casa e a mostrar-nos nas nossas imperfeições, ainda que seja difícil, porque de outra forma teria muito poucas fotografias em condições. Gosto tanto de arte que estudei a sua História na faculdade, mas sou incapaz de produzir algo artístico no domínio da imagem. Aqui encontram, por isso, muito mais textos do que fotografias, com o filtro do meu olhar sobre as coisas, com a rapidez ou a lentidão que a vida permite, com a peneira dos valores que os meus pais e o mundo me deram, com as gralhas de cansaço e da necessidade imediata de partilhar uma ideia. E por muito que estejamos num tempo em que se vêem muito mais imagens do que se lêem textos, espero que estes dias valham a pena porque, tal como não acredito que um artista passe a vida a pintar telas em branco, ou a procurar encontrar o brilho de um vidro, ou ainda o equilíbrio perfeito das cores, se não fosse por uma obcecada paixão e determinação, acreditem também que não insistiria em pôr esta minha família em primeiro lugar na minha vida e em falar sobre todos os detalhes que nela me despertam curiosidade, se não fosse pelos mesmos motivos.

sábado, julho 25

Dá vontade de engolir




Cada vez que olho para este miúdo, surpreendo-me sempre, não dá para "consumi-lo" e ficar satisfeita durante muito tempo, é sempre preciso olhar e beijar mais e mais. Basta afastar-me dois minutos e quando volto lá se renova o encantamento, é como se o visse pela primeira vez. Acho sempre que não há imagens que transmitam o suficiente o quanto ele é encantador aos nossos olhos em todas as suas expressões, gestos e sons. Também deve ser isto ser mãe.

sexta-feira, julho 24

Os três copinhos de leite



Quando era adolescente e até um bocadinho mais tarde, incomodavam-me sempre os comentários no regresso de férias sobre o meu tom de pele muito branco, perguntavam-me se tinha ido mesmo à praia, chamavam-me "bifa", entre outros mimos. E eu a rir lá ia aguentando aquilo, e fazendo um esforço para estar ao sol mais tempo, apesar de detestar o excesso de calor, chegando mesmo a tomar cápsulas potenciadoras do bronzeado e a usar cremes especiais, mas a minha melanina - ou a falta dela - simplesmente não colabora. Há meia dúzia de anos que deixei simplesmente de me preocupar com o bronze. Por mais que me protegesse com protetor 30, expor-me ao sol em demasia significava quase sempre escaldão num ou noutro interstício onde não tinha posto tão bem o creme e, não só era um inferno ficar às manchas, que por vezes se notavam todo o inverno, como sempre tive imenso medo das doenças de pele.

É por isso que, agora com o Henrique, não me incomoda nada que façamos praia só nas horas boas. Este ano os melhores amigos da nossa pele, já que somos os três uns copinhos de leite, têm sido, além da sombra, chapéus e óculos de sol, os protetores 50 da Avène - mineral para o mini, a conselho da pediatra. Não se pode dizer que seja a tarefa mais agradável besuntá-lo de ponta a ponta e espalhar bem para não ficar com aquele ar de fantasminha Casper, porque esperneia por todos os lados, mas pomos todos antes de sairmos de casa e ficamos muito mais descansados. É um investimento de tempo que compensa em menos chatices na praia (com areia à mistura este ritual ainda é mais complicado neles, e assim basta ir repondo aqui e acolá) e sem dúvida em saúde. Quanto aos comentários, hoje é para o lado que durmo melhor. Apesar de estar a léguas, adoro ver mulheres lindas e brancas como a Julianne Moore, Marion Cotillard, Anne Hathaway e sei que tenho muito mais possibilidades da minha pele envelhecer melhor.

terça-feira, julho 21

As primeiras férias a três (parte I): os ritmos de hoje e os de antigamente


A parentalidade é uma surpresa constante. Não só estamos sempre a lidar com um ser em transformação, como estamos permanentemente a ter de alterar e rever aquilo que já fazíamos antes dele chegar, férias incluídas. Chegámos no domingo ao final do dia ao mesmo sítio onde passamos as férias de Verão há anos, Tavira. Adaptação tem sido a palavra de ordem. Andamos a testar um plano estratégico que seja bom para todos, equilibrismo que geralmente pende mais para o que é bom para o minúsculo do que para nós, mas gostamos de o ver feliz e estamos conscientes que os primeiros anos  - de todos os filhos - são os mais difíceis (temos pelo menos aí uns seis anos disto, vá... com a dificuldade a crescer de ano para ano mas a experiência a aumentar).

Eis a comparação das nossas rotinas antes-H. e pós-H.:

O despertar
Antes: Acordar às 10h/10h30 sem pressas
Agora: Acordar às 07h sempre, ele não dá tréguas: aqui sou eu que asseguro o biberon, o pai acorda durante a noite para pôr a chucha enquanto eu finjo que estou morta (geralmente não oiço mesmo, salvo se estiver sozinha em casa com ele), despachamo-nos rápido porque ele está com a energia toda e não há quem o segure em casa sem se atirar a tudo o que é esquina

O dia
Antes: Praia das 11h até às 20h à sombra de uma palhota, com almoço leve levado de casa ou comprado no bar da praia
Agora: Praia das 08h às 10h/10h30 sem direito a palhota, porque não vale a pena pagar por espreguiçadeiras se vamos estar a brincar com ele na areia, e com chapéu de casa para podermos regular à vontade do freguês, arranjar um lugar fresco para o iogurte da manhã, metê-lo no carro e aproveitar a sesta dele num café da cidade para pôr a nossa leitura em dia, até ele acordar e começar a ficar demasiado impaciente. Almoço em casa seguido de sesta, geralmente para todos. Praia novamente das 17h30/18h às 20h.

O anoitecer
Antes: Chegar a casa da praia e desfrutar daquela sensação maravilhosa de tirar o sal da praia, pôr creme, secar o cabelo com secador e passar a placa de alisar, maquilhagem, perfume... e por fim sair para jantar fora e passeio na cidade, concertos ao ar livre, saltinho a Vilamoura ou a outra cidade mais movimentada se nos apetecesse.
Agora: Chegar a casa, pai toma banho a correr, eu passo-lhe o bebé para o duche, preparo-lhe roupa e visto-o mal sai, pai veste-se e dá-lhe jantar enquanto eu tomo banho num ápice com passagem rápida pelo secador e no máximo um bocadinho de rímel. Depois é metê-lo no carro e rezar para que adormeça ferrado (a praia ajuda) para podermos jantar sossegados e que só acorde lá para a sobremesa. Deitamos cedo para estarmos fresquinhos no dia seguinte.

Quanto mais interiorizado isto estiver e melhor aproveitarmos os tempos de descanso dele, melhor funciona para todos. Se há coisa que tenho aprendido, desde que estou em casa com o Henrique, é que contrariar o ritmo dos bebés só traz chatices, birras, dores de cabeça. Não vale a pena fingirmos que somos muito cool, muito relaxados para termos um bebé a chorar, infeliz, cheio de calor ou cheio de sono. É meio caminho andado para nós próprios termos uma crise de nervos porque nem aproveitamos o que queremos fazer, nem ele está bem.

Tivemos 10 anos para nós, agora é justo dar-lhes a eles o espaço dele(s), o tempo dele(s). Nós vamo-nos revezando para termos os nossos momentos  pedindo ajuda aos avós e tias para as saídas a dois, quando estamos em Lisboa ou em Coimbra. Rapidamente os filhos deixarão de querer vir de férias connosco e nessa altura voltaremos a ter a praia para nós, as palhotas, as espreguiçadeiras (mas morreremos de saudades destes tempos e vamos recordá-los de mojito na mão, tenho a certeza). Agora é deixar a onda passar e desfrutarmos com toda a alegria a maravilha que é acordar com um bebé feliz a palrar, brincar horas às forminhas com ele na areia, mostrar-lhe as gaivotas, as conchinhas, dar-lhe beijinhos quando está em modo croquete, ser o aconchego dos soninhos dele quando regressamos da praia...

A felicidade sem filtros



sexta-feira, julho 17

Quem é afinal esta mãe que vos escreve?




Prefiro claramente escrever a falar em público, mas este convite da jornalista Sara Marques resultou num dois em um. Por um lado dar-lhe material de trabalho, por outro dar-me a conhecer aqui um bocadinho melhor. Fica o resultado de uma conversa breve mas muito simpática, num dos meus sítios preferidos, o Parque de Jogos 1º de Maio. Obrigada, Sara.

quinta-feira, julho 16

O Henrique anda a ler o blogue


Só pode. Depois de me ter queixado que ele andava impossível e que já não sabia o que fazer, ontem e hoje voltou ao seu estado normal de anjo na terra. De repente come outra vez lindamente, sem birras e sem nos obrigar a manobras de distração ao nível do Cirque du Soleil. Tem dormido sestas até grandes demais, obrigando-me a adiar combinações em honra do repouso de Sua Excelência. E já temos uma cama de viagem herdada que tem servido de parque na perfeição. Ah, até nos deixa dar abraços e beijinhos, que retribui com gritinhos de satisfação delirantes... Estou no céu mas isto das fases das crianças tem qualquer coisa de muito bipolar. Deixem cá ficar esta versão, está bem? Prometemos cuidar atentamente. É que o cansaço assim até sabe a rebuçados.

A mãe dá #1 Uma coroa da BeBunXi



Para comemorar as primeiras 12 mil visitas do blogue, em menos de dois meses, a mãe juntou-se a uma marca amiga para presentear um dos nossos leitores. A BeBunXi é uma marca portuguesa com brinquedos, roupa e acessórios para os nossos pequeninos feitos à mão por uma mãe arquiteta e cheia de bom gosto. Juntas vamos oferecer esta coroa de príncipe ou princesa às bolinhas, que é simplesmente de babar - já estou a imaginar uma sessão fotográfica com ela posta no meu minúsculo, mas esta vai mesmo para vocês!... Para se habilitarem só têm de:

Fazer gosto na página Facebook da BeBunxi 
Fazer gosto na página Facebook d'Os Dias da Mãe
Fazer uma partilha pública desta publicação no vosso Facebook
Preencher o formulário



O passatempo é válido até dia 31 de julho, e o feliz contemplado será escolhido através do random.org e contactado por email.




segunda-feira, julho 13

Coisas que eu faço


Corte Inglés. Um casal, ela grávida, os dois com cara de ponto de interrogação em frente a um monte de cadeiras da papa. Para mim, todas um trambolho, cheias de interstícios para limpar, algumas lindas de morrer, como a da Stokke, mas demasiado caras. Eu que já estive tantas vezes naquela situação em busca da utilidade, do conforto e da segurança ao melhor preço mas com milhares de opções à frente, e com um bebé a salvaguardar-me de parecer uma doida, nem pensei duas vezes: " - Desculpe meter-me mas se estão a pensar comprar uma cadeira da papa, escolham a do IKEA, aquela a menos de 20€ que, além de ser uma pechincha, faz o mesmo que as outras todas e ainda dá para levar de férias. A sério, uma cadeira da papa não é uma espreguiçadeira perfeita, nem uma excelente secretária por isso não acreditem nas que misturam isso tudo". Eles pareceram francamente aliviados. Ainda pediram opiniões sobre espreguiçadeiras. E eu, sem ninguém me ter pago para nada disto ou pedido de opinião, fui à minha vida como se fosse normalíssimo fazer aquele papel de guru da maternidade com desconhecidos (mentira, andava à procura de um parque e bem me teria dado jeito uma mãe experiente por perto).

Henriq(uieto)!


Os dias andam agitados. Há novas movimentações cá em casa. O Henrique de repente começou a gatinhar a toda a velocidade para a frente (já gatinhava, mas só para trás!) e por todo o lado, sobretudo para onde não deve: fichas elétricas (tapar: check!), dvd, box e afins, quer roer as pernas das cadeiras e mesas, bate com a cabeça nas grades da cama por tudo e por nada (as proteções são baixinhas, vamos ter de providenciar melhores). Na hora do nosso banho, a espreguiçadeira, já é para esquecer, vira-se a ele e à cadeira. Andamos por isso em busca de um parque, tipo tábua de salvação, particularmente importante para mim, que estou com ele todo o dia em casa e preciso de fazer coisas prementes como vestir-me, fazer xixi, cozinhar e não posso estar o tempo todo em cima dele a toldar-lhe os movimentos. As investigações estão quase terminadas, por força da urgência. Cá em casa, talvez devido ao cansaço ou à muita vontade de aproveitarmos bem os tempos livres, tendemos a não antecipar muito estas questões e ainda não nos tínhamos dado muito mal. Até agora...

Por outro lado, de há uma semana para cá começou a desafiar-nos, e a sério, com birras de ficar roxo, a bater na colher da sopa e a espalhá-la por todo o lado, a não querer adormecer na hora da sesta, nem no colo, por vezes. Estamos a tentar não deixar passar em branco o assunto para não darmos azo a crises piores. Ler alguma coisa sobre isto mas é tudo tão contraditório - mimos extra vs disciplina.

Para mim, é muito difícil não transparecer que fico zangada naqueles momentos de tensão, canto para fingir que não me está a afetar, tento distraí-lo, resolver o problema de cada birra em particular, mas é inevitável não pensar que em cada gesto o estamos a educar ou a deseducar. As dúvidas são mesmo mais que muitas. No final, por mais desafiantes que sejam os dias, que nem escrever me deixam - ou aproveito as mini sestas para dormir e ganhar forças para as birras seguintes ou começo a escrever e deixo a meio para ir pôr uma chucha ou tentar novamente embalar - não consigo deixar de olhar para ele, deliciar-me com as caras amorosas e dar-lhe ainda mais mimos nos momentos bons, porque não acredito nisso de crianças com excesso de amor. E penso que ele tem tantas outras coisas boas como dormir as noites inteiras desde as nove da noite, e já quase desde o início, que talvez isto seja só uma fase ou que podem ser os dentes a começar a chegar finalmente. Agradeço também ser eu a lidar com isto tudo diretamente e das culpas me poderem ser imputadas, se quiserem ir por aí... Prefiro ser eu a gerir tudo isto durante o dia, e o pai durante o resto do tempo, a eventualmente pensarmos que não estão a tratá-lo bem na creche. Somos os pais com as nossas virtudes e defeitos e estamos a aprender tudo sobre este bebé, tal como ele. Já devem ter reparado que gosto sempre de finais felizes, e de desabafos com conclusões positivas. Às vezes inibo-me até de escrever muito zangada, porque está na minha natureza ver o copo cheio, lutar sempre por dias melhores. Esta é a minha vida e por muitas outras que pudesse ter escolhido é muito fácil chegar à conclusão que esta é a melhor, que tenho tanta sorte e que tudo isto é suado porque é das poucas coisas que merecem realmente mantermo-nos erguidos e unidos. Ainda que às vezes possa parecer, mesmo fisicamente, esgotada e atarefada a resolver a logística toda à nossa volta, trago sempre um par de sorrisos guardados no bolso para estas alturas. E eles sabem como ninguém ir lá buscá-los.

domingo, julho 12

O melhor que fizemos: escolher o Serviço Nacional de Saúde


Quando o Henrique nasceu, a insegurança de vivermos a parentalidade pela primeira vez e o facto de precisarmos de um ninho para garantir que tratavam do nosso filho sem demasiados sobressaltos e desconfortos, fez-nos escolher as consultas de uma pediatra do Hospital da Luz. Parecia-nos a continuação natural do parto, que correu tão bem ali, e como tínhamos uma boa referência dada por amigos, acabámos por fazer lá as consultas dos cinco primeiros meses, todas as vacinas, uma urgência, análises.

Chegou uma altura em que percebemos que ele estava super saudável, ainda não nos tínhamos decidido por nenhum seguro e os gastos começavam a ser incomportáveis - sobretudo pensando que gostaríamos de dar as mesmas coisas a três filhos. Apesar da competência técnica nunca ter sido posta em causa, nunca sentimos uma empatia pessoal com a médica, achávamos as consultas muito curtas para o tempo de espera e ficávamos com a sensação de que ela andava às aranhas sobre o nosso processo, que havia pouco espaço para perguntas e as respostas aos emails/sms em horas de aperto um bocado a despachar.

Fui tentar resolver o nosso problema batendo à porta do centro de saúde da nossa nova área de residência. " - Não há médico de família para ninguém". Era o que temia. "- Mas vá ali abaixo à Unidade de Saúde Familiar USF), pode ser que a possam inscrever". Não fazia a mínima ideia do que tal coisa era, mas cheia de boa vontade lá fui de sorriso arreganhado a dizer que eu, o meu filho e os próximos dois (a fazer charme claramente) precisávamos de um médico. Na altura não percebi se me tinham achado graça a mim, se aos lindos olhos do Henrique, mas inscreveram-me de imediato e hoje sei que são simplesmente ultra competentes. Ainda que as vagas de médicos também não abundem por lá, tivemos a sorte da vida e podemos dizer que a nossa querida USF (um projeto-piloto do Serviço Nacional de Saúde mas com autonomia própria, que complementa os cuidados de saúde primários) é uma das maiores descobertas nos últimos tempos.

Como dizia, o cuidado com o utente começa logo no atendimento simpático e eficaz, na sala de espera pouco ou nada atulhada, porque a marcação e os tempos de consultas são eventualmente geridos a pensar nisso, o espaço é neutro, está bem cuidado dentro de um estilo austero perfeitamente adequado às necessidades, o nosso médico é atencioso, completo e faz questão de conhecer e documentar todo o agregado familiar (estamos os três a ser seguidos lá) e o corpo de enfermagem absolutamente competente e carinhoso. Na prática na Luz esperávamos uma hora para sermos atendidos em 15 minutos, aqui esperamos no máximo 15 minutos para sermos atendidos e, no caso do Henrique, passamos primeiro por uma enfermeira que pesa, mede, dá as indicações sobre alimentação de forma clara e pormenorizada, respondendo a todas as perguntas e dando abertura para outras abordagens trazidas pelos pais, avaliando ainda as questões de desenvolvimento. Passamos ao médico que o passa a pente fino. Não estamos lá menos de uma hora entre as duas coisas, e sem conversas desnecessárias. Talvez nas próximas consultas seja mais rápido porque ele está ótimo e já têm todo o historial. Connosco é tudo muito mais rápido mais igualmente eficaz e as análises também funcionam bem.

Com este acompanhamento do médico de família acabamos por evitar muitas consultas de especialistas (fora as óbvias: dentista, oftalmologista, ginecologista, no meu caso...) e sentimos que estamos permanentemente sob vigilância e com tudo em dia. É claro que se trata de um clínico geral mas, quando não há nenhum problema em particular, não vejo necessidade de fazermos o seguimento dos nosso filhos exclusivamente no pediatra. Ainda não experimentámos as urgências, mas para já estamos fãs. Sentimo-nos a irradiar saúde e mesmo bem tratados, tal e qual aqueles protagonistas sorridentes de fotografias de anúncio - e, por isso, não poderia deixar de trazer aqui as maravilhas desta componente do Serviço Nacional de Saúde.


sexta-feira, julho 10

Já somos mais que as mães


Quando comecei isto de ser uma mãe com blogue, e não blogger, pensei mais em mim e no Henrique, e na falta que nos faz registar estes momentos bons e desafiantes que passamos juntos. Claro que queria ser lida mas via essa parte como um bónus e a verdade é que me entusiasma muito mais escrever não só para nós, ser útil também aos outros. Estou por isso muito feliz por estarem aí a acompanhar-me nestes dias. Nem sempre tenho tempo para tantas ideias, e olhos e cabeça fresca para corrigir tantas gralhas, mas este processo de fazer blogue uma extensão, mais ou menos natural, de mim também é progressivo e também se deseja que a minha vida seja muito mais que virtual, se não teria pouco para contar. Para mim ter um blogue não é uma maratona, mas uma corrida de fundo e quanto mais me mostrar exatamente como sou mais feliz ficarei. Esse descascar da cebola faz-se aos bocadinhos, quer nos posts mais íntimos, quer nas preocupações mais práticas. Acreditem que não são só vocês a descobrir-me, há também aqui uma pessoa muito curiosa por se conhecer a si própria. 

quinta-feira, julho 9

Desafio Noras/Sogras - Quando nasce uma mãe, nasce também uma avó

A minha sogra e eu juntámo-nos e chegámos a consenso. Criámos juntas 10 regras para as noras e 10 para as sogras que, não sendo obviamente universais, tocam em muitos pontos que nos parecem sensíveis nesta relação que, apesar de parecer mesmo um cliché, fica realmente mais tensa com o nascimento de um bebé, sobretudo se for primeiro filho e primeiro neto, como foi o nosso caso.

A ideia não é assim cobrirmos todos os problemas que existem entre noras e sogras ou passarmos a ser ambas perfeitas, porque todas temos dias menos bons e isso da perfeição não existe, mas mostrar que é normal haver dificuldades nesta relação - muitas vezes até é com as mães, e não com as sogras - e que é possível com respeito, diálogo e espaço chegar-se a um estado confortável em que partilhamos os seres mais importantes das nossas vidas sem desconfianças e com menos tensões.

As nossas fontes foram a nossa própria experiência, à qual juntámos alguns contributos de amigos e a preciosa ajuda das mães do grupo do Facebook 4Mom's, onde partilhei a vontade de fazer este desafio, recebendo o testemunho de várias mães. A todos, mas sobretudo à minha sogra, obrigada.





Sogras

1) Respeite o espaço do casal - não faça visitas sem perguntar primeiro, em especial nas horas de sono do bebé, bata sempre à porta antes de entrar no quarto, saiba entender sinais naturais como uma chamada sem resposta ou uma porta fechada. Não marque qualquer tipo de compromisso, familiar ou com amigos, focado nos seus netos, sem consultar primeiro o seu filho e nora.

2) Depois do nascimento de um bebé, quer seja o primeiro ou o quinto, os pais, e sobretudo as mães, precisam de tempo para "lamber as suas crias" e reencontrar os ritmos da família. Aceite naturalmente que nesses dois ou três primeiros meses, a maior ajuda que poderá dar é estando por curtos períodos de tempo com o bebé, levando comida feita, ajudando nas tarefas domésticas. Se a ansiedade não se apoderar de si, esse espaço será apreciado e rapidamente terá o seu como avó.

3) Evite por tudo tirar o bebé do colo da mãe. Depois de pedir para pegar nele, espere que o bebé lhe seja colocado por ela nos seus braços. Se a mãe precisar de ter o seu junto dela, respeitar o momento sem pressionar. Evite dizer que faz alguma coisa melhor que ela para justificar o pedido de colo.

4) Não exerça qualquer pressão sobre a amamentação com comentários sobre a qualidade do leite, peito da mãe, peso do bebé ou duração da mamada - este é um momento apenas de mãe e filho e deve ser vivido com toda a tranquilidade e longe de preocupações, salvo se lhe for pedida ajuda, que deverá dar respeitando toda a intimidade da mãe.

5) Sempre que sentir que não está a ser bem tratada ou respeitada no seu papel de avó, fale diretamente com a sua nora e numa conversa calma mostre-lhe o quão importante é para si estar com os seus netos, que entende e respeita as regras nas quais a sua nora e o filho querem educar os seus próprios filhos e que sabe que ela é uma excelente mãe. Não faça queixas ao seu filho, isso poderia prejudicar o casal e certamente quer ver o seu filho feliz e ter mais netos.

6) Respeite as regras dos pais no que toca a educação da criança, em particular em questões sensíveis como reação a birras, alimentação, sonos, saúde, tempos e programas de televisão e outros dispositivos semelhantes e nunca interfira nos castigos. Ensine os seus netos a respeitar as regras dos pais mesmo em sua casa, isso promoverá a união familiar e uma melhor educação das crianças. (Se tiver vários netos de vários filhos diferentes, não se esqueça que as indicações de cada um podem ser diferentes e, apesar de poder ser confuso, devem ser respeitadas na mesma).

7) Não dê contraordens à ama ou educadora dos seus netos nem tente tirar informações, são os pais que devem construir essa relação. Aparecer neste contexto sem avisar também pode ser mal interpretado.

8) Comporte-se de forma igual com o seu neto, quer esteja só na presença do seu filho ou na presença da sua nora e evite comentários sobre o seu estilo de vida, afinal o seu filho, apesar de continuar a amar os pais, escolheu-a para partilhar a sua vida, quer goste ou não dela.

9) Não esteja sempre a culpabilizar os filhos pelo pouco tempo que passa com eles e com os seus netos. Tente "negociar" pelo menos um dia por semana em que esteja com eles e tudo o que venha por acréscimo é pura felicidade, nunca "de menos".

10) Quando estiver com os seus netos e surjam dúvidas sobre as regras impostas ou que surja alguma situação inesperada, telefone ou comunique com os pais. Eles irão apreciar e ficarão mais sossegados se souberem que o faz em vez de tentar resolver a situação sozinha.


Noras

1) Dê a oportunidade à avó de criar uma relação de proximidade e afeto com os netos, promovendo o contacto, se possível semanal, e envolvendo-a nas tarefas dos seus filhos regularmente. Assista com prazer aos momentos de cumplicidade e amor entre os seus filhos e os avós, deixando-os ter o seu espaço próprio sempre que possível.

2) Ensine os ritmos e preferências do bebé e/ou criança, relembrando-os sempre que necessário de uma forma calma, evitando qualquer tipo de confronto, sobretudo quando os seus filhos forem mais velhos e já perceberem a situação mas lembre-se que, desde muito cedo, um bebé percebe as tensões e que vai ser atingido caso haja um mau relacionamento. As regras que estabelecer com a sua sogra devem ser as mesmas para a sua mãe.

3) Dê espaço à sua sogra para que ela, se assim o desejar, possa fazer tarefas rotineiras do bebé como dar um biberon ou a comida, mudar uma fralda, vesti-los... Mesmo que não seja feito exatamente como gostaria, na prática isso terá pouca importância face ao prazer que dará à sua sogra. Terá todo o tempo para fazer estas coisas no dia-a-dia à sua maneira. Se não se sente confortável com algum pormenor, acompanhe a tarefa e vá orientando calmamente.

4) Sempre que se sentir mais irritada, lembre-se que ama o seu marido, que ele foi educado pelos seus sogros e que estes têm esse mérito. Lembre-se também o quão triste ele ficaria de ver as pessoas que mais ama zangadas.

5) Elogie a sua sogra sempre que fizer sentido, diga-lhe as coisas boas que sabe que sabe que o seu marido aprendeu com ela e como gostaria de ser tão boa mãe.

6) Nem os pais nem os avós querem que os seus filhos ou netos se magoem. Se por acaso isso acontecer durante a estadia com os seus sogros tente perceber a situação mas nunca os culpe diante das crianças. Se alguma situação mais perigosa puder ser evitada, poderá dizer-lhes em privado.

7) Já viu que a sua sogra trata bem dos netos, sabe que ela respeita as suas regras, dê-lhe esse prazer e deixe-os com ela. Aproveite o momento para fazer coisas que goste como estar com os seus amigos ou jantar tranquilamente com o seu marido. Quando for buscá-los, agradeça-lhe e tente saber como foi o tempo que passaram juntos mas fique sobretudo contente com o sorriso dos seus filhos.

8) Sempre que possível fale diretamente com a sua sogra. Se não se sentir com coragem ou estiver mais fragilizada, peça ao seu marido mas não faça disso uma regra. O seu companheiro irá apreciar a maturidade demonstrada por saber resolver as suas próprias divergências diretamente com a sua mãe e a sua sogra também se sentirá mais próxima de si e entenderá melhor os seus problemas de viva voz.

9) Se os avós são o seu apoio fundamental e são eles que cuidam habitualmente dos netos enquanto trabalha, evite sobrecarregá-los também aos fins-de-semana. O espaço funciona para ambas as partes.

10) Ensine os seus filhos a respeitar os avós da mesma forma que respeita os pais, nunca diga mal deles e mostre-lhes, à medida que eles forem ficando mais velhos, como podem ajudá-los com tarefas simples como apanhar ou alcançar objetos, carregando alguns pesos, lendo-lhes um jornal ou revista, fazendo-lhes simplesmente companhia pedindo-lhes que contem as histórias das suas vidas. Lembre-se das suas próprias memórias com os seus avós e mostre aos seus filhos como essa relação é um tesouro precioso nas suas vidas.


terça-feira, julho 7

Interregno para reflexão

A minha sogra querida e eu andamos a apurar as regras do nosso desafio nora/sogra e temos o nosso fumo branco quase a sair pela chaminé, para podermos lançar ao mundo as nossas conclusões. Não é fácil vermos preto no branco as coisas que nos foram difíceis ultrapassar, gera obviamente muitas interrogações sobre o que sentiu e sente de parte a parte, e ganhamos também novo fôlego para todas as dificuldades que ainda temos pela frente, mas só vos digo: tenho uma Senhora sogra corajosa. Casei com um homem bom, ganhei uma família mesmo boa também. E este blogue tem-me saído melhor que terapia familiar.

domingo, julho 5

"Este blogue é sobre os Dias da Mãe, mas também poderia ser sobre os Dias do Pai"



Ontem foi dia de nos encontrarmos com a Sara Marques, uma jovem jornalista da geração escreve-fotografa-filma-edita cheia de vontade de vencer, que precisava de material de trabalho e se lembrou de mim, mãe-a-dias com um blogue recente. Tivemos uma conversa muito simpática e descontraída em que eu, um bocadinho franzida pelo sol e igual a mim mesma num "dia de trabalho", expliquei quem sou, porque escolhi este estilo de vida, se sempre sonhei com a maternidade e de onde partiu a ideia de escrever sobre Os Dias da Mãe. Em breve publico aqui o vídeo para ficarem a conhecer-me um bocadinho melhor.