quinta-feira, julho 2

Oito


Eu podia gostar de ti para sempre sem que me desses nadinha em troca. Os primeiros meses, só os três, foram um bocadinho duros com todas aquelas cólicas do demónio, alguma dificuldade em adormecer-te e, apesar de te teres tornado um santo bebé que dorme noites quase inteirinhas e come tudo o que lhe puserem à frente, lá vais fazendo a tua birrinha diária de demarcação de território. Estamos cá para te mostrar quem manda ainda durante uns bons anos, para cuidar de ti e para te amar. Quiseste primeiro retribuir-nos com um sorriso, depois gargalhaste connosco, comes as nossas bochechas com baba, já pões os bracinhos à volta do nosso pescoço e este mês deste-me a mim o maior presente de todos: gritaste mamã, não uma mas muitas vezes. O que é que eu poderia querer mais? Nadinha de nada.

Mas não, além disso, ainda passaste a mostrar a toda a gente que me queres a mim, à tua mãezinha. Estendes-me os braços quando estás farto do mundo, choras desalmadamente, como se fosse emigrar, quando saio do teu quarto, nunca apreciaste tanto adormecer no meu colo como agora, deliras que vá no carro a dar-te a mão e a fazer-te festinhas e ficas louco quando te dou beijinhos nos sinais vermelhos. Já estás maior mas afinal parece que até gostas de ser pequenino outra vez, que gostas de ser o menino dos papás. Para mim, foi o melhor mês de sempre (não tinha sido o anterior afinal?), a consagração. E podia parar por aqui mas aconteceram muito mais coisas:

...Já gatinhas, mas só para trás! Adoras enfiar-te debaixo de cadeiras, mesas... chegas onde queres a rebolar, mas para a frente ficas ali indeciso a abanar-te, sem saber pôr um joelho à frente do outro. Parece que vais arrancar a todo o momento, falta só um bocadinho para perceberes melhor essa dinâmica.

...Começaste a dizer adeus com a mão e pareces felicíssimo com a proeza.

...Deixaste de ter medo da guitarra do papá e passámos a incluí-la nas nossas brincadeiras, adoras dedilhar e bater na madeira.

...As idas à piscina inundaram os nossos domingos de manhã de felicidade (pena que pare no verão mas iremos de férias para a praia em breve para te exercitares). O pai regalou-se a chapinhar contigo no meio dos outros pais e bebés, foi maravilhoso ver-vos ganhar essa confiança um no outro. Também experimentei uma vez e adorei todo o teu à vontade na água, não tens medo nenhum.

...Aproveitando a deixa ele passou a dar-te duche de manhã, para aproveitarem todos os minutos que ele tem contigo em casa. Gosto do à vontade que já ganharam os dois nesta tarefa de perícia.

...Agora já não estranhas nenhum dos teus avós ou tias, chegas e arrasas os corações todos com os teus arrulhos de pombo e turras. Ninguém aguenta tamanha paixão de bebé.

Estás um menino às direitas. Se soubesse o quanto era bom ter filhos, já teria começado há mais tempo, mas depois penso que, se assim fosse, provavelmente não existirias tu e por isso está tudo muito bem assim contigo, neste tempo tão certo que é o teu e o nosso.

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