domingo, julho 12

O melhor que fizemos: escolher o Serviço Nacional de Saúde


Quando o Henrique nasceu, a insegurança de vivermos a parentalidade pela primeira vez e o facto de precisarmos de um ninho para garantir que tratavam do nosso filho sem demasiados sobressaltos e desconfortos, fez-nos escolher as consultas de uma pediatra do Hospital da Luz. Parecia-nos a continuação natural do parto, que correu tão bem ali, e como tínhamos uma boa referência dada por amigos, acabámos por fazer lá as consultas dos cinco primeiros meses, todas as vacinas, uma urgência, análises.

Chegou uma altura em que percebemos que ele estava super saudável, ainda não nos tínhamos decidido por nenhum seguro e os gastos começavam a ser incomportáveis - sobretudo pensando que gostaríamos de dar as mesmas coisas a três filhos. Apesar da competência técnica nunca ter sido posta em causa, nunca sentimos uma empatia pessoal com a médica, achávamos as consultas muito curtas para o tempo de espera e ficávamos com a sensação de que ela andava às aranhas sobre o nosso processo, que havia pouco espaço para perguntas e as respostas aos emails/sms em horas de aperto um bocado a despachar.

Fui tentar resolver o nosso problema batendo à porta do centro de saúde da nossa nova área de residência. " - Não há médico de família para ninguém". Era o que temia. "- Mas vá ali abaixo à Unidade de Saúde Familiar USF), pode ser que a possam inscrever". Não fazia a mínima ideia do que tal coisa era, mas cheia de boa vontade lá fui de sorriso arreganhado a dizer que eu, o meu filho e os próximos dois (a fazer charme claramente) precisávamos de um médico. Na altura não percebi se me tinham achado graça a mim, se aos lindos olhos do Henrique, mas inscreveram-me de imediato e hoje sei que são simplesmente ultra competentes. Ainda que as vagas de médicos também não abundem por lá, tivemos a sorte da vida e podemos dizer que a nossa querida USF (um projeto-piloto do Serviço Nacional de Saúde mas com autonomia própria, que complementa os cuidados de saúde primários) é uma das maiores descobertas nos últimos tempos.

Como dizia, o cuidado com o utente começa logo no atendimento simpático e eficaz, na sala de espera pouco ou nada atulhada, porque a marcação e os tempos de consultas são eventualmente geridos a pensar nisso, o espaço é neutro, está bem cuidado dentro de um estilo austero perfeitamente adequado às necessidades, o nosso médico é atencioso, completo e faz questão de conhecer e documentar todo o agregado familiar (estamos os três a ser seguidos lá) e o corpo de enfermagem absolutamente competente e carinhoso. Na prática na Luz esperávamos uma hora para sermos atendidos em 15 minutos, aqui esperamos no máximo 15 minutos para sermos atendidos e, no caso do Henrique, passamos primeiro por uma enfermeira que pesa, mede, dá as indicações sobre alimentação de forma clara e pormenorizada, respondendo a todas as perguntas e dando abertura para outras abordagens trazidas pelos pais, avaliando ainda as questões de desenvolvimento. Passamos ao médico que o passa a pente fino. Não estamos lá menos de uma hora entre as duas coisas, e sem conversas desnecessárias. Talvez nas próximas consultas seja mais rápido porque ele está ótimo e já têm todo o historial. Connosco é tudo muito mais rápido mais igualmente eficaz e as análises também funcionam bem.

Com este acompanhamento do médico de família acabamos por evitar muitas consultas de especialistas (fora as óbvias: dentista, oftalmologista, ginecologista, no meu caso...) e sentimos que estamos permanentemente sob vigilância e com tudo em dia. É claro que se trata de um clínico geral mas, quando não há nenhum problema em particular, não vejo necessidade de fazermos o seguimento dos nosso filhos exclusivamente no pediatra. Ainda não experimentámos as urgências, mas para já estamos fãs. Sentimo-nos a irradiar saúde e mesmo bem tratados, tal e qual aqueles protagonistas sorridentes de fotografias de anúncio - e, por isso, não poderia deixar de trazer aqui as maravilhas desta componente do Serviço Nacional de Saúde.


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