segunda-feira, setembro 7

Dentro dos sonhos dele

Naqueles dias, sobretudo de fim-de semana, muito intensos e cheios de atividades em que regressamos a casa já em cima da hora do jantar, e ele adormece no carro, não temos muitas vezes coragem para acordá-lo. A ideia de o arrancar abruptamente do sono quentinho para enfiá-lo no banho e dar-lhe de jantar, só para cumprir rotina, não nos convence. Se está ferrado tiramos só as peças de roupa menos confortáveis e deixamo-lo dormir na caminha. Ele está óptimo de peso e não haveria mal em não lhe dar jantar, mas quando não acorda, antes de eu ir para a cama não consigo deixar de lhe dar um biberon de leite para ter a certeza que fica mais aconchegado. A primeira vez que o fiz morri de medo que ele ficasse acordadíssimo e depois já não pegasse no sono, mas nada disso. Dou-lhe umas festinhas, falo baixinho com ele e pego-lhe. Aninhado em mim na poltrona do quarto dou-lhe o leite meio a dormir, meio acordado. Ele fica sempre de olhos fechados mas a beber com convicção. No fim levanto-me com ele encostado ao meu ombro para arrotar e ele mantém-se ali aninhado deliciosamente. São daqueles momentos que quero recordar para sempre de tão ternos. A ideia de poder aconchegá-lo assim, quase dentro dos sonhos, é tão mágica... Da primeira vez até chorei com tamanha beleza. Sendo ele agora mais crescido e mais mexediço, poder novamente tê-lo assim nos braços, de forma a contemplá-lo com serenidade, a servi-lo neste miminho, é quase como se regressasse por instantes ao estado de recém-nascido.

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