domingo, maio 24

Trabalhadora por conta dele, de nós




Decidi ser mãe a tempo inteiro. Talvez surjam alguns trabalhos soltos mas só farei aquilo que não me impedir de ficar com o meu filho em casa. Para uns, fiz a escolha mais fácil - ficar em casa no bem bom, ser dondoca, dedicar-me às toilettes da criança, à organização da casa e aos petiscos para o marido. Mais ainda com empregada uma manhã em casa - sacrilégio, o que é que ela vai fazer afinal? Tomar chá com as amigas? (Também. Mas só fora do tempo laboral delas e deles.) Os outros entendem a dificuldade da escolha - abdicar de uma vida profissional (por meia dúzia de anos - será?) à beira dos 30 (esquece, ninguém te vai contratar a seguir a "isso"), mergulhar nas rotinas de um bebé e em breve de outro, e talvez mais outro logo a seguir sem grandes ajudas. O que é que me deu afinal?

Fora do ruído de todas as opiniões e teorias que acompanham a parentalidade, nunca encarei a vida com um plano fixo. Fujo cronicamente de tudo o que me faz infeliz e depois das hormonas do pós-parto que fazem de nós super-mulheres (logo a seguir ao babyblues, esse bicho papão), percebi que nunca tinha feito nada tão compensador como cuidar do meu filho. Juntando esta vontade de prolongar sem fim a licença de maternidade a um trabalho que me foi deixando menos feliz progressivamente, decidimos - a dois - que talvez não se perdesse assim tanto na economia familiar com menos um salário. Talvez até ganhássemos todos em amor, atenção, equilíbrio.

Aos sete meses de licença prolongada, preparo-me assim para dizer até já ao trabalho por conta de outrem e passar a trabalhar por conta dele, de nós. Neste caminho que começo agora a percorrer este blogue servirá para não me esquecer daquilo que pensei em cada fase do crescimento do meu filho, das alegrias às angústias, para me obrigar a ter tempo para mim, para pensar, para me divertir. No fundo, para ser a mãe forte que eu gostaria de ser e inspirar outras mulheres que queiram fazer a mesma escolha. O que vão poder encontrar aqui? Tudo o que pode envolver o dia-a-dia de uma mãe, mesmo quando não parecemos mães.

3 comentários:

  1. É de facto uma decisão muito importante e difícil, mas tens muita gente a apoiar-te. E não é de todo uma decisão irreversível! Como tu própria dizes, nunca sabemos os desafios que nos traz o dia de amanhã. :)

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  2. Obrigada pelo primeiro comentário no blogue. Sem o teu impulso, se calhar ele ainda não tinha nascido. É verdade que tenho uma família e muitos amigos maravilhosos e compreensivos com esta decisão, para compensar aqueles que duvidam mais. Nada como uma boa dose de confiança para continuar a andar para a frente.

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