terça-feira, agosto 11

E as férias (dos outros) continuam

O verão tem sido generoso connosco. Estar em casa com o Henrique nesta altura do ano é muito menos monótono porque aproveitamos as férias dos avós, tias, primos e estamos muito mais acompanhados. Nos últimos dias fomos visitar os meus avós e ele foi mimado por toda a família, enquanto eu também matava saudades deles e da casa dos meus verões da infância. Aos fins-de-semana tentamos estar mais os três e com a família mais próxima e é raro poder estar assim. Não há nada como dormir em casa dos meus avós, sermos muitos a tomar o pequeno-almoço, beber o café fraquinho e delicioso da minha avó e comer aquelas torradas de pão a sério com manteiga, como quando tinha 10 anos. Fazer tudo isto com o Henrique é muito mais intenso, tenho menos tempo útil para conversar e para sentir verdadeiramente o descanso que dantes sentia só por estar no campo e haver pouco para fazer, mas também é reconfortante partilhar o nosso bebé e ver como todos se alegram à volta do primeiro bisneto. 

Cada vez me sinto menos parte dos netos e mais integrada junto dos adultos. Não que isso não acontecesse já há uns bons anos, sobretudo desde que trabalho (há mais ou menos 10 anos) mas parece que, quanto mais passo pelas provas mais duras da vida - e ter um filho é sem dúvida a experiência mais desafiante que vivi até hoje - mais confiante e crescida me sinto. Já não há tempo para dúvidas existenciais, birras de adolescente, vontade de estar noutro sítio. Agora é mesmo abraçar a felicidade de ter nascido nesta família, ainda que sejamos todos tão diferentes, e de termos a sorte de partilhar a mesma história.

No meio destas emoções, o Henrique consegue sempre surpreender-me no fator adaptação. Andamos a rodar de casa em casa quase de semana para semana e ele não parece estranhar assim tanto. Adorou o mimo e a atenção (acho que tem uma paixão pela minha avó que tem um jeitaço inato para crianças, é impressionante como rejuvenesce junto dele), delirou com os patinhos e com o jardim e também se sentiu à vontade para fazer algumas das suas melhores birras. Anda a delimitar terreno, sobretudo a hora da refeição mas, como está um pequeno texugo, não nos preocupamos nada se não comer tudo... Às vezes perde-se a paciência com esta fase em que nos foge para mudar a fralda, só quer aproximar-se das esquinas mais perigosas ou das fichas elétricas e, muitas vezes, ainda temos de dar uma ajuda para adormecer. Depois de um dia menos bom, lá vem um dia excelente em que está bem disposto e em que tudo funciona bem para me dar forças. E entretanto lá fazemos mais uma viagem para visitar os avós de Coimbra. 






sexta-feira, agosto 7

E o prémio de melhor descoberta das férias vai para... a praia da Fábrica

Eu não era a pessoa mais algarvia de sempre, nem sequer era muito de praia e tinha os preconceitos do costume  relativamente ao Algarve - praias lotadas, filas nos restaurantes, preços inflacionados, mas o marido querido deu-me a conhecer Tavira logo nos primeiros anos de namoro. Esta zona está longe desses infernos que descrevem. Claro que é sempre melhor ir em julho ou setembro, que em agosto, mas nada que não se faça.

Gostamos de variar entre as praias da Lota, Manta Rota, Verde, Barril... mas talvez a que gostássemos mais, até este verão, fosse a ilha de Tavira com o necessário e lindo passeio de barquinho pela ria Formosa, e porque é também a praia da infância dele...

Rapariga cheia de curiosidade que sou, quando ouvi falar que a revista Traveler, do grupo Condé Nast, tinha escolhido a praia da Fábrica, em Cacela Velha, como uma das melhores do mundo, convenci-o a irmos. Esta vilazinha amorosa já é paragem obrigatória há muitos verões para os nossos jantares. A Casa Velha é o nosso restaurante de eleição para comer choquinhos à algarvia, ostras, arroz de lingueirão entre outras iguarias e este ano não foi exceção. O Henrique deixou-nos jantar fora todos os dias, enquanto dormia no carrinho.

Lemos que o acesso a esta praia - e também à de Cacela Velha, que fica mesmo ao lado - é feito em barquinhos de pescadores junto ao restaurante Costa, também conhecido pelo arroz de lingueirão, nesta pequena localidade da Fábrica, por isso ficámos com medo que fosse algo precário, que não assegurasse as condições necessárias a um bebé. Mal chegámos sossegámos quando percebemos que há alguma organização nos barcos, há até uma tabela de preços (1€ para a Fábrica, 1,5€ para Cacela Velha) e horários com travessias até às 20h30, o que nos deixou bem mais descansados, mas também mostra que a procura ainda é alguma... Subido o barquinho a motor, faz-se a viagem de 2 ou 3 minutos para atravessar a ria e logo, logo está-se na praia, que é uma língua deslumbrante de areia, sem palhotas, música alta, nada de concessões, nem de bandeiras ou de nadador salvador, mas a água praticamente não mexe, não há grandes perigos...  Graças à escassez de lugares de estacionamento e do acesso condicionado pelos barcos, há quase uma linha única de chapéus em frente ao mar e, quem quiser andar mais, está sozinho. Foi aqui que o Henrique passou a gostar da água do mar, porque na maré baixa forma umas poças quentinhas perfeitas para os mais pequeninos brincarem. Depois de muito chapinhar, foi ao banho com o pai e gostou muito, a água também estava mais quente que nas restantes praias. Num dos dias até decidimos optar pela aventura de vir pela ria na maré baixa a pé. Mesmo com o Henrique ao colo - que já pesa 9 quilinhos de amor - fez-se bem. O lodo e as partes mais escuras da ria fazem alguma impressão mas também fez arte do momento.

Sinto que isto para mim é que é praia e descanso com o verdadeiro contacto com a natureza, sem ninguém a empatar a nossa vista e espaço. E ainda avistámos bolinhas num dos dias - acho que íamos tarde demais para apanhá-las mais vezes, mas elas andam por lá... Fiquei verdadeiramente feliz de ter descoberto este santuário para as nossas férias deste e dos próximos anos. Até fiquei com vontade de voltar no inverno para procurar uma casinha ali mesmo em Cacela Velha para arrendar no próximo verão.








quinta-feira, agosto 6

Passatempo BeBunXi - temos vencedora!

A coroa do passatempo que fizemos em parceria com a BeBunXi vai viajar até uma cabecinha amorosa nas Caldas da Rainha. Parabéns à grande vencedora - Catarina Correia! 


quarta-feira, agosto 5

Ferrugem e osso


Estávamos tão relaxados no dia antes de voltarmos aos nossos "trabalhos" (as aspas são para o meu), que conseguimos alugar este "Ferrugem e Osso" e nem sentir aquele aperto de domingo, acrescido de final de férias. Foi uma doce transição.

Este filme do Jacques Audiard, que já é de 2012, conta a história de um amor improvável entre um segurança, boxeur e pai muitas vezes ausente de um miúdo de 5 ou 6 anos com uma treinadora de orcas, meio perdida no seu vício da sedução, que fica sem pernas depois de um acidente de trabalho. Ela é protagonizada pela maravilhosa Marion Cotillard e ele é o giro do Matthias Schoenaerts, que eu desconhecia. A forma genialmente bem filmada e trabalhada por Audiard de mostrar a superação da depressão dela no pós-acidente e dele, enquanto pedra bruta que desconhece a verbalização de sentimentos, culminando numa história de amor, deixou-nos rendidos ao filme. Como pais uma das cenas finais, com a quase morte do rapaz dentro de um buraco no gelo, pôs-nos doentes. Fartei-me de me contorcer no sofá. A partir do momento em que se tem um filho as histórias tenebrosas de abusos, desaparecimentos, acidentes e afins tocam-nos mesmo de outra forma... Fora isso, recomendadíssimo.





segunda-feira, agosto 3

Dilemas de mãe #5

Porque é que quando já fizemos tudo o que devíamos, durante a sesta deles, e finalmente pensamos que vamos descansar uns minutos, eles decidem acordar? 

domingo, agosto 2

Nove


Meu Henrique, apesar de seres tão pequeno, todos os meses dás um pulo de gigante. E este foi sem dúvida um mês de muito movimento, às vezes acho que até podias gerar eletricidade cá para casa. Cada vez fico mais feliz de teres nascido em novembro e chegares agora ao verão já a gatinhar. Aconchego das mantinhas e colinho no tempo frio, e pernas ao léu a rebolar na relva e na areia da praia o calor. Assim foi este mês em que te lançaste a gatinhar para a frente e agora já não há quem te pare! Aliás, gatinhas com vontade de te pôr de pé, já te queres empoleirar no sofá, nas grades da cama, fartas-te de dar cabeçadas em tudo o que é sítio, até já caíste de uma cama abaixo. Não passou de um pequeno susto... Pensei que todas estas movimentações iam demorar um bocadinho mais, confesso, mas, se sempre tiveste uma curiosidade louca por tudo quanto conseguias ver, enquanto estavas só ao colo, agora então, a gatinhar por onde queres e te deixam, pareces querer abarcar o mundo inteiro... Tens uma curiosidade enorme pelas folhas, flores, passarinhos e também pelas tomadas de eletricidade e muitas outras coisa onde não podes mexer. És mesmo um rapaz muito dinâmico.

Este foi também o mês das primeiras férias a três e, além de teres adorado a relva e a areia, ao contrário da mãe com a tua idade, também te sentiste em casa com a piscina - o treino dos últimos meses valeu a pena! E, mesmo depois de alguma reticência com as ondas do mar, acabaste dentro de água a tomar banho com o pai em Cacela Velha. Ver-te nas pocinhas a chapinhar e brincar contigo com as forminhas foi das melhores atividades de férias que alguma vez tivemos. E ainda gostas mais dos duches em casa, já levas com belas chuveiradas na cabeça sem te queixares.

Já não dizes mamã, mas sei que vais voltar a dizer em breve e para compensar continuas a elevar os bracinhos na nossa direção quando te queres proteger do mundo. Às vezes parece que não és lá muito menino dos papás, gostas da tua autonomia e finges que não nos ligas nenhuma, mas depois lá cedes aos encantos de um colinho à vinda da praia e encostas-te no nosso peito, ou refilas quando não vou atrás no carro, obrigando-me a fazer quilómetros no banco da frente, virada para trás, a adormecer-te com a minha mãozinha na tua bochecha. Quer queiras, quer não levas com um pai e uma mãe do mais lamechas que há, sempre a esborrachar-te com beijinhos e abraços. Quando estás para aí virado dás umas gargalhadas contínuas que enchem o coração. 

Continuas a tua descoberta dos sons. Além de tocares na guitarra do pai, agora também te dedicas ao piano que os tios Bárbara e Nuno te ofereceram e gostas muito. [Se algum dia me esquecer de te contar, quero dizer-te que o pai antes de nasceres só pegava na guitarra quando estava mesmo feliz e relaxado, nunca gostou de ser jukebox, de tocar discos pedidos, nem mesmo a pedido da mãe, mas desde que tu cá estas ele toca muito e tu sabes o que isso quer dizer? Que ele está muito feliz, que tu o pões muito de bem com a vida. A tua relação com a música é por isso muito importante nos nossos dias. É por isso que gosto de te deixar escrito o quanto tu gostas de explorar os instrumentos musicais que te vão chegando, até aquela maraca com um tupperware e arroz que a mãe inventou. Se na adolescência fores metaleiro, a mamã depois reconsidera esta parte.]

Com tanto movimento e descoberta espacial, tem sido mais difícil ter-te sossegadinho para ler para ti, mas vou persistir. 

Continuas a dormir, a comer muito bem e com uma saúde de ferro. Em todos estes meses apenas uma alergia desconhecida e uma pequena constipação.

Somos uns pais babados e temos motivos para isso. Não nos cansamos de tanta felicidade.

sábado, agosto 1

O meu Reiki secreto

Não sou de excluir à partida ciências que desconheço mas, não sendo seguidora nem aprendiz de nenhuma, tenho apenas o coração e a cabeça abertos para aquilo que não me parecer que traga mal ao mundo ou que seja simplesmente uma burla. É por isso que secretamente, quando estou a adormecer o Henrique, tento com as minhas mãos passar-lhe boas energias, enquanto penso no quanto gosto dele e lhe quero bem. Chamem-me mística, crédula, o que seja, mas acreditem que, quando me concentro mesmo acredito, ele para de chorar mais depressa, que relaxa e adormece.