quinta-feira, julho 9

Desafio Noras/Sogras - Quando nasce uma mãe, nasce também uma avó

A minha sogra e eu juntámo-nos e chegámos a consenso. Criámos juntas 10 regras para as noras e 10 para as sogras que, não sendo obviamente universais, tocam em muitos pontos que nos parecem sensíveis nesta relação que, apesar de parecer mesmo um cliché, fica realmente mais tensa com o nascimento de um bebé, sobretudo se for primeiro filho e primeiro neto, como foi o nosso caso.

A ideia não é assim cobrirmos todos os problemas que existem entre noras e sogras ou passarmos a ser ambas perfeitas, porque todas temos dias menos bons e isso da perfeição não existe, mas mostrar que é normal haver dificuldades nesta relação - muitas vezes até é com as mães, e não com as sogras - e que é possível com respeito, diálogo e espaço chegar-se a um estado confortável em que partilhamos os seres mais importantes das nossas vidas sem desconfianças e com menos tensões.

As nossas fontes foram a nossa própria experiência, à qual juntámos alguns contributos de amigos e a preciosa ajuda das mães do grupo do Facebook 4Mom's, onde partilhei a vontade de fazer este desafio, recebendo o testemunho de várias mães. A todos, mas sobretudo à minha sogra, obrigada.





Sogras

1) Respeite o espaço do casal - não faça visitas sem perguntar primeiro, em especial nas horas de sono do bebé, bata sempre à porta antes de entrar no quarto, saiba entender sinais naturais como uma chamada sem resposta ou uma porta fechada. Não marque qualquer tipo de compromisso, familiar ou com amigos, focado nos seus netos, sem consultar primeiro o seu filho e nora.

2) Depois do nascimento de um bebé, quer seja o primeiro ou o quinto, os pais, e sobretudo as mães, precisam de tempo para "lamber as suas crias" e reencontrar os ritmos da família. Aceite naturalmente que nesses dois ou três primeiros meses, a maior ajuda que poderá dar é estando por curtos períodos de tempo com o bebé, levando comida feita, ajudando nas tarefas domésticas. Se a ansiedade não se apoderar de si, esse espaço será apreciado e rapidamente terá o seu como avó.

3) Evite por tudo tirar o bebé do colo da mãe. Depois de pedir para pegar nele, espere que o bebé lhe seja colocado por ela nos seus braços. Se a mãe precisar de ter o seu junto dela, respeitar o momento sem pressionar. Evite dizer que faz alguma coisa melhor que ela para justificar o pedido de colo.

4) Não exerça qualquer pressão sobre a amamentação com comentários sobre a qualidade do leite, peito da mãe, peso do bebé ou duração da mamada - este é um momento apenas de mãe e filho e deve ser vivido com toda a tranquilidade e longe de preocupações, salvo se lhe for pedida ajuda, que deverá dar respeitando toda a intimidade da mãe.

5) Sempre que sentir que não está a ser bem tratada ou respeitada no seu papel de avó, fale diretamente com a sua nora e numa conversa calma mostre-lhe o quão importante é para si estar com os seus netos, que entende e respeita as regras nas quais a sua nora e o filho querem educar os seus próprios filhos e que sabe que ela é uma excelente mãe. Não faça queixas ao seu filho, isso poderia prejudicar o casal e certamente quer ver o seu filho feliz e ter mais netos.

6) Respeite as regras dos pais no que toca a educação da criança, em particular em questões sensíveis como reação a birras, alimentação, sonos, saúde, tempos e programas de televisão e outros dispositivos semelhantes e nunca interfira nos castigos. Ensine os seus netos a respeitar as regras dos pais mesmo em sua casa, isso promoverá a união familiar e uma melhor educação das crianças. (Se tiver vários netos de vários filhos diferentes, não se esqueça que as indicações de cada um podem ser diferentes e, apesar de poder ser confuso, devem ser respeitadas na mesma).

7) Não dê contraordens à ama ou educadora dos seus netos nem tente tirar informações, são os pais que devem construir essa relação. Aparecer neste contexto sem avisar também pode ser mal interpretado.

8) Comporte-se de forma igual com o seu neto, quer esteja só na presença do seu filho ou na presença da sua nora e evite comentários sobre o seu estilo de vida, afinal o seu filho, apesar de continuar a amar os pais, escolheu-a para partilhar a sua vida, quer goste ou não dela.

9) Não esteja sempre a culpabilizar os filhos pelo pouco tempo que passa com eles e com os seus netos. Tente "negociar" pelo menos um dia por semana em que esteja com eles e tudo o que venha por acréscimo é pura felicidade, nunca "de menos".

10) Quando estiver com os seus netos e surjam dúvidas sobre as regras impostas ou que surja alguma situação inesperada, telefone ou comunique com os pais. Eles irão apreciar e ficarão mais sossegados se souberem que o faz em vez de tentar resolver a situação sozinha.


Noras

1) Dê a oportunidade à avó de criar uma relação de proximidade e afeto com os netos, promovendo o contacto, se possível semanal, e envolvendo-a nas tarefas dos seus filhos regularmente. Assista com prazer aos momentos de cumplicidade e amor entre os seus filhos e os avós, deixando-os ter o seu espaço próprio sempre que possível.

2) Ensine os ritmos e preferências do bebé e/ou criança, relembrando-os sempre que necessário de uma forma calma, evitando qualquer tipo de confronto, sobretudo quando os seus filhos forem mais velhos e já perceberem a situação mas lembre-se que, desde muito cedo, um bebé percebe as tensões e que vai ser atingido caso haja um mau relacionamento. As regras que estabelecer com a sua sogra devem ser as mesmas para a sua mãe.

3) Dê espaço à sua sogra para que ela, se assim o desejar, possa fazer tarefas rotineiras do bebé como dar um biberon ou a comida, mudar uma fralda, vesti-los... Mesmo que não seja feito exatamente como gostaria, na prática isso terá pouca importância face ao prazer que dará à sua sogra. Terá todo o tempo para fazer estas coisas no dia-a-dia à sua maneira. Se não se sente confortável com algum pormenor, acompanhe a tarefa e vá orientando calmamente.

4) Sempre que se sentir mais irritada, lembre-se que ama o seu marido, que ele foi educado pelos seus sogros e que estes têm esse mérito. Lembre-se também o quão triste ele ficaria de ver as pessoas que mais ama zangadas.

5) Elogie a sua sogra sempre que fizer sentido, diga-lhe as coisas boas que sabe que sabe que o seu marido aprendeu com ela e como gostaria de ser tão boa mãe.

6) Nem os pais nem os avós querem que os seus filhos ou netos se magoem. Se por acaso isso acontecer durante a estadia com os seus sogros tente perceber a situação mas nunca os culpe diante das crianças. Se alguma situação mais perigosa puder ser evitada, poderá dizer-lhes em privado.

7) Já viu que a sua sogra trata bem dos netos, sabe que ela respeita as suas regras, dê-lhe esse prazer e deixe-os com ela. Aproveite o momento para fazer coisas que goste como estar com os seus amigos ou jantar tranquilamente com o seu marido. Quando for buscá-los, agradeça-lhe e tente saber como foi o tempo que passaram juntos mas fique sobretudo contente com o sorriso dos seus filhos.

8) Sempre que possível fale diretamente com a sua sogra. Se não se sentir com coragem ou estiver mais fragilizada, peça ao seu marido mas não faça disso uma regra. O seu companheiro irá apreciar a maturidade demonstrada por saber resolver as suas próprias divergências diretamente com a sua mãe e a sua sogra também se sentirá mais próxima de si e entenderá melhor os seus problemas de viva voz.

9) Se os avós são o seu apoio fundamental e são eles que cuidam habitualmente dos netos enquanto trabalha, evite sobrecarregá-los também aos fins-de-semana. O espaço funciona para ambas as partes.

10) Ensine os seus filhos a respeitar os avós da mesma forma que respeita os pais, nunca diga mal deles e mostre-lhes, à medida que eles forem ficando mais velhos, como podem ajudá-los com tarefas simples como apanhar ou alcançar objetos, carregando alguns pesos, lendo-lhes um jornal ou revista, fazendo-lhes simplesmente companhia pedindo-lhes que contem as histórias das suas vidas. Lembre-se das suas próprias memórias com os seus avós e mostre aos seus filhos como essa relação é um tesouro precioso nas suas vidas.


terça-feira, julho 7

Interregno para reflexão

A minha sogra querida e eu andamos a apurar as regras do nosso desafio nora/sogra e temos o nosso fumo branco quase a sair pela chaminé, para podermos lançar ao mundo as nossas conclusões. Não é fácil vermos preto no branco as coisas que nos foram difíceis ultrapassar, gera obviamente muitas interrogações sobre o que sentiu e sente de parte a parte, e ganhamos também novo fôlego para todas as dificuldades que ainda temos pela frente, mas só vos digo: tenho uma Senhora sogra corajosa. Casei com um homem bom, ganhei uma família mesmo boa também. E este blogue tem-me saído melhor que terapia familiar.

domingo, julho 5

"Este blogue é sobre os Dias da Mãe, mas também poderia ser sobre os Dias do Pai"



Ontem foi dia de nos encontrarmos com a Sara Marques, uma jovem jornalista da geração escreve-fotografa-filma-edita cheia de vontade de vencer, que precisava de material de trabalho e se lembrou de mim, mãe-a-dias com um blogue recente. Tivemos uma conversa muito simpática e descontraída em que eu, um bocadinho franzida pelo sol e igual a mim mesma num "dia de trabalho", expliquei quem sou, porque escolhi este estilo de vida, se sempre sonhei com a maternidade e de onde partiu a ideia de escrever sobre Os Dias da Mãe. Em breve publico aqui o vídeo para ficarem a conhecer-me um bocadinho melhor.

Quantas atividades cabem em 2h30 de uma manhã de domingo?

07.30 Chora. Salto da cama. Ponho chucha. Lavo as mãos e dignifico-me minimamente. Vou fazer biberon. Tiro da cama e dou abraços e beijinhos de bom dia. Dou biberon. Brinco com ele. Mudo fralda. Tiro pijama sujo e ponho body. Como enquanto brinca. Quer o meu pão e iogurte, dou côdea para roer e um bocadinho do meu iogurte. Tiro loiça da máquina e volto a lavar a que não ficou bem limpa. Ponho loiça suja. Canto. Vou apanhando brinquedos e lavando para voltar a dar. Ponho água a ferver para cozer frango. Distribuo sopa que ainda estava na panela por frascos. Descasco pêssego, pico e ponho em frasco para o almoço. Encho de ar almofada da cadeira da papa que já estava mole. Varro o chão das migalhas que ele fez. Ponho-o na espreguiçadeira a brincar. Tomo banho, maquilho-me e visto-me. Sento-o no chão a brincar. Descoso e coso novamente botões das jardineiras para ficarem maiores. Chora porque deu com um boneco na cara. Consolo. Volto a mudar a fralda. Ponho-o na cama para descansar um bocadinho, já está rabugento de sono. Desosso o frango e ponho a arrefecer. Faço máquina de roupa. Volto ao quarto várias vezes para pôr a chucha. Não dorme mas está podre. Chora. Embalo uma vez. O meu menino é d'oiro, é d'oiro o meu menino. Ponho no berço. Chora. Volto a embalar. Ponho na cama. Dorme. Escrevo um post e descanso por uns minutos.

Este post é um exercício sobre mim só por acaso. Não quero com ele vangloriar-me do que faço ou do que deixo de fazer. O pai acordou três vezes durante a noite e eu não, por isso não entrou nestas atividades matinais. Tenho a certeza que cabem muito mais tarefas na agenda de pais de dois, três, quatro, cinco ou mais filhos. Desejo-vos um dia tão feliz como o nosso.


sábado, julho 4

A minha mãe é mais textos



Eu bem peço que me tirem fotografias com ele, mas não é fácil consegui-las. Somos mais de viver do que de registar por aqui. São tão poucas que isso me entristece um bocadinho porque adoro ver as fotografias que tenho com a minha mãe . Vou continuar a batalhar por momentos destes, que isso das selfies não é bem a mesma coisa...

sexta-feira, julho 3

Irritações

Semana de exaustão, rotinas de descanso nem sempre cumpridas, muitas birras pelo meio, adaptação a uma nova fase do Henrique mais mexediça, com agenda pontuada por vários programas óptimos mas intensos. Nada de novo, a vida não é perfeita para ninguém mas não precisamos de nos conformar com isso ou de falar só das coisas boas. O que me chateia é nem sempre sentir que me posso queixar como qualquer pessoa que trabalha e chega a sexta-feira exausta, a maldizer o patrão e a precisar de um copo, sem que venham questionar a minha escolha de ficar em casa e de ter filhos. (Prefiro mil vezes este cansaço e não preciso de andar sempre a repetir que esta é a vida que escolhi e que não a trocava por nada neste preciso momento.) 

Nada que um bom copo de vinho branco, peixe fresquissimo grelhado e morangos aromáticos, comprados no mercado esta manhã, e uns quadradinhos de chocolate, a dois, não tenham resolvido.  

quinta-feira, julho 2

Oito


Eu podia gostar de ti para sempre sem que me desses nadinha em troca. Os primeiros meses, só os três, foram um bocadinho duros com todas aquelas cólicas do demónio, alguma dificuldade em adormecer-te e, apesar de te teres tornado um santo bebé que dorme noites quase inteirinhas e come tudo o que lhe puserem à frente, lá vais fazendo a tua birrinha diária de demarcação de território. Estamos cá para te mostrar quem manda ainda durante uns bons anos, para cuidar de ti e para te amar. Quiseste primeiro retribuir-nos com um sorriso, depois gargalhaste connosco, comes as nossas bochechas com baba, já pões os bracinhos à volta do nosso pescoço e este mês deste-me a mim o maior presente de todos: gritaste mamã, não uma mas muitas vezes. O que é que eu poderia querer mais? Nadinha de nada.

Mas não, além disso, ainda passaste a mostrar a toda a gente que me queres a mim, à tua mãezinha. Estendes-me os braços quando estás farto do mundo, choras desalmadamente, como se fosse emigrar, quando saio do teu quarto, nunca apreciaste tanto adormecer no meu colo como agora, deliras que vá no carro a dar-te a mão e a fazer-te festinhas e ficas louco quando te dou beijinhos nos sinais vermelhos. Já estás maior mas afinal parece que até gostas de ser pequenino outra vez, que gostas de ser o menino dos papás. Para mim, foi o melhor mês de sempre (não tinha sido o anterior afinal?), a consagração. E podia parar por aqui mas aconteceram muito mais coisas:

...Já gatinhas, mas só para trás! Adoras enfiar-te debaixo de cadeiras, mesas... chegas onde queres a rebolar, mas para a frente ficas ali indeciso a abanar-te, sem saber pôr um joelho à frente do outro. Parece que vais arrancar a todo o momento, falta só um bocadinho para perceberes melhor essa dinâmica.

...Começaste a dizer adeus com a mão e pareces felicíssimo com a proeza.

...Deixaste de ter medo da guitarra do papá e passámos a incluí-la nas nossas brincadeiras, adoras dedilhar e bater na madeira.

...As idas à piscina inundaram os nossos domingos de manhã de felicidade (pena que pare no verão mas iremos de férias para a praia em breve para te exercitares). O pai regalou-se a chapinhar contigo no meio dos outros pais e bebés, foi maravilhoso ver-vos ganhar essa confiança um no outro. Também experimentei uma vez e adorei todo o teu à vontade na água, não tens medo nenhum.

...Aproveitando a deixa ele passou a dar-te duche de manhã, para aproveitarem todos os minutos que ele tem contigo em casa. Gosto do à vontade que já ganharam os dois nesta tarefa de perícia.

...Agora já não estranhas nenhum dos teus avós ou tias, chegas e arrasas os corações todos com os teus arrulhos de pombo e turras. Ninguém aguenta tamanha paixão de bebé.

Estás um menino às direitas. Se soubesse o quanto era bom ter filhos, já teria começado há mais tempo, mas depois penso que, se assim fosse, provavelmente não existirias tu e por isso está tudo muito bem assim contigo, neste tempo tão certo que é o teu e o nosso.