terça-feira, junho 30

Uma família do tipo "Amo-te"


Para quem cresceu tão tímida na verbalização e concretização dos afetos como eu, que demorei anos a conseguir aprender a dar aquele abraço forte sem constrangimentos, há poucas coisas tão íntimas como dizer "Amo-te". É esse tipo de família que partilha sentimentos que quero, sem constrangimentos na linguagem dos afetos mas sem cair em banalidades. Não saberia construir este edifício sem o meu cúmplice maior.

segunda-feira, junho 29

Desafio mãe/sogra


Desde que fui mãe pela primeira vez que tenho tentado ganhar confiança neste papel, mas nem sempre é fácil e muitas vezes há quem saia um bocadinho mais atingido neste processo, sobretudo as pessoas mais experientes e com sentido de iniciativa que, ao quererem ajudar, acabam por nos fazer sentir mais limitadas nessa descoberta. No meu caso, cliché dos clichés, foi a minha sogra querida, a quem já confessei por diversas vezes a dificuldade que tenho em partilhar este ser maravilhoso que ambas amamos - o nosso Henrique. E é porque ela sabe que tento melhorar que me sinto confiante de escrever aqui sobre o assunto.

Conscientemente, quero que ele tenha a melhor relação possível com os avós de ambos os lados, que guarde memórias tão boas da infância com eles, quanto eu com os meus, e que nós possamos também usufruir um bocadinho do tempo a dois e com os nossos amigos, graças à ajuda preciosa deles. E, na realidade, é isso tudo que tem acontecido. Por motivos de disponibilidade e porque vamos visitá-los muitas vezes, acho que o Henrique nem nunca ficou tanto tempo com alguém como com os avós de Coimbra, os meus sogros, em quem tenho a maior da confiança - não fossem eles os pais de dois filhos maravilhosos  - um deles o homem que escolhi para partilhar todos os meus dias (há melhor argumento?).

Na prática, há por vezes desencontros de opiniões sobre um ou outro aspeto de educação ou na forma de nos relacionarmos com o bebé, em que nós pais temos opiniões específicas baseadas naquilo que vamos aprendendo e que estamos a tentar aplicar (não queremos que ele fique baralhado com as regras) ou fruto da experiência que temos por naturalmente conhecermos melhor o nosso filho. Quanto mais segura me sinto como mãe e mais consciência tenho das necessidades do nosso bebé, porque passo a maior parte do tempo com ele, mais facilidade tenho em chegar-me à frente e resolver, com ajuda de uma boa gargalhada, às vezes, estas pequenas questões tentando transmitir-lhes as manias dele - e as minhas - de fase para fase, partilhando as nossas preocupações e aproveitando todos os momentos em que posso deixá-lo com os avós para fazê-lo, para que todos possamos adorar este bebé querido, conscientes que nós somos os pais, eles os avós e cada um tem o seu papel fundamental.

Por tudo isto, e porque assumo que o meu feitio pode ser muito crítico, mas sei que sou tendencialmente conciliadora e que tenho a sorte de estar a lidar com avós amorosos e cheios de boa vontade, acho que temos conseguido chegar a bom porto e que temos sabido gerir estas pequenas diferenças. Decidi por isso aventurar-me e convidar a minha sogra para escrevermos juntas uma série de dicas de boa convivência de noras e sogras no que respeita aos filhos/netos, um guia prático que para nós será muito útil e espero que também possa servir a tantas tantas amigas, quase todas, que se sentem e ressentem com estas questões. Em breve partilharei aqui os frutos desse trabalho conjunto. O desafio está lançado!

sábado, junho 27

Mãe bulldozer



A maternidade está associada a imagens ternas, gestos suaves e sons delicodoces mas dou por mim todos os dias a sentir que o retrato não está completo. Além dessa parte fofinha, que esta lá, claro, encontrei escondido em mim um autêntico bulldozer que abre e fecha um carrinho 10 vezes por dia e o atira para dentro da mala do carro, que carrega um bebé de quase 10 kg num braço, enquanto transporta diversos objetos no outro, que abre portas pesadas para deixar passar o dito carrinho, a criança e vários sacos de compras do supermercado, que aprende que há partes do corpo, nomeadamente traseiras, que servem para empurrar variadíssimas coisas. Mãe de alma e corpo inteiros portanto. 

Imagem: Nick Veasey

quinta-feira, junho 25

Restaurante baby friendly #1: Búzio, Praia das Maçãs




No fim-de-semana passado rumámos a Sintra, cheios de vontade de algum tempo de qualidade a três para carregar baterias, algo que não tem sido fácil nos últimos tempos cá por casa. Precisamos mesmo muito de férias e de desligar muitos cabos.

Acabámos num restaurante a que o pai já tinha ido com um cliente do escritório, o Búzio, na Praia das Maçãs. Não ia com expetativas nenhumas, eu que ando sempre em cima da Time Out e afins, e sou bastante crítica com os sítios que escolhemos. Não sei se foi a descontração ou não, mas acabou por se revelar a escolha perfeita para toda a família.

Começámos logo por ter de dar o almoço ao Henrique. Havia espaço para o carrinho entre as mesas, cadeirinha para colocar na mesa e, apesar do restaurante estar cheio, é suficientemente espaçoso para não ter demasiado barulho. Aqueceram a sopa dele, trituraram manga e reservaram o resto para nós, tudo na maior das simpatias, rapidez e atenção. No fim, o pai pôde mudar-lhe a fralda porque o trocador estava fora da casa de banho das mulheres - há pormenores tão simples que fazem a diferença!

Só trouxeram as ostras que tínhamos pedido no momento exato em que ele acabou. Raros são os restaurantes que, não sendo de luxo, conseguem ter a sensibilidade para conseguir os timings perfeitos. Acabámos por comer a fruta da época, umas sardinhas, as melhores da temporada, até agora, e para sobremesa, um leite creme divinal, um dos melhores que já comi na vida. Não é barato (cerca de € 50 os dois mas as entradas e saídas encareceram, a dose de sardinhas era €10) mas depois da experiência atribulada, barulhenta e impessoal da Adega das Gravatas do fim-de-semana anterior, a simpatia e qualidade deste Búzio fizeram com que ganhasse um espaço especial nos nossos roteiros. Recomendo.

Imagem: BestTables

quarta-feira, junho 24

Adoro os dias banais

Adoro os dias em que conseguimos esquecer-nos que temos isto e aquilo para fazer, ou que estamos a dever um encontro a este e aqueloutro. Adoro simplesmente os dias em que há fraldas para mudar, refeições para cozinhar, casa para limpar, máquinas de roupa para fazer, passeios normais no parque ao final do dia, família que aparece, idas banais ao supermercado e marido querido para adorar naquelas horinhas em que o mini está a dormir, enquanto vemos programas de televisão desinteressantes calmamente, sem estar à procura do filme perfeito para emoldurar a noite. Tudo banal, com muito mimo pelo meio, mas sem calendários. Tudo isso é especial porque é raro.

terça-feira, junho 23

5 mitos sobre as mães-que-ficam-em-casa (sobre a minha vida)



1. Deves ter imenso tempo agora
Eu também dizia isto antes de ter filhos, mas acreditem que encavalitar todos os cuidados e estímulos que uma criança precisa, e sobretudo os mimos que lhe queremos dar, já que optei por ficar em casa para isso mesmo, ocupa cerca de 90% do meu dia útil. No resto do tempo, ou estou a cair de cansaço, ou estou a tentar ser dona da casa, mulher cúmplice, filha, neta, nora, cunhada prestimosa, amiga presente, uma espécie de blogger principiante, e ainda a tentar manter-me atualizada na minha área profissional, entre todas as coisas de que gosto e preciso de fazer para me sentir inteira. Nada disto faz de mim uma pessoa cheia de tempo propriamente. Tento é ter prioridades, como toda a gente.

2. Cansas-te de não falar com pessoas
Quando se está em casa com um bebé querido somos o alvo preferido dos tempos livres dos avós e dos amigos, o que é verdadeiramente maravilhoso, por isso falo mesmo com muitas pessoas. Além disso, saio sempre de manhã e à tarde e o meu bairro mais parece uma aldeia. É a D. Dulce das frutas e legumes, a D. Teresa do peixe, a menina da caixa do supermercado que já nos conhece, a porteira, os vizinhos...

3. Agora a tua profissão é ser mãe
Eu gosto muito de ser mãe, de tratar da casa e de arrumar como ninguém aqueles assuntos chatos como ligar para a EDP, resolver chatices na loja do cidadão, aniquilar o bicho da madeira cá de casa, de cozinhar, mas nenhuma dessas funções é a minha profissão. Conto ter dois, três filhos e não sei vou ficar com todos eles em casa. Vou ficar enquanto puder, enquanto sentir que está certo e tivermos condições financeiras para tal ou enquanto não surgir uma oportunidade profissional mais aliciante. A minha profissão passa pela comunicação, assessoria de imprensa, produção de conteúdos para web. São dois mundos diferentes e cada um tem o seu lugar na minha vida, sendo que os meus filhos terão sempre o lugar principal, mas adoro desafios e estou sempre atenta a todas as ofertas dentro da minha área, faço inclusive, sempre que posso, alguns trabalhos em regime de freelancer. Quando tiver de deixá-lo na creche assim farei, sem remorsos. Tenho a certeza que ele será muito feliz se souber que eu também o estou.

4. Deve ser tão aborrecido 
Acreditem que me divirto muito mais com o Henrique, do que com muitas pessoas com quem me tenho cruzado... Tenho imensas saudades da boa disposição da equipa com quem trabalhava, de entrar na sala de manhã e de começar logo o dia com umas gargalhadas, mas não só esta foi a minha escolha por agora, como realmente é hilariante dar gargalhadas consecutivas com um bebé que puxa continuamente pela nossa imaginação e para quem somos uma parte considerável do seu mundo. Não olho definitivamente para o relógio, como se faz em muitos empregos...

5. Deves sentir-te tão presa
É verdade que a maioria dos meus dias são ao serviço das rotinas dele, mas tenho a sorte de ter um bebé bastante bem comportado e consigo levá-lo para imensos sítios, combinar programas de amigas e até reuniões com ele. Os avós ainda trabalham e dois deles vivem em Coimbra, por isso não tenho ninguém que fique com ele dias inteiros, mas tanto eles como as tias, e até amigos nossos, se disponibilizam e fazem babysitting regularmente para podermos ter vida social, para eu poder ir ao médico ou tratar de um ou outro assunto a que não o posso levar. Claramente não penso, ai que chatice que tenho aqui este pequeno estorvo que não me deixa fazer nenhum. Na maior parte das vezes é mesmo - que maravilha de vida é esta, a quem é que posso agradecer esta sorte gigante?

segunda-feira, junho 22

Dias felizes: adeus diabetes, olá bom colesterol

Eu sabia que a história da diabetes gestacional geralmente se extinguia realmente no próprio fim da gravidez, como o nome indica, mas precisava de ver no papel os resultados aos primeiros exames de rotina para ter a felicidade de saber que não preciso de voltar a picar-me e que a minha vida não vai voltar a ser aquele inferno de contas e de comida a mais e a menos por obrigação. E ainda tive outro bónus: o meu colesterol está dentro dos parâmetros! Vou só ali dançar loucamente com o Henriquinho para comemorar: