quarta-feira, julho 29

Resoluções de férias (ou não): aumentar a família

Passar férias com um filho pequeno não é necessariamente estar de papo para o ar com imenso tempo para pensar - não mesmo - mas a divisão de tarefas com o mini, as idas à praia e a outros sítios que nos inspiram e nos deixam relaxados e mais conversas a dois fazem-nos ter aquela sensação de final de ano e de vontade de começar novos projetos. Já me vieram dois ou três à cabeça mas inevitavelmente aquele que mudará mais a minha vida será o segundo filho. Como decidi tirar uns anos para ter os filhos todos seguidos, a decisão não tardará mas, enquanto andamos aqui a ganhar coragem, dei por mim a fazer listinhas sobre as vantagens e desvantagens de ter filhos com idades próximas:

O bom
1. Brincadeiras parecidas, maior proximidade de interesses e eventualmente maior cumplicidade entre  os filhos  
2. Bloco familiar mais fácil de gerir no futuro - se um tiver 10 anos e quiser ir ao cinema, é chato ainda ter um bebé de dois que não pode ir...
3. Os mesmos livros escolares
4. Fraldas e afins em modo concentrado - não dá tempo para nos esquecermos como se lida com um bebé, basta mantermo-nos atualizados 

O menos bom
1. Desgaste maior meu e do pai a curto prazo 
2. Possibilidade dos filhos encobrirem mais os disparates uns dos outros sendo mais próximos 
3. Despesas maiores mais concentradas: creches, universidades, erasmus...
4. Maior dificuldade em distribuir os miúdos pelas ajudas quando saímos os dois, sobretudo quando pensamos em ir ao terceiro

Confesso que uma das coisas que mais me preocupam é a gravidez com um bebé tão mexido em casa, estar sempre no chão com ele, os pontapés, pegar-lhe ao colo para quase tudo... E os primeiros tempos de habituação de ter dois comigo, gerir a amamentação a um enquanto o outro tenta deitar tudo o que pode para o chão e põe as mãos em tudo o que não deve, saber o que faço a um enquanto adormeço o outro. Sei que é uma questão de prática e que depende muito dos bebés, mas é um desafio enorme que me assusta e muito. A questão de pôr o Henrique na creche quando o próximo nascer é uma forte possibilidade e ajudaria muito a gerir a situação, mas não quero que se sinta posto de parte ou preterido agora que já se habituou a estar comigo em casa, mas também sei que aos dois anos será uma óptima altura para deixá-lo ver mais mundo... São daquelas decisões muito pensadas e temidas mas que depois se tomam de um dia para o outro, como a mergulho que damos sem pensar, mesmo sabendo que a água está gelada... É preciso coragem! 

segunda-feira, julho 27

As primeiras férias a três (parte II): o que trouxemos (e voltaríamos a trazer)



Fazer malas para dois, era fácil. Para três ou a mais a logística é um bocadinho maior, mas ainda se faz sem grandes dramas. Na minha opinião, o melhor é tentarmos sempre visualizar as rotinas do bebé. Se ainda não anda é fundamental a espreguiçadeira. Se já gatinha ou começou a andar há pouco, como o nosso, a cama de viagem faz de parque e a cadeira da papa é essencial para controlá-lo, pelo menos à mesa. O resto depende muito da casa para onde se vai. Nós vimos há anos para o mesmo sítio e já sabemos que podemos contar com máquina da roupa, ferro e que está bem apetrechada em termos de utensílios de cozinha.

Este ano juntei assim alguns itens à nossa bagagem e o carro veio um bocadinho mais atulhado que o costume. O que não pode faltar para o mini, além da roupa que é quase tudo o que tem para esta idade:

- Cama de viagem da Chicco (é herdada e um bocadinho pesada, mas é bem sólida e fácil de montar)
- Cadeira da papa IKEA (tão fácil de desmontar e tão prática que já não sei viver sem ela)
- Varinha mágica e 1,2,3 para os purés de frutas e para a única sopa que fiz nas férias para ele (congelei e vou tirando para ir intervalando com as Blédina e afins, se viéssemos diretamente traria várias congeladas para evitar o trabalho, talvez para o ano...)
- Lancheira térmica pequenina e aquelas coisas que se põem no congelador a refrescar (nome?) para levarmos os iogurtes e a fruta dele para a praia
- Intercomunicadores
- Bóia para a piscina
- Banheira insuflável, que também serve de piscina no terraço
- Medicamentos e afins: Benuron, Fenistil, Vigantol, Mitosyl
- 2 mudas de cama e 2 toalhas de banho
- Saco com brinquedos de praia e saco de brinquedos para casa que inclui 1 ou 2 livros e mais alguns brinquedos na minha mala e no carro
- Biberons, caixinhas plásticas da Avent para a fruta da praia, babete plástico da papa
- 1er Gel Lavant da Uriage que dá para o corpo e cabelo (o champô deixamos em casa), creme Xémose da Uriage (super hidratante para a pele do mini recuperar devidamente das agressões da praia) e creme protetor fator 50 mineral da Avène
- 1 pacote de fraldas e 3 de toalhitas (foi preciso reforçar)

Além da nossa roupa e produtos de higiene, costumo também trazer:
- Esfregão da loiça (não dá jeito nenhum andar a comprar packs em férias e depois trazer tudo para cima)
- Detergente da loiça e roupa em doseadores mais pequenos (este ano o da roupa está a dar imenso jeito porque não há t-shirts limpas suficientes para as que um bebé suja, já fiz duas máquinas e assim também evito o excesso de trabalho quando regressar a casa - chamem-me louca mas prefiro assim) 
- Rolo de cozinha
- Kit com sal e especiarias em miniatura
- Kit de medicamentos (gosto sempre de ter uma pastilhinha ou um cremezinho para toda a maleita e bem jeito me dá)

O que me fez falta e devia ter trazido:
Kit de costura (o saco do chapéu da praia rompeu-se e é uma seca transportá-lo assim)

Se ainda estão para ir e a fazer malas, boas férias! 

domingo, julho 26

Os momentos que não fotografamos são os melhores

Não sou uma óptima fotógrafa, nem acho que deva andar sempre de telemóvel ou câmara em punho. Sou terrível a escolher filtros no Instagram. Por mais que tente partilhar em imagens fragmentos da minha vida, eles serão sempre apenas resquícios da essência dos meus dias, daquilo que realmente vejo com os meus olhos. Quando estou a viver momentos mesmo bons é quase um esforço lembrar-me que quero registar aquilo em fotografia, porque eu sei que o melhor vai mesmo ficar guardado dentro de mim. Também é por isso que adoro sessões fotográficas e me disponho a abrir a porta da minha casa e a mostrar-nos nas nossas imperfeições, ainda que seja difícil, porque de outra forma teria muito poucas fotografias em condições. Gosto tanto de arte que estudei a sua História na faculdade, mas sou incapaz de produzir algo artístico no domínio da imagem. Aqui encontram, por isso, muito mais textos do que fotografias, com o filtro do meu olhar sobre as coisas, com a rapidez ou a lentidão que a vida permite, com a peneira dos valores que os meus pais e o mundo me deram, com as gralhas de cansaço e da necessidade imediata de partilhar uma ideia. E por muito que estejamos num tempo em que se vêem muito mais imagens do que se lêem textos, espero que estes dias valham a pena porque, tal como não acredito que um artista passe a vida a pintar telas em branco, ou a procurar encontrar o brilho de um vidro, ou ainda o equilíbrio perfeito das cores, se não fosse por uma obcecada paixão e determinação, acreditem também que não insistiria em pôr esta minha família em primeiro lugar na minha vida e em falar sobre todos os detalhes que nela me despertam curiosidade, se não fosse pelos mesmos motivos.

sábado, julho 25

Dá vontade de engolir




Cada vez que olho para este miúdo, surpreendo-me sempre, não dá para "consumi-lo" e ficar satisfeita durante muito tempo, é sempre preciso olhar e beijar mais e mais. Basta afastar-me dois minutos e quando volto lá se renova o encantamento, é como se o visse pela primeira vez. Acho sempre que não há imagens que transmitam o suficiente o quanto ele é encantador aos nossos olhos em todas as suas expressões, gestos e sons. Também deve ser isto ser mãe.

sexta-feira, julho 24

Os três copinhos de leite



Quando era adolescente e até um bocadinho mais tarde, incomodavam-me sempre os comentários no regresso de férias sobre o meu tom de pele muito branco, perguntavam-me se tinha ido mesmo à praia, chamavam-me "bifa", entre outros mimos. E eu a rir lá ia aguentando aquilo, e fazendo um esforço para estar ao sol mais tempo, apesar de detestar o excesso de calor, chegando mesmo a tomar cápsulas potenciadoras do bronzeado e a usar cremes especiais, mas a minha melanina - ou a falta dela - simplesmente não colabora. Há meia dúzia de anos que deixei simplesmente de me preocupar com o bronze. Por mais que me protegesse com protetor 30, expor-me ao sol em demasia significava quase sempre escaldão num ou noutro interstício onde não tinha posto tão bem o creme e, não só era um inferno ficar às manchas, que por vezes se notavam todo o inverno, como sempre tive imenso medo das doenças de pele.

É por isso que, agora com o Henrique, não me incomoda nada que façamos praia só nas horas boas. Este ano os melhores amigos da nossa pele, já que somos os três uns copinhos de leite, têm sido, além da sombra, chapéus e óculos de sol, os protetores 50 da Avène - mineral para o mini, a conselho da pediatra. Não se pode dizer que seja a tarefa mais agradável besuntá-lo de ponta a ponta e espalhar bem para não ficar com aquele ar de fantasminha Casper, porque esperneia por todos os lados, mas pomos todos antes de sairmos de casa e ficamos muito mais descansados. É um investimento de tempo que compensa em menos chatices na praia (com areia à mistura este ritual ainda é mais complicado neles, e assim basta ir repondo aqui e acolá) e sem dúvida em saúde. Quanto aos comentários, hoje é para o lado que durmo melhor. Apesar de estar a léguas, adoro ver mulheres lindas e brancas como a Julianne Moore, Marion Cotillard, Anne Hathaway e sei que tenho muito mais possibilidades da minha pele envelhecer melhor.

terça-feira, julho 21

As primeiras férias a três (parte I): os ritmos de hoje e os de antigamente


A parentalidade é uma surpresa constante. Não só estamos sempre a lidar com um ser em transformação, como estamos permanentemente a ter de alterar e rever aquilo que já fazíamos antes dele chegar, férias incluídas. Chegámos no domingo ao final do dia ao mesmo sítio onde passamos as férias de Verão há anos, Tavira. Adaptação tem sido a palavra de ordem. Andamos a testar um plano estratégico que seja bom para todos, equilibrismo que geralmente pende mais para o que é bom para o minúsculo do que para nós, mas gostamos de o ver feliz e estamos conscientes que os primeiros anos  - de todos os filhos - são os mais difíceis (temos pelo menos aí uns seis anos disto, vá... com a dificuldade a crescer de ano para ano mas a experiência a aumentar).

Eis a comparação das nossas rotinas antes-H. e pós-H.:

O despertar
Antes: Acordar às 10h/10h30 sem pressas
Agora: Acordar às 07h sempre, ele não dá tréguas: aqui sou eu que asseguro o biberon, o pai acorda durante a noite para pôr a chucha enquanto eu finjo que estou morta (geralmente não oiço mesmo, salvo se estiver sozinha em casa com ele), despachamo-nos rápido porque ele está com a energia toda e não há quem o segure em casa sem se atirar a tudo o que é esquina

O dia
Antes: Praia das 11h até às 20h à sombra de uma palhota, com almoço leve levado de casa ou comprado no bar da praia
Agora: Praia das 08h às 10h/10h30 sem direito a palhota, porque não vale a pena pagar por espreguiçadeiras se vamos estar a brincar com ele na areia, e com chapéu de casa para podermos regular à vontade do freguês, arranjar um lugar fresco para o iogurte da manhã, metê-lo no carro e aproveitar a sesta dele num café da cidade para pôr a nossa leitura em dia, até ele acordar e começar a ficar demasiado impaciente. Almoço em casa seguido de sesta, geralmente para todos. Praia novamente das 17h30/18h às 20h.

O anoitecer
Antes: Chegar a casa da praia e desfrutar daquela sensação maravilhosa de tirar o sal da praia, pôr creme, secar o cabelo com secador e passar a placa de alisar, maquilhagem, perfume... e por fim sair para jantar fora e passeio na cidade, concertos ao ar livre, saltinho a Vilamoura ou a outra cidade mais movimentada se nos apetecesse.
Agora: Chegar a casa, pai toma banho a correr, eu passo-lhe o bebé para o duche, preparo-lhe roupa e visto-o mal sai, pai veste-se e dá-lhe jantar enquanto eu tomo banho num ápice com passagem rápida pelo secador e no máximo um bocadinho de rímel. Depois é metê-lo no carro e rezar para que adormeça ferrado (a praia ajuda) para podermos jantar sossegados e que só acorde lá para a sobremesa. Deitamos cedo para estarmos fresquinhos no dia seguinte.

Quanto mais interiorizado isto estiver e melhor aproveitarmos os tempos de descanso dele, melhor funciona para todos. Se há coisa que tenho aprendido, desde que estou em casa com o Henrique, é que contrariar o ritmo dos bebés só traz chatices, birras, dores de cabeça. Não vale a pena fingirmos que somos muito cool, muito relaxados para termos um bebé a chorar, infeliz, cheio de calor ou cheio de sono. É meio caminho andado para nós próprios termos uma crise de nervos porque nem aproveitamos o que queremos fazer, nem ele está bem.

Tivemos 10 anos para nós, agora é justo dar-lhes a eles o espaço dele(s), o tempo dele(s). Nós vamo-nos revezando para termos os nossos momentos  pedindo ajuda aos avós e tias para as saídas a dois, quando estamos em Lisboa ou em Coimbra. Rapidamente os filhos deixarão de querer vir de férias connosco e nessa altura voltaremos a ter a praia para nós, as palhotas, as espreguiçadeiras (mas morreremos de saudades destes tempos e vamos recordá-los de mojito na mão, tenho a certeza). Agora é deixar a onda passar e desfrutarmos com toda a alegria a maravilha que é acordar com um bebé feliz a palrar, brincar horas às forminhas com ele na areia, mostrar-lhe as gaivotas, as conchinhas, dar-lhe beijinhos quando está em modo croquete, ser o aconchego dos soninhos dele quando regressamos da praia...

A felicidade sem filtros