domingo, agosto 2

Nove


Meu Henrique, apesar de seres tão pequeno, todos os meses dás um pulo de gigante. E este foi sem dúvida um mês de muito movimento, às vezes acho que até podias gerar eletricidade cá para casa. Cada vez fico mais feliz de teres nascido em novembro e chegares agora ao verão já a gatinhar. Aconchego das mantinhas e colinho no tempo frio, e pernas ao léu a rebolar na relva e na areia da praia o calor. Assim foi este mês em que te lançaste a gatinhar para a frente e agora já não há quem te pare! Aliás, gatinhas com vontade de te pôr de pé, já te queres empoleirar no sofá, nas grades da cama, fartas-te de dar cabeçadas em tudo o que é sítio, até já caíste de uma cama abaixo. Não passou de um pequeno susto... Pensei que todas estas movimentações iam demorar um bocadinho mais, confesso, mas, se sempre tiveste uma curiosidade louca por tudo quanto conseguias ver, enquanto estavas só ao colo, agora então, a gatinhar por onde queres e te deixam, pareces querer abarcar o mundo inteiro... Tens uma curiosidade enorme pelas folhas, flores, passarinhos e também pelas tomadas de eletricidade e muitas outras coisa onde não podes mexer. És mesmo um rapaz muito dinâmico.

Este foi também o mês das primeiras férias a três e, além de teres adorado a relva e a areia, ao contrário da mãe com a tua idade, também te sentiste em casa com a piscina - o treino dos últimos meses valeu a pena! E, mesmo depois de alguma reticência com as ondas do mar, acabaste dentro de água a tomar banho com o pai em Cacela Velha. Ver-te nas pocinhas a chapinhar e brincar contigo com as forminhas foi das melhores atividades de férias que alguma vez tivemos. E ainda gostas mais dos duches em casa, já levas com belas chuveiradas na cabeça sem te queixares.

Já não dizes mamã, mas sei que vais voltar a dizer em breve e para compensar continuas a elevar os bracinhos na nossa direção quando te queres proteger do mundo. Às vezes parece que não és lá muito menino dos papás, gostas da tua autonomia e finges que não nos ligas nenhuma, mas depois lá cedes aos encantos de um colinho à vinda da praia e encostas-te no nosso peito, ou refilas quando não vou atrás no carro, obrigando-me a fazer quilómetros no banco da frente, virada para trás, a adormecer-te com a minha mãozinha na tua bochecha. Quer queiras, quer não levas com um pai e uma mãe do mais lamechas que há, sempre a esborrachar-te com beijinhos e abraços. Quando estás para aí virado dás umas gargalhadas contínuas que enchem o coração. 

Continuas a tua descoberta dos sons. Além de tocares na guitarra do pai, agora também te dedicas ao piano que os tios Bárbara e Nuno te ofereceram e gostas muito. [Se algum dia me esquecer de te contar, quero dizer-te que o pai antes de nasceres só pegava na guitarra quando estava mesmo feliz e relaxado, nunca gostou de ser jukebox, de tocar discos pedidos, nem mesmo a pedido da mãe, mas desde que tu cá estas ele toca muito e tu sabes o que isso quer dizer? Que ele está muito feliz, que tu o pões muito de bem com a vida. A tua relação com a música é por isso muito importante nos nossos dias. É por isso que gosto de te deixar escrito o quanto tu gostas de explorar os instrumentos musicais que te vão chegando, até aquela maraca com um tupperware e arroz que a mãe inventou. Se na adolescência fores metaleiro, a mamã depois reconsidera esta parte.]

Com tanto movimento e descoberta espacial, tem sido mais difícil ter-te sossegadinho para ler para ti, mas vou persistir. 

Continuas a dormir, a comer muito bem e com uma saúde de ferro. Em todos estes meses apenas uma alergia desconhecida e uma pequena constipação.

Somos uns pais babados e temos motivos para isso. Não nos cansamos de tanta felicidade.

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