Ia eu a dizer que não sou violenta na estrada, mas isso não é completamente exato. Se passei a ser uma condutora muito mais cautelosa, passei também a ser um peão muito mais exigente. Já não basta o estado execrável dos passeios, mas sobre esses não posso insultar ninguém diretamente, só posso rabujar, votar melhor para a próxima, e tornar-me uma espécie de atleta de alta competição de trail urbano, seja lá o que isso for. Mas com os energúmenos dos condutores, que não conseguem mostrar um chavelho de respeito pelas pessoas que se lhe apresentam a pé na rua, com esses sim posso soltar toda a raiva temporária que há em mim.
Assim, quando me virem na rua a levantar muito os braços e a agitá-los freneticamente, enquanto ponho dois dedos nos olhos - "não me está a ver?" - e outro na testa - "você é louco?!!!" -, enquanto abano a cabeça com um ar de reprovação do tamanho do mundo, poderá dever-se à minha fúria com a forma de conduzir de alguns cocós com pernas que por aí andam . É que há camiões e veículos de toda a espécie que se dão ao luxo de nos contornar na passadeira, e eu até sou bastante rápida, ou que fingem não nos ver na borda do passeio a tentar atravessar. Mas o mais comum é mesmo estacionarem praticamente em cima da passagem de peões, obrigando-me a ir quase para o meio da estrada, para saber se posso atravessar (tal é a regularidade desta situação em Lisboa que me pergunto se o usucapião não alterou o código da estrada). Aqueles que estacionam em cima do passeio mesmo enquanto estamos a passar também têm direito a brinde da minha parte .
Sei que envergonho muitas vezes quem vai comigo, mas tudo isto é tão frequente que dou por mim a fazer este papel de louca varrida como se estivesse a defender todas as pessoas com as mesmas dificuldades que eu, quer tenham um carrinho de bebé, uma cadeira de rodas, umas muletas, uma bengala, o que seja. Agarrem-me que eu vou-me a eles.
Assim, quando me virem na rua a levantar muito os braços e a agitá-los freneticamente, enquanto ponho dois dedos nos olhos - "não me está a ver?" - e outro na testa - "você é louco?!!!" -, enquanto abano a cabeça com um ar de reprovação do tamanho do mundo, poderá dever-se à minha fúria com a forma de conduzir de alguns cocós com pernas que por aí andam . É que há camiões e veículos de toda a espécie que se dão ao luxo de nos contornar na passadeira, e eu até sou bastante rápida, ou que fingem não nos ver na borda do passeio a tentar atravessar. Mas o mais comum é mesmo estacionarem praticamente em cima da passagem de peões, obrigando-me a ir quase para o meio da estrada, para saber se posso atravessar (tal é a regularidade desta situação em Lisboa que me pergunto se o usucapião não alterou o código da estrada). Aqueles que estacionam em cima do passeio mesmo enquanto estamos a passar também têm direito a brinde da minha parte .
Sei que envergonho muitas vezes quem vai comigo, mas tudo isto é tão frequente que dou por mim a fazer este papel de louca varrida como se estivesse a defender todas as pessoas com as mesmas dificuldades que eu, quer tenham um carrinho de bebé, uma cadeira de rodas, umas muletas, uma bengala, o que seja. Agarrem-me que eu vou-me a eles.
Não te prendas! ;)
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