quinta-feira, agosto 27

Dormir juntinho a ele, um desejo impossível


Nas noites em que ficamos só os dois em casa, o mini e eu, fico com uma vontade louca de o trazer para o pé de mim e de dormir com ele. Ter aquela coisa boa, com cheirinho a bebé do banho recém tomado, a respirar tão suavemente ao meu lado é uma verdadeira guloseima. Quando era mais bebé, chegámos a dormir assim com ele nas manhãs de fim-de-semana e era uma verdadeira delícia. Na verdade acho que não dormia, ficava só a apreciar a nossa obra de arte... 

Nesta fase mexediça em que está seria, infelizmente, demasiado perigoso. Agora não conseguiria mesmo dormir sossegada com medo que ele caísse da cama, mas fico completamente derretida a vê-lo dormir no berço nas suas posições estapafúrdias e a sonhar com o dia em que possa cumprir esse desejo, só uma vez de vez quando como me lembro de fazer com a minha avó... Memórias tão doces essas de expulsar o meu avô (dizia na minha inocência que "os avós já não namoravam por isso não precisavam de dormir sempre juntos!" - o riso da família materna toda, ainda hoje) e de adormecer com a história do coelhinho das couves. Não importava que fosse a mesma, o sabor de adormecer assim embalada pelas palavras e pela sua voz é inesquecível. 

Não



No domingo rimo-nos à socapa quando percebemos que ele já sabe o que é um "não". Quando se aproxima de algo mais perigoso, redireciono-o e digo-lhe que aquilo não é para ele. Para grande espanto nosso, nesse dia ia direito à mesa da televisão e eu disse-lhe "não, Henrique" e ele recuou, olhou para mim e foi para outro lado. Voltou a tentar e foi exatamente a mesma cena. É muito interessante para nós, que somos pais pela primeira vez, ver como é realmente possível educá-los desde cedo e como as nossas ações têm influência no comportamento deles. Parece básico, mas não deixa de ser surpreendente assistir ao crescimento de um filho como um espectáculo digno de pasmo.

terça-feira, agosto 25

Amour


Quando o mini adormece cedo e conseguimos jantar a horas, uma das coisas que mais gostamos é de ver um filme. É dos poucos programas a dois que não mudam, porque temos a sorte de ter um bebé querido que nos dá quase sempre noites óptimas. Também adoramos ir ao cinema mas acho que só fomos uma ou duas vezes desde que ele nasceu. 

Esta semana não nos apetecia ver nenhuma americanice, e conseguimos ver finalmente o Amour do Michael Haneke. Para quem não viu, o filme retrata a degradação do membro feminino de um casal e a dedicação do marido até ao derradeiro fim. A história tem tudo para ser de chorar de uma ponta à outra, mas a beleza do relacionamento entre os dois na dignidade com que mantêm velhas rotinas, na forma como preservam algum pudor, nos interesses como a música que preservam e os animam, mesmo durante a doença dela, tornam o filme tão natural que acaba por ser um murro no estômago a seco, sem lágrimas. Pouco conversámos sobre o filme, mantivemo-nos acordados e presos à televisão nos momentos mais silenciosos e difíceis e sinto que fomos dormir aconchegados por nos termos também um ao outro. Muito temos para caminhar até lá mas acho que estamos no bom caminho. 

Dilemas de mãe #6


Como é que não se perde peso a andar atrás deles o dia inteiro se chegamos ao fim do dia mortas, com vontade de ir dormir imediatamente depois deles ferrarem no sono? Com tanto passeio no bairro, a carregar muitas vezes compras pesadas, com tanto embalo de mais de 9kg, com tanta arrumação, esfregar de bolsado aqui e acolá, varrer bolachas esmigalhadas, dar banho agachada a controlar mil pinotes dentro de água... Como!? Para mim é um mistério... É que nem tempo para comer tenho! Vou acabando o iogurte dele, comendo uma bolacha Maria quando ele também come, atirando meia dúzia de amêndoas torradas para a boca para não desfalecer a meio da manhã... Nada assim tão dramático que justifique estar com mais 7/8 kg acima do desejado. 

sábado, agosto 22

Vício bom

Naquela cara irresistível de estranheza/surpresa que ele faz quando experimenta algo novo. Tento que isso aconteça de 3 em 3 dias (o prazo mínimo para testar se um bebé é alérgico a um novo alimento). Quando não é um novo alimento é a forma como o apresento. Não gosta de melão triturado, por exemplo, mas adora roer um bocado maior que lhe foi com a mão. Nem tampouco de uvas à colher, gosta que lhe parta aos pedacinhos e que lhe vá dando também entre os meus dedos à boca dele. Os olhinhos dele brilham de felicidade de poder provar o que me vê a comer. O prazer da (boa) comida aprende-se de pequenino e a educação também passa por aqui. 

quarta-feira, agosto 19

De mãe para mãe grávida


Gosto de saborear cada fase e mesmo de aprender mesmo com aquelas que não quero lembrar mas ontem, depois de ter estado com uma amiga que está à espera de bebé e que tem as mesmíssimas dúvidas que eu tinha há um ano atrás, fiquei sem vontade nenhuma de estar a viver aqueles momentos de ansiedade agarrada a listas de maternidade, a ter pesadelos com o parto, sem saber exatamente se ia ser capaz de ser mãe. Claro que vou passar por muito disto outra vez quando estiver grávida novamente, e que ainda estou a descobrir tudo sobre ser mãe, mas já não será a mesma coisa nesta espera, já não terei tantas dúvidas como da primeira vez. 

O que mais gostava de emprestar a esta amiga, além de roupinhas bonitas e afins, era a certeza que este grande amor nos dá ferramentas mais que suficientes para enfrentar qualquer logística. O que é bom, nesta perspetiva de quem já passou por essa fase, é que afinal não teríamos precisado de ir à loja Y para comprar uma touca XPTO para a maternidade, ou duas "porque eles pedem", de comprar horríveis cuecas descartáveis para a maternidade porque as de algodão dão perfeitamente, de comprar muitos folhinhos, porque o que interessa é mesmo ter os básicos todos à mão, sem floreados, para aproveitar aquela maravilha que de repente nos cai no colo. Também não são precisas fraldas de marca durante meses a fio (as de marca branca até têm menos químicos e fazem exatamente o mesmo), cadeiras da papa que só servem aos 6 meses, pinturas no quarto de que ele só vai usufruir realmente muito depois, cortinados e afins, mas eu sei que queremos dar o melhor ao nosso bebé e que toda esta correria de tratar, comprar tudo quase até ao promeiro ano de idade, pintar, arrumar e até polir rodapés (eu!) ajuda a acalmar os nervos e faz o tempo andar mais depressa. 

Corro o risco de querer ser prática demais, mas das poucas coisas que eu sei que posso verdadeiramente fazer por ela, depois da experiência demasiado intensa de visitas que tive em casa, é ser prestável e invisível. Já a alertei que só irei vê-la quando me pedir expressamente e irei munida de comida para ela e para o pai, além de tudo o que me pedirem. Sei que vou olhar para ela, antes mesmo de ver o bebé, e dizer-lhe que vai ser uma grande mãe e que já está a dar lindamente conta do recado. Não farei sala e tentarei não sair sem pôr a roupa a lavar e dar um jeito na cozinha. Depois dos empréstimos, que tanto jeito dão, tenho a certeza que na maior amizade está também o espaço que se dá aos pais quando nasce um filho. A experiência afinal conta mesmo para alguma coisa. 

A fotografia é literalmente de há um ano atrás ;)

Querido, quero mudar a casa toda



As férias foram tão boas que me deram imensa energia para arrumar a vida. O facto de saber que, quando começarem os dias mais frios e chuvosos vou perder alguma mobilidade, também me incentiva a querer organizar imensa coisa que envolve andar a fazer voltinhas de carro para aqui e acolá.

Além das corridas que andamos a fazer, separados infelizmente, para alguém ficar com o Henrique, andamos a tratar de imensa coisa cá em casa. Na lista de prioridades está a revisão e alguns arranjos estéticos ao meu Smart, que queremos vender por motivos óbvios, mas também comprar uma cama nova para nós, porque precisamos de melhorar a qualidade do nosso sono e pensar um bocadinho mais no nosso conforto que tem ficado sempre relegado para segundo plano, e ainda uma estante mais segura para a sala para substituir a nossa linda da Altamira (na fotografia), que era dos meus avós mas que, infelizmente, é um verdadeiro perigo para o mini. Queremos também calafetar as portas da rua, para não termos outra conta de eletricidade de 650€ no final do próximo inverno, pendurar uma série de quadros, voltar a organizar o quarto do Henrique para o tornar mais apropriado a um bebé quase andante e tenho também estado a organizar as roupas todas dele e uma série de coisas que quero emprestar a uma das minhas melhores amigas que está grávida. Pelo meio, ainda andamos a pôr as nossas consultas médicas de rotina em dia.

Há tanto para organizar, medir, refletir e tantas contas para fazer no meio disto tudo... mas, na verdade, não estou minimamente cansada destas tarefas! Adoro que estejamos os dois sintonizados no bem-estar da nossa família. Acho que é meio caminho andado para o trabalho dele correr melhor, porque quando chega a casa consegue desligar mais, e o Henriquinho também não precisa de se sentir sempre o centro das atenções. Ao contrário do que se possa pensar, acho que eles gostam muito de nos acompanhar nas atividades de crescidos e de não estarmos sempre em cima deles. E o IKEA, por exemplo, é um belo salão de jogos... demos por nós a dançar com ele na zona dos colchões, e ele fica interessadíssimo a ver todas aquelas coisas novas. Fiquei cheia de vontade de voltar lá, sobretudo num dia de mau tempo, para ficar a brincar com ele na zona dos miúdos, onde há brinquedos diferentes dos de casa, tendas, quartos coloridos... Que felicidade poder focar-me nesta alegria do dia-a-dia, nas coisas simples.

terça-feira, agosto 18

Dentes ou mau feitio?

O Henrique sempre adormeceu no carro, como a maioria dos bebés, e continua a fazê-lo em pequenos percursos, mas nas viagens grandes tem estado impossível. Não adianta eu ir atrás, nem cantarmos todas as músicas que conhecemos, nem ter os brinquedos preferidos perto dele. A última viagem de Coimbra para Lisboa foi tão má, chorava como se lhe estivéssemos a bater, que achámos que só podiam ser dentes. Corremos para a farmácia a comprar um calmante para as gengivas - o Camillia da Boiron - que, na altura, pareceu funcionar. No dia seguinte nada de birras e pensámos logo - bolas,  não são dentes, era mesmo uma sacana de uma birra monumental!

Tem repetido a "brincadeira" para mudar a fralda e às vezes para comer. Nuns dias um bem disposto, noutros um pequeno terrotista, mas sempre bonzinho, como diz o meu pai. E nós concordamos, claro, preferimos mesmo acreditar que estas manifestações barulhentas são a chegada do primeiro dente, algo que para mim começa a ser tão misterioso como as cólicas iniciais.  

Na verdade, acho que ninguém quer assumir que os bebés também têm mau feitio, stress e sono, muito sono. Há sempre ali um álibi pseudo-científico para os salvar. 

sexta-feira, agosto 14

Este miúdo mata-me de amor

Há as birras e há a maior parte dos momentos que são técnicos, em que a felicidade está lá mas não precisamos sempre de estar sempre a pensar nisso para nos sentirmos especiais e sortudos. E depois há aqueles momentos que não dá para descrever porque parecem tontos de simples, mas que são mesmo incríveis no coração de uma mãe. 

Quando está bem disposto depois de comer costumo ficar ali um bocadinho de roda dele na cadeira da papa a brincar até sentir que está pronto para a sesta ou para a noite. Hoje pus a cabeça em cima do tabuleiro para ele me mimar, o que equivale a deixá-lo puxar-me os cabelos, o nariz e tudo o mais, e ele ria-se que nem um perdido de ter ali a sua mamã em vez do prato da sopa. Depois quis o pacote de toalhitas que estava em cima da bancada. Comecei a fazer "cucu, onde está a mamã" e em vez de precisar de me esconder foi ele com o pacote a esconder-me a cara várias vezes. Estávamos os dois tão felizes que só nos ríamos da felicidade de podermos comunicar com algo tão simples. Ele sabia que eu estava a percebê-lo e estava radiante com isso. É tão bom dar-lhe os meus dias, poder estar em casa para presenciar estes momentos. Ainda que os dias não sejam leves - ser mãe é verdadeiramente trabalhar a tempo inteiro - não me canso desta decisão. 

quinta-feira, agosto 13

Voltar a casa

Depois de uns dias em Coimbra com os sogros e a minha irmã mais nova, entre mimos ao Henrique e petiscos divinais, que me dão um bom descanso da cozinha, regressámos a casa. Já não temos mãos e braços extra ou a piscina para chapinhar, mas temos as nossas coisas, os brinquedos todos e as rotinas também acabam por ser reconfortantes. 

É tempo de arrumar as mil roupas do mini que já não servem, organizar a casa e de voltar aos jantares bons a dois e aos minutos preciosos no sofá com o silêncio e a televisão que nos apetecer. Voltámos também ao jardim e aos passeios tranquilos no bairro. Agosto é uma delícia na cidade, é tudo tão mais calmo... 

A coragem do recomeço deu-me energia para voltar a correr. Hoje ainda foi só  o primeiro dia, a ideia é tentar mexer-me pelo menos três vezes por semana. Para já, estou a seguir um plano para iniciados em que vou intercalando a marcha com a corrida. Estive 18 meses sem fazer qualquer tipo de desporto - 9 meses de gravidez e 9 meses de Henrique - e não quero abusar, para além de sentir que estou mesmo pesada. As férias também não ajudam nada... Já estou com aquela sensação terrível de barriga quando me sento e, por isso, tinha mesmo de fazer alguma coisa. Gostava de perder pelo menos 5 kg e, como estamos a pensar noutro filho para breve, e não quero perder a mobilidade que o Henriquinho e a saúde exigem, é mesmo importante fazer este esforço agora. Haja coragem para me levantar às 7h. O lado bom é que é tempo que me estou a obrigar a ter para mim, uma das minhas resoluções de férias. 

terça-feira, agosto 11

E as férias (dos outros) continuam

O verão tem sido generoso connosco. Estar em casa com o Henrique nesta altura do ano é muito menos monótono porque aproveitamos as férias dos avós, tias, primos e estamos muito mais acompanhados. Nos últimos dias fomos visitar os meus avós e ele foi mimado por toda a família, enquanto eu também matava saudades deles e da casa dos meus verões da infância. Aos fins-de-semana tentamos estar mais os três e com a família mais próxima e é raro poder estar assim. Não há nada como dormir em casa dos meus avós, sermos muitos a tomar o pequeno-almoço, beber o café fraquinho e delicioso da minha avó e comer aquelas torradas de pão a sério com manteiga, como quando tinha 10 anos. Fazer tudo isto com o Henrique é muito mais intenso, tenho menos tempo útil para conversar e para sentir verdadeiramente o descanso que dantes sentia só por estar no campo e haver pouco para fazer, mas também é reconfortante partilhar o nosso bebé e ver como todos se alegram à volta do primeiro bisneto. 

Cada vez me sinto menos parte dos netos e mais integrada junto dos adultos. Não que isso não acontecesse já há uns bons anos, sobretudo desde que trabalho (há mais ou menos 10 anos) mas parece que, quanto mais passo pelas provas mais duras da vida - e ter um filho é sem dúvida a experiência mais desafiante que vivi até hoje - mais confiante e crescida me sinto. Já não há tempo para dúvidas existenciais, birras de adolescente, vontade de estar noutro sítio. Agora é mesmo abraçar a felicidade de ter nascido nesta família, ainda que sejamos todos tão diferentes, e de termos a sorte de partilhar a mesma história.

No meio destas emoções, o Henrique consegue sempre surpreender-me no fator adaptação. Andamos a rodar de casa em casa quase de semana para semana e ele não parece estranhar assim tanto. Adorou o mimo e a atenção (acho que tem uma paixão pela minha avó que tem um jeitaço inato para crianças, é impressionante como rejuvenesce junto dele), delirou com os patinhos e com o jardim e também se sentiu à vontade para fazer algumas das suas melhores birras. Anda a delimitar terreno, sobretudo a hora da refeição mas, como está um pequeno texugo, não nos preocupamos nada se não comer tudo... Às vezes perde-se a paciência com esta fase em que nos foge para mudar a fralda, só quer aproximar-se das esquinas mais perigosas ou das fichas elétricas e, muitas vezes, ainda temos de dar uma ajuda para adormecer. Depois de um dia menos bom, lá vem um dia excelente em que está bem disposto e em que tudo funciona bem para me dar forças. E entretanto lá fazemos mais uma viagem para visitar os avós de Coimbra. 






sexta-feira, agosto 7

E o prémio de melhor descoberta das férias vai para... a praia da Fábrica

Eu não era a pessoa mais algarvia de sempre, nem sequer era muito de praia e tinha os preconceitos do costume  relativamente ao Algarve - praias lotadas, filas nos restaurantes, preços inflacionados, mas o marido querido deu-me a conhecer Tavira logo nos primeiros anos de namoro. Esta zona está longe desses infernos que descrevem. Claro que é sempre melhor ir em julho ou setembro, que em agosto, mas nada que não se faça.

Gostamos de variar entre as praias da Lota, Manta Rota, Verde, Barril... mas talvez a que gostássemos mais, até este verão, fosse a ilha de Tavira com o necessário e lindo passeio de barquinho pela ria Formosa, e porque é também a praia da infância dele...

Rapariga cheia de curiosidade que sou, quando ouvi falar que a revista Traveler, do grupo Condé Nast, tinha escolhido a praia da Fábrica, em Cacela Velha, como uma das melhores do mundo, convenci-o a irmos. Esta vilazinha amorosa já é paragem obrigatória há muitos verões para os nossos jantares. A Casa Velha é o nosso restaurante de eleição para comer choquinhos à algarvia, ostras, arroz de lingueirão entre outras iguarias e este ano não foi exceção. O Henrique deixou-nos jantar fora todos os dias, enquanto dormia no carrinho.

Lemos que o acesso a esta praia - e também à de Cacela Velha, que fica mesmo ao lado - é feito em barquinhos de pescadores junto ao restaurante Costa, também conhecido pelo arroz de lingueirão, nesta pequena localidade da Fábrica, por isso ficámos com medo que fosse algo precário, que não assegurasse as condições necessárias a um bebé. Mal chegámos sossegámos quando percebemos que há alguma organização nos barcos, há até uma tabela de preços (1€ para a Fábrica, 1,5€ para Cacela Velha) e horários com travessias até às 20h30, o que nos deixou bem mais descansados, mas também mostra que a procura ainda é alguma... Subido o barquinho a motor, faz-se a viagem de 2 ou 3 minutos para atravessar a ria e logo, logo está-se na praia, que é uma língua deslumbrante de areia, sem palhotas, música alta, nada de concessões, nem de bandeiras ou de nadador salvador, mas a água praticamente não mexe, não há grandes perigos...  Graças à escassez de lugares de estacionamento e do acesso condicionado pelos barcos, há quase uma linha única de chapéus em frente ao mar e, quem quiser andar mais, está sozinho. Foi aqui que o Henrique passou a gostar da água do mar, porque na maré baixa forma umas poças quentinhas perfeitas para os mais pequeninos brincarem. Depois de muito chapinhar, foi ao banho com o pai e gostou muito, a água também estava mais quente que nas restantes praias. Num dos dias até decidimos optar pela aventura de vir pela ria na maré baixa a pé. Mesmo com o Henrique ao colo - que já pesa 9 quilinhos de amor - fez-se bem. O lodo e as partes mais escuras da ria fazem alguma impressão mas também fez arte do momento.

Sinto que isto para mim é que é praia e descanso com o verdadeiro contacto com a natureza, sem ninguém a empatar a nossa vista e espaço. E ainda avistámos bolinhas num dos dias - acho que íamos tarde demais para apanhá-las mais vezes, mas elas andam por lá... Fiquei verdadeiramente feliz de ter descoberto este santuário para as nossas férias deste e dos próximos anos. Até fiquei com vontade de voltar no inverno para procurar uma casinha ali mesmo em Cacela Velha para arrendar no próximo verão.








quinta-feira, agosto 6

Passatempo BeBunXi - temos vencedora!

A coroa do passatempo que fizemos em parceria com a BeBunXi vai viajar até uma cabecinha amorosa nas Caldas da Rainha. Parabéns à grande vencedora - Catarina Correia! 


quarta-feira, agosto 5

Ferrugem e osso


Estávamos tão relaxados no dia antes de voltarmos aos nossos "trabalhos" (as aspas são para o meu), que conseguimos alugar este "Ferrugem e Osso" e nem sentir aquele aperto de domingo, acrescido de final de férias. Foi uma doce transição.

Este filme do Jacques Audiard, que já é de 2012, conta a história de um amor improvável entre um segurança, boxeur e pai muitas vezes ausente de um miúdo de 5 ou 6 anos com uma treinadora de orcas, meio perdida no seu vício da sedução, que fica sem pernas depois de um acidente de trabalho. Ela é protagonizada pela maravilhosa Marion Cotillard e ele é o giro do Matthias Schoenaerts, que eu desconhecia. A forma genialmente bem filmada e trabalhada por Audiard de mostrar a superação da depressão dela no pós-acidente e dele, enquanto pedra bruta que desconhece a verbalização de sentimentos, culminando numa história de amor, deixou-nos rendidos ao filme. Como pais uma das cenas finais, com a quase morte do rapaz dentro de um buraco no gelo, pôs-nos doentes. Fartei-me de me contorcer no sofá. A partir do momento em que se tem um filho as histórias tenebrosas de abusos, desaparecimentos, acidentes e afins tocam-nos mesmo de outra forma... Fora isso, recomendadíssimo.





segunda-feira, agosto 3

Dilemas de mãe #5

Porque é que quando já fizemos tudo o que devíamos, durante a sesta deles, e finalmente pensamos que vamos descansar uns minutos, eles decidem acordar? 

domingo, agosto 2

Nove


Meu Henrique, apesar de seres tão pequeno, todos os meses dás um pulo de gigante. E este foi sem dúvida um mês de muito movimento, às vezes acho que até podias gerar eletricidade cá para casa. Cada vez fico mais feliz de teres nascido em novembro e chegares agora ao verão já a gatinhar. Aconchego das mantinhas e colinho no tempo frio, e pernas ao léu a rebolar na relva e na areia da praia o calor. Assim foi este mês em que te lançaste a gatinhar para a frente e agora já não há quem te pare! Aliás, gatinhas com vontade de te pôr de pé, já te queres empoleirar no sofá, nas grades da cama, fartas-te de dar cabeçadas em tudo o que é sítio, até já caíste de uma cama abaixo. Não passou de um pequeno susto... Pensei que todas estas movimentações iam demorar um bocadinho mais, confesso, mas, se sempre tiveste uma curiosidade louca por tudo quanto conseguias ver, enquanto estavas só ao colo, agora então, a gatinhar por onde queres e te deixam, pareces querer abarcar o mundo inteiro... Tens uma curiosidade enorme pelas folhas, flores, passarinhos e também pelas tomadas de eletricidade e muitas outras coisa onde não podes mexer. És mesmo um rapaz muito dinâmico.

Este foi também o mês das primeiras férias a três e, além de teres adorado a relva e a areia, ao contrário da mãe com a tua idade, também te sentiste em casa com a piscina - o treino dos últimos meses valeu a pena! E, mesmo depois de alguma reticência com as ondas do mar, acabaste dentro de água a tomar banho com o pai em Cacela Velha. Ver-te nas pocinhas a chapinhar e brincar contigo com as forminhas foi das melhores atividades de férias que alguma vez tivemos. E ainda gostas mais dos duches em casa, já levas com belas chuveiradas na cabeça sem te queixares.

Já não dizes mamã, mas sei que vais voltar a dizer em breve e para compensar continuas a elevar os bracinhos na nossa direção quando te queres proteger do mundo. Às vezes parece que não és lá muito menino dos papás, gostas da tua autonomia e finges que não nos ligas nenhuma, mas depois lá cedes aos encantos de um colinho à vinda da praia e encostas-te no nosso peito, ou refilas quando não vou atrás no carro, obrigando-me a fazer quilómetros no banco da frente, virada para trás, a adormecer-te com a minha mãozinha na tua bochecha. Quer queiras, quer não levas com um pai e uma mãe do mais lamechas que há, sempre a esborrachar-te com beijinhos e abraços. Quando estás para aí virado dás umas gargalhadas contínuas que enchem o coração. 

Continuas a tua descoberta dos sons. Além de tocares na guitarra do pai, agora também te dedicas ao piano que os tios Bárbara e Nuno te ofereceram e gostas muito. [Se algum dia me esquecer de te contar, quero dizer-te que o pai antes de nasceres só pegava na guitarra quando estava mesmo feliz e relaxado, nunca gostou de ser jukebox, de tocar discos pedidos, nem mesmo a pedido da mãe, mas desde que tu cá estas ele toca muito e tu sabes o que isso quer dizer? Que ele está muito feliz, que tu o pões muito de bem com a vida. A tua relação com a música é por isso muito importante nos nossos dias. É por isso que gosto de te deixar escrito o quanto tu gostas de explorar os instrumentos musicais que te vão chegando, até aquela maraca com um tupperware e arroz que a mãe inventou. Se na adolescência fores metaleiro, a mamã depois reconsidera esta parte.]

Com tanto movimento e descoberta espacial, tem sido mais difícil ter-te sossegadinho para ler para ti, mas vou persistir. 

Continuas a dormir, a comer muito bem e com uma saúde de ferro. Em todos estes meses apenas uma alergia desconhecida e uma pequena constipação.

Somos uns pais babados e temos motivos para isso. Não nos cansamos de tanta felicidade.

sábado, agosto 1

O meu Reiki secreto

Não sou de excluir à partida ciências que desconheço mas, não sendo seguidora nem aprendiz de nenhuma, tenho apenas o coração e a cabeça abertos para aquilo que não me parecer que traga mal ao mundo ou que seja simplesmente uma burla. É por isso que secretamente, quando estou a adormecer o Henrique, tento com as minhas mãos passar-lhe boas energias, enquanto penso no quanto gosto dele e lhe quero bem. Chamem-me mística, crédula, o que seja, mas acreditem que, quando me concentro mesmo acredito, ele para de chorar mais depressa, que relaxa e adormece.