terça-feira, julho 21

As primeiras férias a três (parte I): os ritmos de hoje e os de antigamente


A parentalidade é uma surpresa constante. Não só estamos sempre a lidar com um ser em transformação, como estamos permanentemente a ter de alterar e rever aquilo que já fazíamos antes dele chegar, férias incluídas. Chegámos no domingo ao final do dia ao mesmo sítio onde passamos as férias de Verão há anos, Tavira. Adaptação tem sido a palavra de ordem. Andamos a testar um plano estratégico que seja bom para todos, equilibrismo que geralmente pende mais para o que é bom para o minúsculo do que para nós, mas gostamos de o ver feliz e estamos conscientes que os primeiros anos  - de todos os filhos - são os mais difíceis (temos pelo menos aí uns seis anos disto, vá... com a dificuldade a crescer de ano para ano mas a experiência a aumentar).

Eis a comparação das nossas rotinas antes-H. e pós-H.:

O despertar
Antes: Acordar às 10h/10h30 sem pressas
Agora: Acordar às 07h sempre, ele não dá tréguas: aqui sou eu que asseguro o biberon, o pai acorda durante a noite para pôr a chucha enquanto eu finjo que estou morta (geralmente não oiço mesmo, salvo se estiver sozinha em casa com ele), despachamo-nos rápido porque ele está com a energia toda e não há quem o segure em casa sem se atirar a tudo o que é esquina

O dia
Antes: Praia das 11h até às 20h à sombra de uma palhota, com almoço leve levado de casa ou comprado no bar da praia
Agora: Praia das 08h às 10h/10h30 sem direito a palhota, porque não vale a pena pagar por espreguiçadeiras se vamos estar a brincar com ele na areia, e com chapéu de casa para podermos regular à vontade do freguês, arranjar um lugar fresco para o iogurte da manhã, metê-lo no carro e aproveitar a sesta dele num café da cidade para pôr a nossa leitura em dia, até ele acordar e começar a ficar demasiado impaciente. Almoço em casa seguido de sesta, geralmente para todos. Praia novamente das 17h30/18h às 20h.

O anoitecer
Antes: Chegar a casa da praia e desfrutar daquela sensação maravilhosa de tirar o sal da praia, pôr creme, secar o cabelo com secador e passar a placa de alisar, maquilhagem, perfume... e por fim sair para jantar fora e passeio na cidade, concertos ao ar livre, saltinho a Vilamoura ou a outra cidade mais movimentada se nos apetecesse.
Agora: Chegar a casa, pai toma banho a correr, eu passo-lhe o bebé para o duche, preparo-lhe roupa e visto-o mal sai, pai veste-se e dá-lhe jantar enquanto eu tomo banho num ápice com passagem rápida pelo secador e no máximo um bocadinho de rímel. Depois é metê-lo no carro e rezar para que adormeça ferrado (a praia ajuda) para podermos jantar sossegados e que só acorde lá para a sobremesa. Deitamos cedo para estarmos fresquinhos no dia seguinte.

Quanto mais interiorizado isto estiver e melhor aproveitarmos os tempos de descanso dele, melhor funciona para todos. Se há coisa que tenho aprendido, desde que estou em casa com o Henrique, é que contrariar o ritmo dos bebés só traz chatices, birras, dores de cabeça. Não vale a pena fingirmos que somos muito cool, muito relaxados para termos um bebé a chorar, infeliz, cheio de calor ou cheio de sono. É meio caminho andado para nós próprios termos uma crise de nervos porque nem aproveitamos o que queremos fazer, nem ele está bem.

Tivemos 10 anos para nós, agora é justo dar-lhes a eles o espaço dele(s), o tempo dele(s). Nós vamo-nos revezando para termos os nossos momentos  pedindo ajuda aos avós e tias para as saídas a dois, quando estamos em Lisboa ou em Coimbra. Rapidamente os filhos deixarão de querer vir de férias connosco e nessa altura voltaremos a ter a praia para nós, as palhotas, as espreguiçadeiras (mas morreremos de saudades destes tempos e vamos recordá-los de mojito na mão, tenho a certeza). Agora é deixar a onda passar e desfrutarmos com toda a alegria a maravilha que é acordar com um bebé feliz a palrar, brincar horas às forminhas com ele na areia, mostrar-lhe as gaivotas, as conchinhas, dar-lhe beijinhos quando está em modo croquete, ser o aconchego dos soninhos dele quando regressamos da praia...

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