quinta-feira, agosto 27

Dormir juntinho a ele, um desejo impossível


Nas noites em que ficamos só os dois em casa, o mini e eu, fico com uma vontade louca de o trazer para o pé de mim e de dormir com ele. Ter aquela coisa boa, com cheirinho a bebé do banho recém tomado, a respirar tão suavemente ao meu lado é uma verdadeira guloseima. Quando era mais bebé, chegámos a dormir assim com ele nas manhãs de fim-de-semana e era uma verdadeira delícia. Na verdade acho que não dormia, ficava só a apreciar a nossa obra de arte... 

Nesta fase mexediça em que está seria, infelizmente, demasiado perigoso. Agora não conseguiria mesmo dormir sossegada com medo que ele caísse da cama, mas fico completamente derretida a vê-lo dormir no berço nas suas posições estapafúrdias e a sonhar com o dia em que possa cumprir esse desejo, só uma vez de vez quando como me lembro de fazer com a minha avó... Memórias tão doces essas de expulsar o meu avô (dizia na minha inocência que "os avós já não namoravam por isso não precisavam de dormir sempre juntos!" - o riso da família materna toda, ainda hoje) e de adormecer com a história do coelhinho das couves. Não importava que fosse a mesma, o sabor de adormecer assim embalada pelas palavras e pela sua voz é inesquecível. 

Não



No domingo rimo-nos à socapa quando percebemos que ele já sabe o que é um "não". Quando se aproxima de algo mais perigoso, redireciono-o e digo-lhe que aquilo não é para ele. Para grande espanto nosso, nesse dia ia direito à mesa da televisão e eu disse-lhe "não, Henrique" e ele recuou, olhou para mim e foi para outro lado. Voltou a tentar e foi exatamente a mesma cena. É muito interessante para nós, que somos pais pela primeira vez, ver como é realmente possível educá-los desde cedo e como as nossas ações têm influência no comportamento deles. Parece básico, mas não deixa de ser surpreendente assistir ao crescimento de um filho como um espectáculo digno de pasmo.

terça-feira, agosto 25

Amour


Quando o mini adormece cedo e conseguimos jantar a horas, uma das coisas que mais gostamos é de ver um filme. É dos poucos programas a dois que não mudam, porque temos a sorte de ter um bebé querido que nos dá quase sempre noites óptimas. Também adoramos ir ao cinema mas acho que só fomos uma ou duas vezes desde que ele nasceu. 

Esta semana não nos apetecia ver nenhuma americanice, e conseguimos ver finalmente o Amour do Michael Haneke. Para quem não viu, o filme retrata a degradação do membro feminino de um casal e a dedicação do marido até ao derradeiro fim. A história tem tudo para ser de chorar de uma ponta à outra, mas a beleza do relacionamento entre os dois na dignidade com que mantêm velhas rotinas, na forma como preservam algum pudor, nos interesses como a música que preservam e os animam, mesmo durante a doença dela, tornam o filme tão natural que acaba por ser um murro no estômago a seco, sem lágrimas. Pouco conversámos sobre o filme, mantivemo-nos acordados e presos à televisão nos momentos mais silenciosos e difíceis e sinto que fomos dormir aconchegados por nos termos também um ao outro. Muito temos para caminhar até lá mas acho que estamos no bom caminho. 

Dilemas de mãe #6


Como é que não se perde peso a andar atrás deles o dia inteiro se chegamos ao fim do dia mortas, com vontade de ir dormir imediatamente depois deles ferrarem no sono? Com tanto passeio no bairro, a carregar muitas vezes compras pesadas, com tanto embalo de mais de 9kg, com tanta arrumação, esfregar de bolsado aqui e acolá, varrer bolachas esmigalhadas, dar banho agachada a controlar mil pinotes dentro de água... Como!? Para mim é um mistério... É que nem tempo para comer tenho! Vou acabando o iogurte dele, comendo uma bolacha Maria quando ele também come, atirando meia dúzia de amêndoas torradas para a boca para não desfalecer a meio da manhã... Nada assim tão dramático que justifique estar com mais 7/8 kg acima do desejado. 

sábado, agosto 22

Vício bom

Naquela cara irresistível de estranheza/surpresa que ele faz quando experimenta algo novo. Tento que isso aconteça de 3 em 3 dias (o prazo mínimo para testar se um bebé é alérgico a um novo alimento). Quando não é um novo alimento é a forma como o apresento. Não gosta de melão triturado, por exemplo, mas adora roer um bocado maior que lhe foi com a mão. Nem tampouco de uvas à colher, gosta que lhe parta aos pedacinhos e que lhe vá dando também entre os meus dedos à boca dele. Os olhinhos dele brilham de felicidade de poder provar o que me vê a comer. O prazer da (boa) comida aprende-se de pequenino e a educação também passa por aqui. 

quarta-feira, agosto 19

De mãe para mãe grávida


Gosto de saborear cada fase e mesmo de aprender mesmo com aquelas que não quero lembrar mas ontem, depois de ter estado com uma amiga que está à espera de bebé e que tem as mesmíssimas dúvidas que eu tinha há um ano atrás, fiquei sem vontade nenhuma de estar a viver aqueles momentos de ansiedade agarrada a listas de maternidade, a ter pesadelos com o parto, sem saber exatamente se ia ser capaz de ser mãe. Claro que vou passar por muito disto outra vez quando estiver grávida novamente, e que ainda estou a descobrir tudo sobre ser mãe, mas já não será a mesma coisa nesta espera, já não terei tantas dúvidas como da primeira vez. 

O que mais gostava de emprestar a esta amiga, além de roupinhas bonitas e afins, era a certeza que este grande amor nos dá ferramentas mais que suficientes para enfrentar qualquer logística. O que é bom, nesta perspetiva de quem já passou por essa fase, é que afinal não teríamos precisado de ir à loja Y para comprar uma touca XPTO para a maternidade, ou duas "porque eles pedem", de comprar horríveis cuecas descartáveis para a maternidade porque as de algodão dão perfeitamente, de comprar muitos folhinhos, porque o que interessa é mesmo ter os básicos todos à mão, sem floreados, para aproveitar aquela maravilha que de repente nos cai no colo. Também não são precisas fraldas de marca durante meses a fio (as de marca branca até têm menos químicos e fazem exatamente o mesmo), cadeiras da papa que só servem aos 6 meses, pinturas no quarto de que ele só vai usufruir realmente muito depois, cortinados e afins, mas eu sei que queremos dar o melhor ao nosso bebé e que toda esta correria de tratar, comprar tudo quase até ao promeiro ano de idade, pintar, arrumar e até polir rodapés (eu!) ajuda a acalmar os nervos e faz o tempo andar mais depressa. 

Corro o risco de querer ser prática demais, mas das poucas coisas que eu sei que posso verdadeiramente fazer por ela, depois da experiência demasiado intensa de visitas que tive em casa, é ser prestável e invisível. Já a alertei que só irei vê-la quando me pedir expressamente e irei munida de comida para ela e para o pai, além de tudo o que me pedirem. Sei que vou olhar para ela, antes mesmo de ver o bebé, e dizer-lhe que vai ser uma grande mãe e que já está a dar lindamente conta do recado. Não farei sala e tentarei não sair sem pôr a roupa a lavar e dar um jeito na cozinha. Depois dos empréstimos, que tanto jeito dão, tenho a certeza que na maior amizade está também o espaço que se dá aos pais quando nasce um filho. A experiência afinal conta mesmo para alguma coisa. 

A fotografia é literalmente de há um ano atrás ;)

Querido, quero mudar a casa toda



As férias foram tão boas que me deram imensa energia para arrumar a vida. O facto de saber que, quando começarem os dias mais frios e chuvosos vou perder alguma mobilidade, também me incentiva a querer organizar imensa coisa que envolve andar a fazer voltinhas de carro para aqui e acolá.

Além das corridas que andamos a fazer, separados infelizmente, para alguém ficar com o Henrique, andamos a tratar de imensa coisa cá em casa. Na lista de prioridades está a revisão e alguns arranjos estéticos ao meu Smart, que queremos vender por motivos óbvios, mas também comprar uma cama nova para nós, porque precisamos de melhorar a qualidade do nosso sono e pensar um bocadinho mais no nosso conforto que tem ficado sempre relegado para segundo plano, e ainda uma estante mais segura para a sala para substituir a nossa linda da Altamira (na fotografia), que era dos meus avós mas que, infelizmente, é um verdadeiro perigo para o mini. Queremos também calafetar as portas da rua, para não termos outra conta de eletricidade de 650€ no final do próximo inverno, pendurar uma série de quadros, voltar a organizar o quarto do Henrique para o tornar mais apropriado a um bebé quase andante e tenho também estado a organizar as roupas todas dele e uma série de coisas que quero emprestar a uma das minhas melhores amigas que está grávida. Pelo meio, ainda andamos a pôr as nossas consultas médicas de rotina em dia.

Há tanto para organizar, medir, refletir e tantas contas para fazer no meio disto tudo... mas, na verdade, não estou minimamente cansada destas tarefas! Adoro que estejamos os dois sintonizados no bem-estar da nossa família. Acho que é meio caminho andado para o trabalho dele correr melhor, porque quando chega a casa consegue desligar mais, e o Henriquinho também não precisa de se sentir sempre o centro das atenções. Ao contrário do que se possa pensar, acho que eles gostam muito de nos acompanhar nas atividades de crescidos e de não estarmos sempre em cima deles. E o IKEA, por exemplo, é um belo salão de jogos... demos por nós a dançar com ele na zona dos colchões, e ele fica interessadíssimo a ver todas aquelas coisas novas. Fiquei cheia de vontade de voltar lá, sobretudo num dia de mau tempo, para ficar a brincar com ele na zona dos miúdos, onde há brinquedos diferentes dos de casa, tendas, quartos coloridos... Que felicidade poder focar-me nesta alegria do dia-a-dia, nas coisas simples.